02/03/2013
Em tempo de paz, “neste País ocupado em estado de guerra”, desobedeci ao recolher obrigatório, três dias antes de o mundo acabar segundo o Calendário Maia. Antes de passar para o “lado-de-lá”, passei para o lado da Galiza visitar a taberna do Ti-Manolo. Perguntei-lhe o que estava a fazer: respondeu, “não faço nada”. Sentei-me ao seu lado para dar-lhe uma ajuda, mas não consegui concretizar o último desejo, de comer uma fatia de tortilha seguida de uma tapinha de calhos, a fim de ganhar forças para a viagem do juízo final. O meu fim do Mundo quase foi antecipado para o dia 18, com a tortilha trancada na garganta, quando li no jornal Espanhol “El País”, (em relação ao lado-de-cá), “O governo põe Portugal à venda”.
Regressei ao País em cacos e à deriva, para despedir-me dos amigos no caso de a viagem para o além se processar em grupos separados. Na manhã seguinte ao fim do mundo, acordei a pensar que tinha morrido. O calendário Maia já tinha voltado á estaca zero, eu continuava a salivar com a fatia de tortilha que vinha mesmo a calhar, para me fortalecer na caminhada com os Maias por mais 5.125 anos.
Ao espreguiçar, notei que estava vivo. Espreitei pela janela, o Mundo estava ali, “gente” curvada a passar na estrada, resignada, com aspeto de quem tinha sobrevivido a um cataclismo, ou perdido a guerra, agora humilhada a uma obediência canina, de quem recebe a côdea e abana o rabo em sinal de agradecimento.
Calcei as botas, fui ver o meu país ocupado pelo invasor. A destruição era arrasadora, o invasor passeava a seu-bel-prazer, perante a cobardia de “gente” curvada e resignada, na lama das trincheiras empurrada pelo inimigo.
Uma guerra fardada não seria mais devastadora. Os pontos estratégicos tinham sido tomados. Televisão, radio, jornais, rede elétrica, petrolíferas, Bancos, aeroportos, transportes aéreos, marítimos e terrestes, redes de comunicação, abastecimento de bens essenciais, salários e reformas. Até os novos submarinos do “C D S” estavam imobilizados sem gasóleo, á espera de barbatanas para poderem combater a nado.
Foi-se a soberania Nacional. O invasor sabia de antemão, que isto era uma terra de brandos costumes, sempre emaranhada em Troikas, desde a Troika dos F-F-F, até á Troika do FMI-BCE-CE. “Uma terra sem resistência, fértil em lambe-botas (machos e fêmeas), elas (traidoras) acompanhantes de luxo, a passear de minissaia e salto alto, encandeadas pelo brilho da carteira e das estrelas dos hotéis, ao serviço dos clientes. Eles, (traidores) acompanhantes de lixo, a servir de mesinha de cabeceira para pegar na “velinha” do todo-poderoso invasor.”
Deveriam os traidores da Pátria, saber o trato que a Resistência Francesa deu aos seus homólogos, quando foram invadidos pela mesma armada. Elas, marcadas com a cabeça rapada, obrigadas a desfilar pela rua em roupa interior, com uma corda atada á perna, e cuspidas pelos patriotas na sua passagem. Eles, com idêntico tratamento, no percurso até ao madeiro onde eram atados de mãos atras das costas, antes de serem entregues aos patriotas de serviço que lhe tratavam da tosse. Uma bala era o último desperdício com o traidor.
Também é verdade, que é um crime comparar um General-de-Quartel, com um Coelho de toca, que só tem algum interesse depois de esfolado, e cozinhado frito com batatas á murro.
Pobre País. Quem te viu e quem te vê. Faz lembrar-me a fábula que o Ti-Quim tantas vezes nos contava. “ Era uma vez um velho leão, doente e moribundo, recordava o seu tempo de jovem moço, em que havia sido o rei da selva. Apareceu um javali, e para vingar-se deu-lhe uma focinhada, veio o touro deu-lhe uma cornada, veio a abelha deu-lhe uma picada, seguiram outros animais até que chegou a vez do Burro que lhe deu um coice: o velho rei da selva doente não pode conter-se; Até agora sofri resignado: mas agora até tu miserável Burro me vens desfeitear:… isto é como morrer duas vezes!
Moralidade da história do Ti-Quim;.. Quando a desgraça cai no HOMEM, não faltam homenzinhos para ajustar contas: o HOMEM infeliz sofre resignado; Porém há Burros tão Burros que tornam impossível a resignação.
Até quando os moribundos vão resignar-se e aguentar coices de burros, ferrados à custa de quem lhe abastece a manjedoura? Até quando o manso rebanho aguentará os piropos do Gaspar, a quem o pior povo do mundo chama de Rei, e o melhor povo do mundo chama de gatuno? Elogiar a vítima, faz parte dos Manuais-de-etiqueta. Até o carrasco ostenta ar compungido para aliviar a repugnância do acto.
Um País de terra fértil, mar generoso e céu azul, merecia ser governado por gente, e não por demónios que nos queimam nas labaredas do inferno. Quem não se lembra de alguns desses “beneméritos” como; Soares, Cavaco, Sampaio, Barroso, Sócrates, Guterres e Coelho? É que isto da bondade é hereditário. 38 Anos ao serviço do “Zé”, foram-se com reformas e mordomias, deixando o “Povinho” pendurado ao peito da “medalha de mérito”, com que as Agencias de Notação Financeira brindaram o País: “LIXO”
Por onde andou esta gente e a (sua) Constituição que tudo permitiu durante quatro décadas? Fazem lembrar-me o (fulano), pai do casal de desempregados no tempo das vacas-gordas, em que a oferta de emprego era de dois para cada um. Quando o filho foi preso por furto, e a filha ficou sem valor no “mercado”, o fulano atou as mãos à cabeça, arrependido por não ter perguntado a proveniência de tanta abundancia!
Qual o nosso futuro, se nunca questionamos o principio que nos ruina, mas tão-somente discutimos as modalidades da aplicação desse mesmo principio?
Se encolhemos os ombros, com o desperdício na formação de futuros emigrantes, em vez de criar empregos para os nossos desempregados?
Se somos indiferentes aos tachos dos Boys, com salários milionários, considerados especialistas aos 24 anos? Que especialidades são essas, a não ser a de mamar na teta e sujar a fralda?
Se ficamos chocadíssimos quando anunciam o despedimento de 50.000 funcionários públicos, e não levantamos um dedo pelos 1.500.000 de privados no desemprego?
Se assobiamos para o lado com as mudanças de governo, onde apenas mudam as moscas e a “Companheira-Das-Sucias” (CDS), sempre pronta para mais uma farra?
Se aceitamos um governo que alimenta as gorduras do estado e corta no músculo do povo para o impedir de trabalhar e produzir?
Se não percebemos que a luz que nos apontam ao fundo do túnel, é a luz do comboio que vem em sentido contrário, de regresso aos mercados depois de nos esmagar, e roubar o fruto do trabalho de tantas gerações?
Se depois de esfolados vivos ainda nos transformamos em bufos do fisco para denunciar o vizinho que não passa factura? Pela parte que me toca, se um dia ao sair de um bar-de-alterne, alguém (para ganhar a vida) for obrigado a perguntar-me se pedi factura, responderei em legitima defesa da honra com a resposta que o Ex-secretário de Estado deste governo Francisco José Viegas deu no seu blogue (A origem das Espécies): “ vá tomar no cu”. IVA incluído…
A continuar nesta vida, o nosso futuro, será certamente o de acreditar no Pai-Natal (de Lapónia), e no milagre da aparição do “Pai-de-Belém”, depois de este ser condecorado das “Boas” Acções $ do B P N, e da ordem protocolar do Bolo-Rei.
Se os governos são o espelho do povo, estamos conversados. Que triste figura a nossa.