segunda-feira, 1 de julho de 2013

Os filhos da pauta

01/07/2013
Na vertente musical política, 90% da “música” propagada pelo País é obra de filhos da pauta que regressam ao coreto passado um curto período de nojo, para dar baile ao povo amnésico que quer a repetição dos concertos de triste memória para quem não sofre desta doença crónico-degenerativa.
Fui para longe da zona de conforto, por lá andei, voltei tal como fui, para encontrar o povo tal-qual o deixei. Quando fui, jazíamos aos pés da Virgem, agora que voltei, jazemos aos pés de Ronaldo e do Zé Castelo Branco.
Claramente mais futebolizados, num filosofismo capaz de traduzir “J’accuse” de Zola por Jacuzzi das muchachas de Berlusconi, preparativos por preservativos, estofado por estufado, capaz de vender a baca para comprar um arboredo na Serra da Peneda, e por-aí-fora, até dar à língua de Camões o destino da língua de vaca muito apreciada com ervilhas e arroz-carolino ao forno.
Em futebolês deitamos contas à vida. “O famigerado incendio devorou quarenta campos de futebol”. “O IRS aumentou dez estádios do Euro 2004”. “ Oxalá que a telenovela seja fixe e que o central da minha equipe tenha atitude”: “Que tenha atitude”! A desgraça do desemprego e roubalheira governamental são niquices de somenos importância. Ficamos contentes de ver o CR7 faturar 40 mil euros à jorna (8 mil contos dia). Curvamo-nos e ajoelhamos quando o nosso guia espiritual sobe ao púlpito para nos lembrar as boas práticas: “ajuda o teu próximo como a ti mesmo”, sem nos questionar qual a contribuição em IRS que paga o mensageiro de tão nobre lição de moral. Não investigamos nada, não fundamos nada, não criamos escolas nem hospitais, apenas permitimos que fechem os já criados. Servimos apenas de sustento das aparelhagens do poder, com sufocantes contribuições e levianos votos de alegrias sem trabalho.
Sofremos com a ausência dos filhos da pauta. Queremos ver o Guterres na presidência da Fundação Calouste Gulbenkian, o Barroso na presidência da República, o Vítor Constâncio (vitinho) na presidência de uma qualquer fundação talhada à altura do valioso contributo que deu para delapidação do BPN. “O bom filho à casa do pai voltara”. O último filho da pauta, já voltou embebecido nos requintados perfumes Parisienses, para nos ambientar o pestilento cheiro de destruição que deixou no país.
Somos gente de brandos costumes, obedientes e bem comportada. ”Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra, e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica”, nem a reforma, nem o salario, nem o emprego nem a tua felicidade. Mesmo se vives na miséria, foge da companhia de quem prefere morrer de pé para defender o que é seu, que não dá a outra face, e cumpre religiosamente pecadora regra. ”Olho por olho, dente por dente”.
Se já perdeste a face oferece também “les fesses”, para esquecer que o filho da pauta antes de refugiar-se na Cidade-luz, prometeu 150 mil empregos e deixou o pior desemprego dos últimos 80 anos com mais de 700 mil desempregados, que fechou milhares de escolas, maternidades e centros de Saúde, que deixou o País no pior crescimento económico dos últimos 90 anos com a pior divida publica dos últimos 160 e a pior divida externa dos últimos 120, que em 6 anos aumentou a divida de 80 para 160 mil milhões de euros, que provocou a pior vaga de emigração desde o seculo XIX,  que aumentou o IVA dos pobres para 23% e que baixou o IVA dos ricos (do golfe) para 6%.
Sem face, sem túnica e sem dignidade, facilmente esquecerás que viste o filho da pauta regressar ao volante de um modesto automóvel alugado, para não dar nas vistas com o mercedes S 550 CDI, de 95 mil euros (19 mil contos) que comprou passados dois meses depois de sair do governo sem precisar do empréstimo que fez na CGD para “estudar” em Paris, onde mora modestamente no modesto bairro 16, com rendas de habitação que andam nos 7 mil euros mensais.
Perdoa, não sofras mais, esquece que o “artista” também foi Secretario de Estado e Ministro do Ambiente, responsável pelo lançamento do projeto do aterro da Cova da Beira, onde foi investigado por suspeitas de favorecimento ao seu antigo professor António Morais, (o tal) que mais tarde lhe ofereceu as notas ao domingo para concluir a licenciatura de engenharia civil.
A raiva é má conselheira. Se persistires em recordar que na investigação ao licenciamento do Freeport, varias testemunhas alegaram em tribunal que o filho da pauta teria exigido 2,5 milhões de euros (500 mil contos) para viabilizar o empreendimento, e que nas escutas ao amigo Armando Vara foi apanhado com indícios de um plano de controlo da comunicação social onde um procurador tentou acusa-lo e o “outro” travou a investigação.
Sabes que a inveja matou Caim. Se já moras na prateleira dos desempregados, sem subsídio e sem futuro, não invejes o emprego do filho da pauta na Presidência do conselho consultivo para a América Latina, de uma Farmacêutica que no seu governo se fartou de faturar aos hospitais públicos por ajuste direto, que acabou por desajustar a tua carteira
“Quem for inocente que atire a primeira pedra”. Não vem mal ao mundo, se o filho da pauta tem um fraquinho por restaurantes de luxo e por vinhos a 200 euros-garrafa, por modestas mesadas de 15 mil euros, e por apartamentos em prédios de referência na capital, que até consegue comprar por metade do preço do vizinho do lado, no mesmo prédio e no mesmo local.
Com um currículo assim, qualquer galo de campo estaria fechado detrás da rede do galinheiro, em vez de andar empoleirado à solta a dar lições de moral.
Faz lembrar-me a anedota da mãe que mandou o puto à cozinha para trazer duas cervejas frescas: o puto abriu a porta e gritou, “Mãe há só uma”. Pois é: mãe há só uma, mas com a Ex Procuradora Adjunta o filho de pauta tinha mais mães que o puto cervejas na geladeira.
Assim se governou Portugal no passado, assim se governa no presente, e assim se governará no futuro com uma Troika de filhos da pauta que nunca fizeram nada na vida, a não ser de seguir a voz e o rasto do dono que a seu tempo se encargará de os guindar ao poder.
Não será demais recordar as recomendações de, “Thomas Jefferson”, de “Almeida Garrett”, e do “Ti-Quim”.
“Acredito que as instituições bancarias são mais perigosas para a nossa liberdade do que exércitos prontos para combater. Se o povo alguma vez permitir que bancos controlem a sua moeda, os bancos e todas as instituições em torno dos bancos despojarão o povo de toda a posse, primeiro pela inflação, depois pela recessão, até ao dia em que os seus filhos vão acordar sem casa e sem tecto”. (Jefferson)
“Reduzi tudo a cifras. Comprai, vendei, agiotai. No fim disto tudo o que lucrou a espécie humana? E eu pergunto aos economistas-políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à penúria absoluta, para produzir um rico”. (Garrett)
O Ti-Quim, meu ídolo, era analfabeto redondo, inteligente, homem de poderosíssimas convicções e senhor do seu nariz. Lembra-me de o ouvir dizer. “ Suportar governantes com menos de 50 anos e sem 20 anos de experiencia empresarial, é como mijar contra o vento. Pensam que sabem governar, mas depois na prática a teoria é outra” (Ti-Quim)
“Vós alfabetizados, sabeis ler para que possam dizer-vos quem deveis amar, a quem deveis obedecer, quem deveis odiar, e o que deveis pensar”. ( Ti-Quim)
O Ti-Quim viveu e morreu a justificar sempre aquilo que comeu. Se cá volta-se diria: “ Governantes que não encontram o túnel, não podem prometer ao povo que a travessia esta a chegar ao fim. Sem a luz do fim do túnel, vivereis na escuridão porque sois uma cambada de nabos manipulada por uma cambada de filhos da p.…”.

terça-feira, 30 de abril de 2013

E Deus fica calado

01/05/2013
Batismo aos vinte dias, primeira comunhão aos seis anos (sem saber ler nem escrever), comunhão solene aos oito, quarta classe aos 10, crisma aos 12, altura em que a avó foi pedir a bênção do Pastor para que o neto fosse admitido no rebanho e seguisse as suas pisadas. O Pastor recusou o pedido, destruindo assim o desejo da avó, por causa do comportamento do pai do neto, que era um apreciador assíduo do néctar das vinhas do Senhor, e (pecador) leitor reincidente do jornal (pouco recomendado) Republica, ao contrário do (recomendado) jornalzinho paroquial que o pai do neto usava para embrulho de sardinhas e demais necessidades quotidianas. Triste, desiludido, o neto questionou a avó: E Deus fica calado?
O tempo passou, o neto nunca entendeu o comportamento do Pastor. Se é normal os progenitores responderem pelos atos dos filhos menores, o contrario causa alguma estranheza. Terá o Pastor sido iluminado numa antevisão divina, e viu por antecipação que o puto dificilmente iria passar a vida a jejuar do fruto proibido, e que seria um sério candidato à expulsão do jardim do Éden!
A ser verdade que Deus nos criou á sua imagem e semelhança, o neto não contesta a bondade de tão nobre iniciativa, e até compreende que no meio de uma absoluta solidão, sem corte celestial, sem ministros e conselheiros para conferenciar e tirar duvidas, e depois de uma semana tão cansativa para criar a Luz, o Céu, a Terra, o Sol, Peixinhos e Passarinhos, só ao sexto dia antes do merecido descanso semanal, é que lhe foi possível tratar da criação de criaturas com este triste resultado. Desde então, sempre em constante degradação até aos nossos dias, a começar pela primeira parelha, que foi expulsa do jardim do Éden por comportamento indecente. Indecente continuou o comportamento do primogénito Caim que não encontrou melhor passatempo senão o de matar o irmão Abel.
Depois foi aquilo que se viu. As bebedeiras de Noé, das quais até hoje nada se sabe se eram de tinto ou branco, para não falar das maldades que o filho lhe fez quando o encontrou embriagado na tenda, em pelota tal como o Pai o mandou ao mundo. Seguiu-se o comportamento desviante de Abraão com a criada Hagar, (cujos usos e costumes preservamos religiosamente ate aos nossos dias) e os parricídios atos de sacrificar o filho Isaque, não fosse o Anjo a salvar-lhe a vida e ordenar que em vez do filho sacrificasse uma ovelha (inocente) que por ali andava perdida. Porem, ninguém pode culpar o Criador de não tentar ajudar-nos. Era vê-lo jovem, todo-poderoso com Moisés a separar as águas do mar vermelho, a abrir-nos caminho para fugir do inimigo. Depois de salvos, a ordenar que as águas se juntassem e engolissem os perseguidores. Pobres e mal-agradecidos, aproveitamos a ida de Moisés ao monte Sinai conferenciar com o Pai, para iniciarmos nova conspiração e a pouca vergonha de adorar a imagem de um Touro em detrimento do Criador, que provocou a cólera de Moisés ao partir as tábuas das Leis, antes de serem promulgadas. Passados mil e quinhentos anos, Deus ainda tentou delegar poderes no filho para nos salvar. Recebeu em recompensa o filho pregado na cruz.
Não é de admirar que a idade e o nosso miserável comportamento, trazem Deus zangado e desiludido. Mas caramba, somos fruto da sua invenção, e não é justo abandonar-nos à deriva, a pagar o justo pelo pecador no meio desta ladroagem de carteiristas e vigaristas capazes de tudo, até de ensopar o pão e regar o bacalhau do Natal com o azeite roubado da lamparina do Senhor. Compreendo que (até) somos do piorio que se pôde inventar, e que no último século destruímos mais, de que nos restantes cinco mil milhões de anos do seu Reinado na Terra.
Que diabo, o neto não pede ao Criador para se manifestar com milagres como aqueles 35 à moda antiga do Novo Testamento, que agora tanto jeito davam. Tal como o de transformar água em vinho, (que anda pelas horas da morte), ou o de matar a fome a cinco mil famintos com 5 peixes e 2 pães, e ainda o de pescar 153 grades de peixe sem se molhar, ou de pescar peixes que já trazem moedas (convertidas) na boca, ou então já que ressuscitou Lazaro dava-nos um jeito do caraças se nos ressuscitasse meia dúzia de Salazares.
Nem sequer se atreve a criticar o Criador, por não ter afastado com um sopro o tsunami da Indonésia de 2004 que levou 300 mil inocentes, ou por não ter colocado o dedo encima das placas sísmicas do terramoto do (pobre) Haiti que levou mais 100 mil, e ainda por não ter desviado os aviões das torres gémeas que lhe roubaram mais 30 mil filhos. Se a idade já não lhe permite grandes Milagres, deveria então manifestar-se com um daqueles mais mediáticos que costumam estar na área de intervenção das “Senhoras” de Fátima e Lurdes. Como por exemplo, o Milagre de desviar os donativos universais do Óbolo de são Pedro, e entrega-lo aos irmãos do Zimbabué que sobrevivem com menos 0,50 cêntimos por dia, para liberta-los das labaredas Infernais onde estão a penar alguns dos 40 anos de esperança de vida, para que tenham uma vaga ideia das regalias Celestiais que levam os 921 irmãos de Francisco que vivem no Vaticano em representação do Criador.
Agora que a avó do neto faz parte do Além, poderá o Altíssimo confirmar a veracidade das suas afirmações, quando ela dizia que Deus está em toda a parte, e sabe tudo o que se passa. Se assim é, devera certamente o Criador ter alguma opinião do mundo que criou, mesmo se ainda não se dignou prenunciar-se. Pois algo terá a ver com aquecimento global, e com as revoluções do Norte de África, mesmo se acontecem em território da jurisdição Islâmica em que ditaduras matavam o povo, agora substituídas por tiranias religiosas que já entram a matar, legitimadas democraticamente pelos carrascos da democracia, que nos permitirão de julgar as futuras atrocidades com outra benevolência, na paz do Senhor.
Os sinais que chegam à terra são pouco animadores. Parecem querer dizer-nos que o nosso Deus é de uma direita fora de uso e em vias de extinção, que deixa privatizar tudo que lhe passa pela frente, para colocar os bens nas mãos dos mais poderosos, e coabita linda e Divinamente no meio deles, cada vez mais ricos a quem tudo sobra, e cada vez mais pobres a morrer de fome, e continuamos sem notícias do Criador sobre as calamidades, atrocidades e injustiças quotidianas no Mundo que criou.
Por cá, vemos os Ministros aumentar os salários deles e a diminuir os nossos, vemos o da Solidariedade que depressa encostou a scooter de transporte pobre, para ir visitar os pobres aos Bancos Alimentares Contra a Fome em transporte de rico, que também faz parte de um Governo que se governa a si próprio, assim que à sua família e mais um círculo restrito de amigos, com Ministros a expulsar o povo que deveria proteger, e com o Primeiro-ministro a passar as guias de marcha aos excluídos da mesa do orçamento, apontando o caminho onde os reformados e doentes podem ir morrer, tal como os militares que já sabemos que será na Síria, os professores no Brasil e Angola, descalços, de caixote à cabeça a distribuir as encomendas. Os restantes, tem a alternativa de reviver os velhos tempos, exilar-se e voltar a ocupar o Bidonville de Champigny em Paris, para mostrar a nossa veia aventureira, hasteando a bandeira nacional no acampamento à conquista da cidade como nos anos 60, a qual só arreou com a intervenção dos C R S e policia antimotim, a arrear forte e feio nos emigrantes, que depois de terem fugido à fome de pão, (como hoje) começaram a comer cacetada à grande e à Francesa.
Dito isto: o neto da sogra do descendente das bebedeiras de Noé e seu patrono Stº Onofre, não se põe a questão de saber se o homem é uma invenção de Deus, ou se Deus é uma invenção do homem. O mais certo é que o Criador falhou o seu projeto, e criou Monstros que não consegue controlar. “Pai do Céu, porque nos abandonas-te”?

sexta-feira, 1 de março de 2013

Portugal à venda

02/03/2013
Em tempo de paz, “neste País ocupado em estado de guerra”, desobedeci ao recolher obrigatório, três dias antes de o mundo acabar segundo o Calendário Maia. Antes de passar para o “lado-de-lá”, passei para o lado da Galiza visitar a taberna do Ti-Manolo. Perguntei-lhe o que estava a fazer: respondeu, “não faço nada”. Sentei-me ao seu lado para dar-lhe uma ajuda, mas não consegui concretizar o último desejo, de comer uma fatia de tortilha seguida de uma tapinha de calhos, a fim de ganhar forças para a viagem do juízo final. O meu fim do Mundo quase foi antecipado para o dia 18, com a tortilha trancada na garganta, quando li no jornal Espanhol “El País”, (em relação ao lado-de-cá), “O governo põe Portugal à venda”.
Regressei ao País em cacos e à deriva, para despedir-me dos amigos no caso de a viagem para o além se processar em grupos separados. Na manhã seguinte ao fim do mundo, acordei a pensar que tinha morrido. O calendário Maia já tinha voltado á estaca zero, eu continuava a salivar com a fatia de tortilha que vinha mesmo a calhar, para me fortalecer na caminhada com os Maias por mais 5.125 anos.
Ao espreguiçar, notei que estava vivo. Espreitei pela janela, o Mundo estava ali, “gente” curvada a passar na estrada, resignada, com aspeto de quem tinha sobrevivido a um cataclismo, ou perdido a guerra, agora humilhada a uma obediência canina, de quem recebe a côdea e abana o rabo em sinal de agradecimento.
Calcei as botas, fui ver o meu país ocupado pelo invasor. A destruição era arrasadora, o invasor passeava a seu-bel-prazer, perante a cobardia de “gente” curvada e resignada, na lama das trincheiras empurrada pelo inimigo.
Uma guerra fardada não seria mais devastadora. Os pontos estratégicos tinham sido tomados. Televisão, radio, jornais, rede elétrica, petrolíferas, Bancos, aeroportos, transportes aéreos, marítimos e terrestes, redes de comunicação, abastecimento de bens essenciais, salários e reformas. Até os novos submarinos do “C D S” estavam imobilizados sem gasóleo, á espera de barbatanas para poderem combater a nado.
Foi-se a soberania Nacional. O invasor sabia de antemão, que isto era uma terra de brandos costumes, sempre emaranhada em Troikas, desde a Troika dos F-F-F, até á Troika do FMI-BCE-CE. “Uma terra sem resistência, fértil em lambe-botas (machos e fêmeas), elas (traidoras) acompanhantes de luxo, a passear de minissaia e salto alto, encandeadas pelo brilho da carteira e das estrelas dos hotéis, ao serviço dos clientes. Eles, (traidores) acompanhantes de lixo, a servir de mesinha de cabeceira para pegar na “velinha” do todo-poderoso invasor.”
Deveriam os traidores da Pátria, saber o trato que a Resistência Francesa deu aos seus homólogos, quando foram invadidos pela mesma armada. Elas, marcadas com a cabeça rapada, obrigadas a desfilar pela rua em roupa interior, com uma corda atada á perna, e cuspidas pelos patriotas na sua passagem. Eles, com idêntico tratamento, no percurso até ao madeiro onde eram atados de mãos atras das costas, antes de serem entregues aos patriotas de serviço que lhe tratavam da tosse. Uma bala era o último desperdício com o traidor.
Também é verdade, que é um crime comparar um General-de-Quartel, com um Coelho de toca, que só tem algum interesse depois de esfolado, e cozinhado frito com batatas á murro.
Pobre País. Quem te viu e quem te vê. Faz lembrar-me a fábula que o Ti-Quim tantas vezes nos contava. “ Era uma vez um velho leão, doente e moribundo, recordava o seu tempo de jovem moço, em que havia sido o rei da selva. Apareceu um javali, e para vingar-se deu-lhe uma focinhada, veio o touro deu-lhe uma cornada, veio a abelha deu-lhe uma picada, seguiram outros animais até que chegou a vez do Burro que lhe deu um coice: o velho rei da selva doente não pode conter-se; Até agora sofri resignado: mas agora até tu miserável Burro me vens desfeitear:… isto é como morrer duas vezes!
Moralidade da história do Ti-Quim;.. Quando a desgraça cai no HOMEM, não faltam homenzinhos para ajustar contas: o HOMEM infeliz sofre resignado; Porém há Burros tão Burros que tornam impossível a resignação.
Até quando os moribundos vão resignar-se e aguentar coices de burros, ferrados à custa de quem lhe abastece a manjedoura? Até quando o manso rebanho aguentará os piropos do Gaspar, a quem o pior povo do mundo chama de Rei, e o melhor povo do mundo chama de gatuno? Elogiar a vítima, faz parte dos Manuais-de-etiqueta. Até o carrasco ostenta ar compungido para aliviar a repugnância do acto. 
Um País de terra fértil, mar generoso e céu azul, merecia ser governado por gente, e não por demónios que nos queimam nas labaredas do inferno. Quem não se lembra de alguns desses “beneméritos” como; Soares, Cavaco, Sampaio, Barroso, Sócrates, Guterres e Coelho? É que isto da bondade é hereditário. 38 Anos ao serviço do “Zé”, foram-se com reformas e mordomias, deixando o “Povinho” pendurado ao peito da “medalha de mérito”, com que as Agencias de Notação Financeira brindaram o País: “LIXO”
Por onde andou esta gente e a (sua) Constituição que tudo permitiu durante quatro décadas? Fazem lembrar-me o (fulano), pai do casal de desempregados no tempo das vacas-gordas, em que a oferta de emprego era de dois para cada um. Quando o filho foi preso por furto, e a filha ficou sem valor no “mercado”, o fulano atou as mãos à cabeça, arrependido por não ter perguntado a proveniência de tanta abundancia!
Qual o nosso futuro, se nunca questionamos o principio que nos ruina, mas tão-somente discutimos as modalidades da aplicação desse mesmo principio?
Se encolhemos os ombros, com o desperdício na formação de futuros emigrantes, em vez de criar empregos para os nossos desempregados?
Se somos indiferentes aos tachos dos Boys, com salários milionários, considerados especialistas aos 24 anos? Que especialidades são essas, a não ser a de mamar na teta e sujar a fralda?
Se ficamos chocadíssimos quando anunciam o despedimento de 50.000 funcionários públicos, e não levantamos um dedo pelos 1.500.000 de privados no desemprego?
Se assobiamos para o lado com as mudanças de governo, onde apenas mudam as moscas e a “Companheira-Das-Sucias” (CDS), sempre pronta para mais uma farra?
Se aceitamos um governo que alimenta as gorduras do estado e corta no músculo do povo para o impedir de trabalhar e produzir?
Se não percebemos que a luz que nos apontam ao fundo do túnel, é a luz do comboio que vem em sentido contrário, de regresso aos mercados depois de nos esmagar, e roubar o fruto do trabalho de tantas gerações?
Se depois de esfolados vivos ainda nos transformamos em bufos do fisco para denunciar o vizinho que não passa factura? Pela parte que me toca, se um dia ao sair de um bar-de-alterne, alguém (para ganhar a vida) for obrigado a perguntar-me se pedi factura, responderei em legitima defesa da honra com a resposta que o Ex-secretário de Estado deste governo Francisco José Viegas deu no seu blogue (A origem das Espécies): “ vá tomar no cu”. IVA incluído…
A continuar nesta vida, o nosso futuro, será certamente o de acreditar no Pai-Natal (de Lapónia), e no milagre da aparição do “Pai-de-Belém”, depois de este ser condecorado das “Boas” Acções $ do B P N, e da ordem protocolar do Bolo-Rei.  
Se os governos são o espelho do povo, estamos conversados. Que triste figura a nossa.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O funeral da classe média

            02/01/2013

            Com 96 anos, ainda não tinha perdido a esperança de ser assassinado por um marido ciumento, e afiançava (a pés juntos) que ainda “ia” quase todos os dias. Jurava que quase “ia” na segunda e na terça-feira, e por pouco quase tinha “ido” na quarta, sem nunca desistir de tentar “ir”. Teimosias do passado, agora diluídas no conformismo das pantufas, para ir ver banalidades na televisão, que mobilam o tempo de antena nos intervalos das novelas e da casa dos (S) Degredos.
Num desses tempos-de-antena, debatia-se as declarações da Sª Isabel Jonet, que conheço de vista, pelo excelente trabalho que desempenha, benevolente há 30 anos, ao serviço do Banco Alimentar Contra a Fome, para socorrer mais de trezentos e setenta mil pobres desemparados.
Em breves declarações, a Sª recomendou a urgência de reconquistar valores perdidos, dando quatro como exemplo.
1º- No seu tempo de criança, foi ensinada a lavar os dentes com um copo, o que a sua filha agora faz com a torneira a correr.
2º- Os filhos (trintões) que vivem á custa dos pais, tem de optar por ir ao concerto de Rock, ou poupar o dinheiro para uma radiografia que venha a ser necessária fazer.
3º- Se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não os podemos comer.
4º- As pessoas com mais de 45 anos, só voltarão a ter emprego se criarem o seu próprio negócio.
Talvez por defeito (de fabrico) meu, ou por ter crescido com razoável dentição, mas sem bifes para a usar, com copo para a lavar, mas sem torneira com água a correr, aplaudi, achei que a Sª “falou como Deus”, e que as suas sábias recomendações, eram os primeiros passos para fugir da pobreza.
Passados escassos minutos, “terminava a paz no canil, com os fiéis amigos em matilha”, a zurzir a torto-e-a-direito na Sª, acusando-a de incentivar os pobres a habituar-se a ser pobres.
O debate, apoiado em reportagem televisiva num salão de cabeleireira, a entrevistar uma “pobre”, com capacete de astronauta na cabeça, mão estendida com a palma virada para baixo, enquanto a manicura lhe tratava e pintava as unhas. Com voz de “remediada”, berrava desalmadamente, que o País era uma merda, os subsídios eram cada vez mais escassos, já nem davam para manter o corte de cabelo do filho, com o visual dos “Morangos com açúcar”.
Os governantes que só pensam em manter o lugar, em beneficiar as “vacas leiteiras” financiadoras dos partidos, e em dar jobs-aos-Boys de serviço: deveriam ouvir atentamente as recomendações da Sª, que aconselha ao fecho da torneira, para pagar as águas corridas, os concertos vividos, os bifes comidos, alterar a ementa para ovos estrelados, e transformar os concertos de guitarras e violas, em consertos de solas dos sapatos esburacados.
Os políticos não largam mão dos pobres. Fazem lembrar-me a tia-avó, que ganhou notoriedade, a auxiliar (não os “pobres” parasitas que o governo inventou, mas sim) os pobres desgraçados que o destino condenou. Descalços, unhas aparadas com tesoura de podar, calças rotas, casula de cardeal confecionada com sacos de lona, que servia (au mesmo tempo) de camisa e mochila para guardarem as esmolas, cabelo e barba comprida, recheados de pulgas e piolhos, com um toquezinho (á chefe) de carrapatos agrafados nas joias-de-família.
Quando se perguntava ao Sr. Pobre barbudo, onde metia a barba para ter tantas pulgas, respondia que vinham da zona púbica da sua Pobre companheira. Adiante! O Sr. Pobre barbudo, “vendia” boa disposição. Quando a tia-avó, lhe deu a esmola de dois tostões, e lhe recomendou para não gastar o dinheiro em tabaco, respondeu; “ fique descansada minha senhora, vou comprar um barco de recreio”.
Uma vez, apareceram dois pobres, a quem a tia-avó, fez o questionário de sempre a pobres desconhecidos. Perguntou ao primeiro, se gostava de fumar, de beber, de comer bem, e levantar tarde. O Pobre respondeu positivamente a todas as perguntas, e recebeu a esmola de 5 tostões. Fez as mesmas perguntas ao seu companheiro. Este apressou-se a responder que, nem era bêbado, nem fumador, nem comilão, nem calaceiro, e recebeu a esmola de 2 tostões. Furioso por ser um Pobre exemplar, e receber a esmola mais pequena, teve a resposta da tia-avó: “ és um pobre exemplar, mas não tens as necessidades do teu companheiro”.
Os Pobres que por ali passavam, pernoitavam sempre no palheiro da tia-avó. Um dia, quando ia à catequese (a fim de angariar indulgencias para o meu futuro celestial), dei de caras com um funeral, seguido da sombra escura da mulher a carpir, que chorava pelo destino agreste que esperava o defunto na tumba. “A casa onde não se come nem bebe, não há cama e a noite é fria”. Desatei a correr, avisar o Sr. Pobre barbudo, para fechar a porta do palheiro, não viesse o defunto disputar o nada aos mortos de tudo que ali pernoitavam.
O tempo passou, o palheiro acabou, os pobres continuam a suportar os carrapatos, e também a praga de outra classe de ”pobres” parasitas (piores que a peste negra) que estão a definhar o País.
Os ricos trancaram as portas e continuam a andar de Ferrari. Nós, confiamos a tranca da porta aos caciques, (que nos põe a pedir) para alimentarem os “pobres” parasitas que o governo inventou, á custa dos remediados que ficam cada vez mais pobres, e á custa da sobrevivência dos verdadeiros pobres desgraçados que o destino condenou, que ficam cada vez mais miseráveis.
Por maior insistência do meu amigo, não consegui ver o casal de “Pobres” (que o governo inventou), que no café terminava de lanchar, antes de ir recolher os filhos á escola. Opobre”, disfarçado ao volante do carro, detrás de óculos de sol. A “pobre”, (sem capacete) mas com bota preta de cano alto, calça e camisa apertada com decote generoso, cabelo colorido de roxo, e unhas pintadas a condizer com o tom da maquilhagem. Eram tão miseráveis os “Pobres” do meu amigo, que nem conseguiam poupar 50 cêntimos, nas centenas de euros da decoração visual, para comprar massa-cotovelo, e matar a fome dos filhos, que tem na escola a única refeição do dia.
Também é verdade, que a esmola da Tia-avó (Estado), não chega para comprar um barco de recreio. Mas vai chegando para manter o carro, renda da casa, luz e água, para lanchar no café antes de recolher os filhos na escola, e em casos de miséria descarada, até dá para acompanhar os concertos de “Toni Carreira”.
A ruina do pobre, é quando deixa de ser discreto, e a abundancia o transforma no carrasco do remediado e na desgraça do pobre necessitado.
Finalmente, os Pobres do meu amigo são ainda mais parasitas que os carrapatos dos meus. Se voltasse à catequese, voltaria a correr avisar os Pobres para fecharem a porta, que vem a caminho a sombra escura da mulher a carpir, a chorar no funeral da (defunto) classe-media, para disputar-lhes o lugar no palheiro. “ A casa onde não se come nem bebe, não há cama e a noite é fria”. É a vida: Se na democracia da vegetação as ortigas votassem, seria o funeral dos lírios do meu jardim.                           

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ladrões de caneta em punho

16/11/2012
Mais do que as palavras, as recordações são como as cerejas: atrás de umas vêm as outras, em cadeia infinita de lembranças, que só acabam quando a gente detentora de memória fica submetida ao silêncio do esquecimento. Recordo-me dos tempos vividos na cidade luz de Paris, e do simpático jovem casal de assaltantes do filme «Bonnie & Clyde», um verdadeiro terror para os bancos, que naquele tempo assaltavam de metralhadora em punho.
Os jovens, logo adotaram a célebre frase do filme mais pronunciada no Mundo, quando uma pacata senhora perguntou ao jovem casal desconhecido: “que fazem na vida?” “Somos ladrões de bancos”!
 Enquanto o filme fazia furor no cinema, nós vivíamos na rua, no meio de outros assaltantes de carne-e-osso, não menos mediáticos, como o Albert Spaggiari, que no fim-de-semana prolongado de 17 de julho de 76, com os bancos encerrados, teve necessidade de levantar uns trocos, decidiu entrar no banco pelas galerias dos esgotos, acompanhado de amigos que, desde 7 de Maio tinham perfurado um túnel de 8 metros, com acesso á sala dos cofres, para faturar os serviços da empreitada que, na altura custou à “Société Générale” 50 milhões de francos, e o arrombamento de 371 cofres, sobrando tempo para fazer um piquenique com paté e vinho, e para deixar escrito na parede, a mensagem que mais tarde deu origem ao filme, «sem armas, sem odio nem violência».
O mais mediático de todos, de quem se sentia a presença a qualquer momento, era o Jaques Mesrine, que na sexta-feira 2 de Novembro de 79 às 15h15, (cinco minutos depois de eu ter passado no local), o autorradio noticiava que tinha caído numa emboscada nas portas de Clignancourt, (Paris) denunciado pelo jornalista Tiller, onde foi abatido pela polícia, que o esperava dissimulada detrás do toldo de um camião ali estacionado. Regressei ao local, e vi que no BMW 528i verde metalizado de matrícula 83CSG75 estava o Mesrine e a namorada, ele morto com 18 balas, ela ferida num olho. Mais tarde deu origem aos filmes, «Caça ao homem» e «Inspector la Bavure»
     Terminava assim, a era dos ladrões, “com eles no sítio”, que até pareciam gente honesta comparados com esta escumalha, rebotalho de escroques badalhocos, “sem nada no sítio”, cobardes, nojentos sem, honra e sem metralhadora, mas de caneta em punho a roubar quem lhes confiou a chave da casa.
Agora que a nossa democracia se transformou numa “mafiocracia”,os badalhocos já atuam de cara destapada, sem receio de ser abatidos ou presos, porque sabem que as suas martirizadas vítimas, estão proibidas de matar, prender, julgar, e mesmo de se queixar.
 Para melhor entender a podridão do sistema, imaginemos um país como o nosso, onde não é possível viver com tanta gatunagem, organizada por tríades de “Fantoches, Quadrilhas e Troikas” com tarefas pré-definidas. Nós, os Fantoches, atuamos na fantochada de legitimar Governos visíveis da causa pública, nomeados por Governos invisíveis da coisa privada. A quadrilha, é formada pelos donos do capital, que utilizam os seus legisladores espalhados pelos grandes escritórios de advogados, pelo Parlamento, e pelo Governo, este transformado num pau-mandado para executar o caderno de encargos que lhe foi programado. Porém nada seria possível sem a intervenção da “Troika” partidária, “PSD/CDS/PS” que atuam como verdadeiros atores no teatro eleitoral, para arrebanhar e desviar as atenções da manada e, mante-la distraída a discutir assuntos importantíssimos como o futebol, a Gabriela, o divorcio da Luciana, enquanto eles branqueiam “metais, capitais, jornais e telejornais”, e alisam o caminho do «Freeport, Submarinos, BPN/SLN», para que não tenham percalços na viagem até à prateleira do, “Fax de Macau, Bragaparques, Contentores de Alcântara, Banco Insular, Face Oculta, Apito Dourado, Operação Furacão, Portucale, Monte Branco, Expo, Ponte Vasco da Gama, e (PAF) Por-Aí-Fora. 
A “Troika” estrangeira, que ao contrario do Spaggiari, prefere entrar pela passadeira vermelha diplomática, a tranquilizar-nos que isto não é um assalto, mas sim um pacote, um ajuste, uma ajuda, ou um resgate, e sem armas, sem odio e sem violência, leva subsídios, salários, a EDP, ANA,TAP, Águas de Portugal, RTP, enquanto nós os “fantoches”, continuamos a pendurar nas galerias do sistema, os bailarinos de turno para a dança das cadeiras do vaivém, entre o Estado e as Empresas, que os acolhem com fervoroso reconhecimento. Um jornal, localizou 40 (dançantes) ex-ministros e ex-secretários de estado com notável jogo de anca de verdadeiros reis da pista. Só a Caixa tinha acolhido 23 ex-governantes. É sabido que as grandes empresas como Lusoponte, a Mota-Engil, a Iberdrola, e a EDP têm o faro apurado para descobrir grandes valores que a nós nos tinham passado despercebidos, tal como os ex-ministros das obras públicas, Ferreira do Amaral, Jorge Coelho, e das Finanças, Pina Moura, Catroga, verdadeiros artistas, como tantos outros bailarinos de serviço, agora a exibir o jogo de anca nas pistas da, Melo / Quimigal / Cimpor / Camargo / Endesa / Portgás / Galp / Sonae / Brisa / Eface / Sapec / BCP / BPN / BPP / BES / ANA / TAP / CTT / PT / Ongoing / Santander / Banif / BIC / CGD / BP / CMVM: e fundações (Gulbenkian / CCB / Arpad Szenes-VS / Serralves / Casa da Musica / Oriente / Luso-americana / Champalimaud / MS-JM), “Misericórdias & Santanas”. E, eu a pensar que esta gente até de graça ficava cara.
Os motores de busca de cabeças políticas coroadas com assento no “governo visível” da confiança do “governo invisível”, levar-nos-ia por tortuosos corredores. Ainda á dias, o “governo visível” encomendou à consultora “Ernest & Young”, uma auditoria a “36 Parcerias-Publico-Privadas e 24 conceções”, esquecendo-se que a consultora, também trabalha para os grupos interessados no assunto.
O caso BPN, mostrou claramente, que os grandes assaltos já não se fazem de metralhadora em punho. Só agora começo a perceber o que queria dizer o refugiado Guterres, “isto é um pântano”, o fugitivo Barroso, “isto está de tanga”, o empresário Henrique Neto, ”isto está entregue à mafia”, e o desabafo do Juiz jubilado do Tribunal de Contas Carlos Moreno, “As Parcerias-Publico-Privadas são chocantes”, e ainda o repúdio do professor do IST José Manuel Viegas, “os contratos das Parcerias-Publico-Privadas foram um arranjinho”. Mas nada disto faz demover a Procuradora-adjunta Cândida de Almeida que afirma: “Portugal não é um País corrupto”.
Restam-nos então, duas alternativas: de preferência morrer com “eles” no sítio, não passar fome, não perder a dignidade, e não permitir ser humilhado por meia dúzia de frutas podres, germinadas na pantanosa sementeira dos “Jotinhas” que, em vez de entrar na vida ativa pela porta empresarial, preferem entrar pela porta dos tachos, da farra e do arraial, com objetivo de alcançar o lugar no pódio dos caciques, para passar o resto da vida pendurado no erário público, a cacicar a Distrital, a Concelhia, a Local, e a envergonhar a Pátria, como míseros coveiros que vão a enterrar Portugal.
“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. A roda da vida, voltara a marcar a hora da metralhadora em punho, para resgatar as pessoas e os bens que lhe foram roubados. A pacata senhora voltará a perguntar: “que fazem na vida?” “Somos ladrões de bancos”!                                                    
Américo Pinto.                                   

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

«Tempos Modernos»

17/08/2012
A escola da vida e o pão que o diabo amassou, sempre me sussurram ao ouvido, que um dia seria figurante neste filme da vida real, inspirado em «Tempos Modernos» de Charles Chaplin. O primeiro que vi projetado na pantalha do cinema, do qual guardei religiosamente na memória, uma das mais expressivas criticas que o cinema promoveu contra uma sociedade de consumo, completamente desregulada, tal como a que hoje vivemos.
Nunca outra obra de arte, conseguiu expressar melhor o sentimento de impotência que sentimos, diante de mecanismos como naquela cena em que o protagonista foi literalmente engolido pela máquina. O tempo passou, a memória ficou marcada para sempre, com o homem moderno a ser absorvido por completo de forma paralisante, pelas engrenagens das máquinas do sistema.
O baú das memórias, liga «Tempos Modernos» de outrora, aos tempos que vivemos agora, com semelhanças que não podem ser de pura coincidência.
No início mostra ao fundo na parede, um enorme relógio, a anunciar que “ Tempo é dinheiro”, como principal lema do capitalismo. A seguir vemos em duas imagens simultâneas, de um lado uma manada de ovelhas a correr para o matadouro, e do outro um amontoado de gente desesperada a correr para a fábrica.
O filme descrevia uma sociedade industrial caracterizada na produção, e na perseguição aos operários pelas suas ideias subversivas, que denunciavam as desigualdades e a exploração dos pobres, para alimentar o conforto e o vício dos ricos. Também mostrava a vida urbana nos Estados Unidos dos anos 30, em que a depressão atingiu toda a sociedade, que levou a maior parte ao desemprego e à fome, e que em apenas três anos a produção reduziu para metade, com a falência da maioria dos estabelecimentos e mais de 10 mil bancos. Não havia dinheiro para comprar os alimentos que eram ao mesmo tempo destruídos, enquanto as pessoas passavam fome. O País contava mais de 17 milhões de desempregados. O governo resgatava os bancos, e nada fazia para resgatar os pobres da miséria, que batizaram o governo de “ Governo da Fome”.
O ponto crucial desta obra-prima, tinha os mesmos tiques que agora vivemos. Um consumo desenfreado, e a expectativa de que poderíamos possuir o maior número de géneros, como aconteceu ao protagonista e á sua namorada quando entraram pela primeira vez numa loja de brinquedos da infância feliz que não tiveram, outra de roupas e móveis que como adultos nunca terão condições de possuir. Ao casal pobre resta-lhe tal como hoje, o direito de sonhar.
É claro que há 80 anos, o “Tio-Sam” não usufruía dos privilégios com que a natureza brindou a nossa Lusitana, nem dos políticos de primeiríssima água que nos governam, e ainda da bênção Divina de D. Januário, o Bispo de cabelos pretos, sem medo do pecado da vaidade nem das tintas da “L’Oréal”, que agora liberto das “Socráticas cataratas”, até já viu a corrupção no governo nacional, com fé de um dia ver também a tranca no seu olho e a corrupção no governo do Vaticano, deixando nas mãos do Criador a conversão dos nossos sacrifícios “Troikanos”, em indulgências abonatórias para uma entrada em apoteose no Paraíso.
Nós pobres pecadores, não damos valor aos sacrifícios que esses bem-aventurados fazem por nós. Nem sabemos agradecer o solzinho e o arzinho que respiramos de borla, que nos traz tão contentes com a vida. Somos pobres e mal-agradecidos. É velos a trabalhar arduamente, e nós a protestar. Não nos passa pela cabeça, o horror que um ministro do povo e do santo evangelho, sofre em silêncio sem qualquer recompensa. Os exemplos são por demais evidentes. Vejamos ao desprezo que foram rejeitados o ministro (sombra) Mexias, o Catroga, o Jorge Coelho, o Ferreira do amaral, o Dias Loureiro, o Pina Moura, os Penedos pai e filho, e o (espirito) santo pregoeiro da moralidade Mário Soares, (coitadinho) a viver das miseras reformas, acrescidas de 330 mil euros ano pelos serviços prestados ao País, e pelas homilias que nos derretem o coração, de vê-lo sofrer sentado ao lado dos desgraçados na sopa dos pobres. Coitadinhos, todos estão a bater á porta da miséria, incluindo aquela cambada que gravita á sua volta, generosa que mesmo sem serem secretários de estado ou ministros, dão o litro (como a amarela) pelo país, e só por vergonha não estendem a mão á caridade. Vejamos o exemplo do sacrificado Vale e Azevedo, o Carlos Cruz, o Relvas que em breve receberá o título honorífico de “Honoris causa”, o Cavaco e o (rei) Gaspar, que nos brindam sempre que podem com sacrifícios purificadores a suportar carradas de, “Institutos e Fundações, de vigaristas e ladrões”, para nos aproximar dos banquetes de bem-aventuranças da eternidade.
Se é verdade que temos o futuro garantido na eternidade, que importa que as empresas fechem, que os desempregados aumentem, que os impostos cresçam, que as casas e os carros sejam penhorados, que as reformas, os ordenados e subsídios sejam ridículos. Resta-nos o solzinho, o ar fresquinho e a sorte de tal como os camelos, passar pelo buraco da agulha para alcançar uma a eternidade feliz. E nós ingratas criaturas, ainda temos a lata de protestar por coisas insignificantes, como o desemprego, o preço do pão e do leite, a falta de carcanhol para pagar o médico e os medicamentos. Eu sei que por esse mundo fora ainda há gentinha mais ingrata do que nós, como os sem vergonha dos Islandeses que levam os sacrificados ao tribunal e ao calabouço. “Que ingratidão”.
Já iniciei a purificação da caminhada para o reino dos céus. Parece que já estou a ver da bancada como quem vê a final da taça no Jamor, Deus a chamar os bem-aventurados seguidores do evangelho, de bandeirinha na lapela e a carneirada no coração. “Ó Santana; anda cá, tu que foste um exímio namoradeiro na Terra, peço-te mais uns pozinhos de sacrifício para dar umas dicas ao Gaspar, ao Félix, ao Cavaco, ao Sampaio e ao Guterres, a fim de providenciar uma noitada de amor, à Ferreira Leite, Maria de Belém, Assunção Cristas, Elena Roseta, Paula Teixeira, para recompensa-las de tão descriminadas e desprezadas que foram na Terra”. “E tu Relvas, que és o mais reguila deles todos, trata de varrer com todas as estátuas que proliferam no País, ocupadas com personagens insignificantes, como o Marquês, o Afonso Henriques, Camões, D João I, Vasco da Gama, o Soldado desconhecido, para substitui-las por Armando Vara, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Dias Loureiro, incluindo o Vale e Azevedo no lugar do Pantera Negra na luz”. “Que o dia da liberdade seja o dia de Sócrates. “Não esqueças os Municípios, a começar por Monção, para substituir a estátua da Danaide pelos figurinos lá da terra, mesmo se arriscam de ver gaivotas e pombas (que não arrastam a asa) a voar para lhe cagar em cima”. “Palavra do Senhor”!
Enquanto se mobiliza a cristandade para a cruzada da conversão, demos graças ao Criador de nos possibilitar o pequeno-almoço a ver televisão, e deliciar-se com o leite das mamas (de três litros) das atrizes das telenovelas, e o jantar a saborear as suculentas beiças da Manuela, que parecem bifes do cachaço.
Caiu o pano em “Tempos Modernos”. “Modernos Tempos” seguem dentro de momentos para anunciar o F I M. E vós? Nobre povo, levantai-vos para aplaudi-los de pé.
Eu nunca mais me levantarei, mas continuarei tal como o poeta, a “Perguntar ao vento que passa / notícias do meu País / o vento cala a desgraça / O vento nada me diz”.
“Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não”.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os telhados do Zé.

  18/06/2012.
                Dia de folga doméstica, sexta-feira treze, dez da noite de inverno carrancudo, o Palácio de Cristal estava iluminado. Entrei, decorria um concerto com milhares de fãs a aplaudir o seu ídolo. Não era a minha música. Saí, rua acima, um frio de rachar, o som das guitarras atraiu-me para dentro da taberna onde se cantava o fado. Ao fundo, uma mesa de dimensões apostólicas, iluminada por dois castiçais, sentei-me na esquina do lado da parede de xisto. O estampado na toalha de linho cru, desaconselhava o consumo de copinhos de leite. Mandei vir uma canequinha de quartilho para aquecer o colete, e algo de consistente para lhe fazer companhia.
Estava-se bem. De súbito, abriram-se as portas, e com a aragem gélida da rua entraram mais doze, para completar a mesa dos treze. Enquanto a artista de serviço interpretava, “numa casa portuguesa com certeza”, já não faltava pão e vinho sobre a mesa do Senhor. Aqueles “discípulos” não me eram estranhos. No centro da mesa, “O Senhor” cumprimentou-me pelo nome, acrescentando que um dos seus maiores prazer, é quando o neto lhe entra pela porta dentro, e o jornal “A Terra Minhota” destaca uma cronica minha. Pequei ao desconfiar do elogio, só quando o “Messias“ pagou a conta da primeira “rodada”, percebi que o elogio era sincero, sem terceiras intenções. Pelos vistos, “apanharam o pião à unha” para sair do concerto e “abrir as ideias” com as “metade-caras”, enquanto as “caras-metade” abriam o coração ao seu ídolo. Depois de aviadas algumas canecas, o tema engrenou na política rafeira, cujo veneno da conversa era de muitos furos acima da estricnina.
É de todos conhecido que o Lusitano gosta muito de discutir, principalmente quando o tema é farfalhudo e polémico, como acontece com a política e o futebol, embora tudo na vida seja política, incluindo o futebol. A polémica começou a sério com o tema, de o colonizador ser agora colonizado pelos amigos Angolanos, com a jovem multimilionária “Isabel dos Santos” à cabeça, a fazer de governador Paulo Dias de Navais, a semear os milhões de papá, em bancos, na zon, telecomunicações, petróleo, energia e nos média, para além de os seus conterrâneos ocuparem 30% do mercado nas lojas de luxo da “Colonia Portugal ”, nos produtos do costume, tal como relógios de ouro, da Patek Philips e Rolex, pulseiras da Cristian Dior, roupas da Hermenegildo Zegna e ainda casacos de “pelica”, relegando os colonos para o seu “habitat natural” das lojinhas chinesas e para a feira da ladra.
Quando a noite já ia de barbas, a conversa deu á costa, e encalhou na Praça Deu-La-Deu em Monção, onde as más-línguas afirmam que o chafariz da Danaide foi desativado e transformado num bebedouro de apoio logístico au “novo estábulo”, para não salpicar as orelhas dos burros ao afocinhar na pia.  
“Bartolomeu”, no lado esquerdo da mesa, começou a tabular, que só o lendário Zé dos Telhados seria capaz de por mão nisto. Eu que estava no lugar de “Simão” a espernear como uma mosca caída num prato de caldo Knorr, a tentar fugir das fofoquices como o diabo foge da cruz, fui obrigado a puxar dos galões, e esclarecer que o Zé dos Telhados não foi uma lenda. Nasceu em Penafiel no ano de 1818, com o nome de José Teixeira da Silva, morreu em 1875, foi apanhado quando fugia para o Brasil, e ficou preso na Cadeia da Relação do Porto, com Camilo Castelo Branco, que o tornou famoso nas suas “Memorias do Cárcere”. Assim a talho de foice, o assunto ficou encerrado. Não sendo possível contar com o “Zé dos telhados”, começaram a contar os “telhados do Zé”, que dentro da Vila já ultrapassam as duas dúzias, alguns a funcionar como verdadeiros hibernáculos, com mais hibernantes de que visitantes, sem incluir as “tocas” que ramificam por todo o lado, onde “soi-disant” funcionam os serviços, com trezentos e tal funcionários, dos quais mais de metade são “cunhas” entretidas a cobrar receitas e a gasta-las em “salários-tacho” dos herdeiros do I M I, que nem com cinquenta novas reavaliações, consegue saciar-lhe o apetite.
O servente de mesa da “Primeira Ceia” desabafou, que enquanto o “soberano eleitorado da chupeta for treta, e maioritário a mamar na teta”, e não perceber que bater com a cabeça na parede dói, e que transformar burros de carga em cavalos de corrida é ainda mais doloroso, e que isto é meio caminho andado, para passar a vida a correr sem nunca ganhar uma corrida: tudo continuará assim, com o país a espelhar a nossa imagem, que precisa de urgentes retoques visuais para deixar de meter nojo por esse mundo fora. Concluiu que qualquer iniciado em administração, sabe que ao resolver o “cancro” das cunhas, resolve também o dos contratados, que vem fazer o trabalho dos vinculados que não “mexem palha”, e assim aliviar a carga da despesa em dois terços, e o cabedal do contribuinte em metade dos impostos, para poder beneficiar da qualidade de vida que merece. Depois do mês de Maria, agora o mês do Corpo de Deus e dos Santos Populares, rezemos pela alma do trio “da treta, teta, e da chupeta, para deixarem a (nossa) Terra em paz, “porque deles os Bem-aventurados pobres de Espirito será o Reino dos Céus”.
“Tadeu”, entre “Simão e Mateus”, estranhava o silêncio das oposições, a quem “Tomé” respondeu, que aquilo é tudo amor à primeira vista e farinha do mesmo saco, ao ponto de alguns, já participarem no tiro-ao-prato (de faca e garfo) nos jantares oficiais da Autarquia (e da nossa carteira), na qualidade de futuros representantes Municipais, para se familiarizarem com um tacho bem rapado e mal lavado, que continuarão a rapar depois dos próximos atos eleitorais. “ Fracas oposições, nunca serão fortes governações”.
“André”, argumentava com “Tiago”, que a Vila de Monção terá sido vítima de uma praga, ou de uma estratégia consertada para destruir os pequenos comerciantes. Com o desenrolar do tempo, fica claro que o primeiro assalto ao comércio tradicional, aconteceu com a autorização da implantação das grandes superfícies, num Concelho com população inferior a muitas freguesias do país. O segundo, terá sido ao decretar o estacionamento pago dentro da Vila, para “obrigar” os clientes a estacionar nos parques gratuitos dessas grandes superfícies. Seguindo-se a proibição da exposição dos produtos no exterior das lojas, onde nem o discreto fio dental, pode arejar no estendal, para libertar os passeios aos negócios escuros feitos às claras, enquanto os comerciantes trabalham na escuridão. Foi um terramoto que fustigou os comerciantes, com réplicas sucessivas de campanhas com descontos a 50% e 75% no início de cada mês, para enterrar os mais resistentes, e deixar o freguês à mercê das grandes superfícies, que depois de destruída a concorrência, irá pagar o “santo e a esmola envenenada”. Resta agora ao “Zé-povinho”, aplaudir o “povinho do Zé”, pela “cegueira ou pela rasteira” de terem secado a maior fonte de receitas que jorrava e refrescava a economia do nosso Concelho. Isto leva-nos a pecar, e ter maus pensamentos. Quem beneficiou com toda esta estratégia? “Muitas vezes o que parece é! “Quando as folhas mexem é porque o vento-lhe-dá! F..a-se!Por quem Deus nos manda avisar”! 
Eram indisfarçáveis as saudades do tempo em que, na partida ou no regresso do estrangeiro, não era possível seguir viagem, sem religiosamente fazer uma romaria pela Vila, para matar saudades e para purificar a alma, com a beleza do colorido dos produtos expostos na fachada das lojas, que pareciam de mãos dadas unidas numa só, com a viva atividade dos restaurantes e tabernas, o carismático vendedor de cautelas, as peixeiras de rua transformadas em banqueiras para compor o fraco dia de negócio, a indispensável fonte de informações do barbeiro, o velhinho e falecido cinema privado agora ressuscitado e reencarnado em elefante publico, o comboio, o aroma dos bolinhos de bacalhau, e o engraxador. Todos trabalhavam honestamente, ninguém vivia pendurado na desgraça alheia.
De uma Vila de excelência, resta agora uma Vila desmantelada, feia, em constante degradação, sem identidade, vítima de políticas erradas, e de políticos sem vida nem passado, acomodados no presente, sem estratégia, cuja visão de futuro não vai além da ponta do nariz, e dos serões, dos magustos e das excursões, e talvez, “das nomeações de dirigentes para continuar a falir as mais nobres instituições”, desta martirizada Vila fantasma, transformada num cemitério de “vampiros” sem profissão, que continuam a sugar e vampirizar a desgraçada população.
“Judas Iscariotes” que passou a noite a “engarrafar” e a fazer contas. Com sotaque abrasileirado, falou que os “caras” cá do Burgo, tem orçamentos anuais que rondam os trinta milhões de euros. Em catorze anos de “desfile”, terão despachado mais de “quatrocentos e vinte” (deles), que davam para construir uma Vila de raiz, incluindo umas muralhas novas encima das velhas. Tendo em conta que tudo está a cair de podre, e que no exterior das muralhas, são as “ vacas leiteiras” dos “pobres” construtores que constroem os lugares de estacionamento, vias de comunicação, passeios, abastecimento de água, iluminação pública, saneamento e rotundas; tudo leva a crer que a pipa da massa tem as aduelas rotas, ou esta malta se transformou numa trituradora da “grana” pública. Terminou a declamar “João Verde”, sempre atual: “Os campos! Vêde p´r´ahi / que grande desolação! / Ai de nós, quando é que eu vi / lar sem lume, eira sem pão” ----- “Ninguém de fúnebre estancia / Oh ninguém vos ouvirá / nem os velhos nem a infância / tudo partiu! Vede lá!” ----- “Ficou por´hi meio cento / de braços, ou pouco mais / burocratas sem alento / ou políticos … feudais”.
O telefone toca, é uma cara-metade a informar que o concerto acabou. Aproveitei o silêncio para saborear a “última”, e o último fado do Alfredo Marceneiro, «O Moinho desmantelado», antes de despedir-me dos onze e do “Senhor” que não transformou o precioso líquido em água, mas dispensou o Anjo da Guarda para nos acompanhar na viagem de regresso, cujo percurso fizemos sempre pela estrada do meio. Encantados pelo bom momento passado e pela tertúlia de civismo fiscalizador (oficioso com a língua toda), do poder político e seus aspirantes (oficiais sem língua nenhuma), chegamos a “bom-porto ”ao amanhecer do dia catorze com o sol a brilhar, galos a cantar, cães a ladrar, eu a ir deitar quando a cara-metade se ia levantar, ao som do repertório de sempre (chover no molhado) adormeci… “Silencio, que (ainda) se canta o fado”!