sexta-feira, 1 de março de 2013

Portugal à venda

02/03/2013
Em tempo de paz, “neste País ocupado em estado de guerra”, desobedeci ao recolher obrigatório, três dias antes de o mundo acabar segundo o Calendário Maia. Antes de passar para o “lado-de-lá”, passei para o lado da Galiza visitar a taberna do Ti-Manolo. Perguntei-lhe o que estava a fazer: respondeu, “não faço nada”. Sentei-me ao seu lado para dar-lhe uma ajuda, mas não consegui concretizar o último desejo, de comer uma fatia de tortilha seguida de uma tapinha de calhos, a fim de ganhar forças para a viagem do juízo final. O meu fim do Mundo quase foi antecipado para o dia 18, com a tortilha trancada na garganta, quando li no jornal Espanhol “El País”, (em relação ao lado-de-cá), “O governo põe Portugal à venda”.
Regressei ao País em cacos e à deriva, para despedir-me dos amigos no caso de a viagem para o além se processar em grupos separados. Na manhã seguinte ao fim do mundo, acordei a pensar que tinha morrido. O calendário Maia já tinha voltado á estaca zero, eu continuava a salivar com a fatia de tortilha que vinha mesmo a calhar, para me fortalecer na caminhada com os Maias por mais 5.125 anos.
Ao espreguiçar, notei que estava vivo. Espreitei pela janela, o Mundo estava ali, “gente” curvada a passar na estrada, resignada, com aspeto de quem tinha sobrevivido a um cataclismo, ou perdido a guerra, agora humilhada a uma obediência canina, de quem recebe a côdea e abana o rabo em sinal de agradecimento.
Calcei as botas, fui ver o meu país ocupado pelo invasor. A destruição era arrasadora, o invasor passeava a seu-bel-prazer, perante a cobardia de “gente” curvada e resignada, na lama das trincheiras empurrada pelo inimigo.
Uma guerra fardada não seria mais devastadora. Os pontos estratégicos tinham sido tomados. Televisão, radio, jornais, rede elétrica, petrolíferas, Bancos, aeroportos, transportes aéreos, marítimos e terrestes, redes de comunicação, abastecimento de bens essenciais, salários e reformas. Até os novos submarinos do “C D S” estavam imobilizados sem gasóleo, á espera de barbatanas para poderem combater a nado.
Foi-se a soberania Nacional. O invasor sabia de antemão, que isto era uma terra de brandos costumes, sempre emaranhada em Troikas, desde a Troika dos F-F-F, até á Troika do FMI-BCE-CE. “Uma terra sem resistência, fértil em lambe-botas (machos e fêmeas), elas (traidoras) acompanhantes de luxo, a passear de minissaia e salto alto, encandeadas pelo brilho da carteira e das estrelas dos hotéis, ao serviço dos clientes. Eles, (traidores) acompanhantes de lixo, a servir de mesinha de cabeceira para pegar na “velinha” do todo-poderoso invasor.”
Deveriam os traidores da Pátria, saber o trato que a Resistência Francesa deu aos seus homólogos, quando foram invadidos pela mesma armada. Elas, marcadas com a cabeça rapada, obrigadas a desfilar pela rua em roupa interior, com uma corda atada á perna, e cuspidas pelos patriotas na sua passagem. Eles, com idêntico tratamento, no percurso até ao madeiro onde eram atados de mãos atras das costas, antes de serem entregues aos patriotas de serviço que lhe tratavam da tosse. Uma bala era o último desperdício com o traidor.
Também é verdade, que é um crime comparar um General-de-Quartel, com um Coelho de toca, que só tem algum interesse depois de esfolado, e cozinhado frito com batatas á murro.
Pobre País. Quem te viu e quem te vê. Faz lembrar-me a fábula que o Ti-Quim tantas vezes nos contava. “ Era uma vez um velho leão, doente e moribundo, recordava o seu tempo de jovem moço, em que havia sido o rei da selva. Apareceu um javali, e para vingar-se deu-lhe uma focinhada, veio o touro deu-lhe uma cornada, veio a abelha deu-lhe uma picada, seguiram outros animais até que chegou a vez do Burro que lhe deu um coice: o velho rei da selva doente não pode conter-se; Até agora sofri resignado: mas agora até tu miserável Burro me vens desfeitear:… isto é como morrer duas vezes!
Moralidade da história do Ti-Quim;.. Quando a desgraça cai no HOMEM, não faltam homenzinhos para ajustar contas: o HOMEM infeliz sofre resignado; Porém há Burros tão Burros que tornam impossível a resignação.
Até quando os moribundos vão resignar-se e aguentar coices de burros, ferrados à custa de quem lhe abastece a manjedoura? Até quando o manso rebanho aguentará os piropos do Gaspar, a quem o pior povo do mundo chama de Rei, e o melhor povo do mundo chama de gatuno? Elogiar a vítima, faz parte dos Manuais-de-etiqueta. Até o carrasco ostenta ar compungido para aliviar a repugnância do acto. 
Um País de terra fértil, mar generoso e céu azul, merecia ser governado por gente, e não por demónios que nos queimam nas labaredas do inferno. Quem não se lembra de alguns desses “beneméritos” como; Soares, Cavaco, Sampaio, Barroso, Sócrates, Guterres e Coelho? É que isto da bondade é hereditário. 38 Anos ao serviço do “Zé”, foram-se com reformas e mordomias, deixando o “Povinho” pendurado ao peito da “medalha de mérito”, com que as Agencias de Notação Financeira brindaram o País: “LIXO”
Por onde andou esta gente e a (sua) Constituição que tudo permitiu durante quatro décadas? Fazem lembrar-me o (fulano), pai do casal de desempregados no tempo das vacas-gordas, em que a oferta de emprego era de dois para cada um. Quando o filho foi preso por furto, e a filha ficou sem valor no “mercado”, o fulano atou as mãos à cabeça, arrependido por não ter perguntado a proveniência de tanta abundancia!
Qual o nosso futuro, se nunca questionamos o principio que nos ruina, mas tão-somente discutimos as modalidades da aplicação desse mesmo principio?
Se encolhemos os ombros, com o desperdício na formação de futuros emigrantes, em vez de criar empregos para os nossos desempregados?
Se somos indiferentes aos tachos dos Boys, com salários milionários, considerados especialistas aos 24 anos? Que especialidades são essas, a não ser a de mamar na teta e sujar a fralda?
Se ficamos chocadíssimos quando anunciam o despedimento de 50.000 funcionários públicos, e não levantamos um dedo pelos 1.500.000 de privados no desemprego?
Se assobiamos para o lado com as mudanças de governo, onde apenas mudam as moscas e a “Companheira-Das-Sucias” (CDS), sempre pronta para mais uma farra?
Se aceitamos um governo que alimenta as gorduras do estado e corta no músculo do povo para o impedir de trabalhar e produzir?
Se não percebemos que a luz que nos apontam ao fundo do túnel, é a luz do comboio que vem em sentido contrário, de regresso aos mercados depois de nos esmagar, e roubar o fruto do trabalho de tantas gerações?
Se depois de esfolados vivos ainda nos transformamos em bufos do fisco para denunciar o vizinho que não passa factura? Pela parte que me toca, se um dia ao sair de um bar-de-alterne, alguém (para ganhar a vida) for obrigado a perguntar-me se pedi factura, responderei em legitima defesa da honra com a resposta que o Ex-secretário de Estado deste governo Francisco José Viegas deu no seu blogue (A origem das Espécies): “ vá tomar no cu”. IVA incluído…
A continuar nesta vida, o nosso futuro, será certamente o de acreditar no Pai-Natal (de Lapónia), e no milagre da aparição do “Pai-de-Belém”, depois de este ser condecorado das “Boas” Acções $ do B P N, e da ordem protocolar do Bolo-Rei.  
Se os governos são o espelho do povo, estamos conversados. Que triste figura a nossa.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O funeral da classe média

            02/01/2013

            Com 96 anos, ainda não tinha perdido a esperança de ser assassinado por um marido ciumento, e afiançava (a pés juntos) que ainda “ia” quase todos os dias. Jurava que quase “ia” na segunda e na terça-feira, e por pouco quase tinha “ido” na quarta, sem nunca desistir de tentar “ir”. Teimosias do passado, agora diluídas no conformismo das pantufas, para ir ver banalidades na televisão, que mobilam o tempo de antena nos intervalos das novelas e da casa dos (S) Degredos.
Num desses tempos-de-antena, debatia-se as declarações da Sª Isabel Jonet, que conheço de vista, pelo excelente trabalho que desempenha, benevolente há 30 anos, ao serviço do Banco Alimentar Contra a Fome, para socorrer mais de trezentos e setenta mil pobres desemparados.
Em breves declarações, a Sª recomendou a urgência de reconquistar valores perdidos, dando quatro como exemplo.
1º- No seu tempo de criança, foi ensinada a lavar os dentes com um copo, o que a sua filha agora faz com a torneira a correr.
2º- Os filhos (trintões) que vivem á custa dos pais, tem de optar por ir ao concerto de Rock, ou poupar o dinheiro para uma radiografia que venha a ser necessária fazer.
3º- Se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não os podemos comer.
4º- As pessoas com mais de 45 anos, só voltarão a ter emprego se criarem o seu próprio negócio.
Talvez por defeito (de fabrico) meu, ou por ter crescido com razoável dentição, mas sem bifes para a usar, com copo para a lavar, mas sem torneira com água a correr, aplaudi, achei que a Sª “falou como Deus”, e que as suas sábias recomendações, eram os primeiros passos para fugir da pobreza.
Passados escassos minutos, “terminava a paz no canil, com os fiéis amigos em matilha”, a zurzir a torto-e-a-direito na Sª, acusando-a de incentivar os pobres a habituar-se a ser pobres.
O debate, apoiado em reportagem televisiva num salão de cabeleireira, a entrevistar uma “pobre”, com capacete de astronauta na cabeça, mão estendida com a palma virada para baixo, enquanto a manicura lhe tratava e pintava as unhas. Com voz de “remediada”, berrava desalmadamente, que o País era uma merda, os subsídios eram cada vez mais escassos, já nem davam para manter o corte de cabelo do filho, com o visual dos “Morangos com açúcar”.
Os governantes que só pensam em manter o lugar, em beneficiar as “vacas leiteiras” financiadoras dos partidos, e em dar jobs-aos-Boys de serviço: deveriam ouvir atentamente as recomendações da Sª, que aconselha ao fecho da torneira, para pagar as águas corridas, os concertos vividos, os bifes comidos, alterar a ementa para ovos estrelados, e transformar os concertos de guitarras e violas, em consertos de solas dos sapatos esburacados.
Os políticos não largam mão dos pobres. Fazem lembrar-me a tia-avó, que ganhou notoriedade, a auxiliar (não os “pobres” parasitas que o governo inventou, mas sim) os pobres desgraçados que o destino condenou. Descalços, unhas aparadas com tesoura de podar, calças rotas, casula de cardeal confecionada com sacos de lona, que servia (au mesmo tempo) de camisa e mochila para guardarem as esmolas, cabelo e barba comprida, recheados de pulgas e piolhos, com um toquezinho (á chefe) de carrapatos agrafados nas joias-de-família.
Quando se perguntava ao Sr. Pobre barbudo, onde metia a barba para ter tantas pulgas, respondia que vinham da zona púbica da sua Pobre companheira. Adiante! O Sr. Pobre barbudo, “vendia” boa disposição. Quando a tia-avó, lhe deu a esmola de dois tostões, e lhe recomendou para não gastar o dinheiro em tabaco, respondeu; “ fique descansada minha senhora, vou comprar um barco de recreio”.
Uma vez, apareceram dois pobres, a quem a tia-avó, fez o questionário de sempre a pobres desconhecidos. Perguntou ao primeiro, se gostava de fumar, de beber, de comer bem, e levantar tarde. O Pobre respondeu positivamente a todas as perguntas, e recebeu a esmola de 5 tostões. Fez as mesmas perguntas ao seu companheiro. Este apressou-se a responder que, nem era bêbado, nem fumador, nem comilão, nem calaceiro, e recebeu a esmola de 2 tostões. Furioso por ser um Pobre exemplar, e receber a esmola mais pequena, teve a resposta da tia-avó: “ és um pobre exemplar, mas não tens as necessidades do teu companheiro”.
Os Pobres que por ali passavam, pernoitavam sempre no palheiro da tia-avó. Um dia, quando ia à catequese (a fim de angariar indulgencias para o meu futuro celestial), dei de caras com um funeral, seguido da sombra escura da mulher a carpir, que chorava pelo destino agreste que esperava o defunto na tumba. “A casa onde não se come nem bebe, não há cama e a noite é fria”. Desatei a correr, avisar o Sr. Pobre barbudo, para fechar a porta do palheiro, não viesse o defunto disputar o nada aos mortos de tudo que ali pernoitavam.
O tempo passou, o palheiro acabou, os pobres continuam a suportar os carrapatos, e também a praga de outra classe de ”pobres” parasitas (piores que a peste negra) que estão a definhar o País.
Os ricos trancaram as portas e continuam a andar de Ferrari. Nós, confiamos a tranca da porta aos caciques, (que nos põe a pedir) para alimentarem os “pobres” parasitas que o governo inventou, á custa dos remediados que ficam cada vez mais pobres, e á custa da sobrevivência dos verdadeiros pobres desgraçados que o destino condenou, que ficam cada vez mais miseráveis.
Por maior insistência do meu amigo, não consegui ver o casal de “Pobres” (que o governo inventou), que no café terminava de lanchar, antes de ir recolher os filhos á escola. Opobre”, disfarçado ao volante do carro, detrás de óculos de sol. A “pobre”, (sem capacete) mas com bota preta de cano alto, calça e camisa apertada com decote generoso, cabelo colorido de roxo, e unhas pintadas a condizer com o tom da maquilhagem. Eram tão miseráveis os “Pobres” do meu amigo, que nem conseguiam poupar 50 cêntimos, nas centenas de euros da decoração visual, para comprar massa-cotovelo, e matar a fome dos filhos, que tem na escola a única refeição do dia.
Também é verdade, que a esmola da Tia-avó (Estado), não chega para comprar um barco de recreio. Mas vai chegando para manter o carro, renda da casa, luz e água, para lanchar no café antes de recolher os filhos na escola, e em casos de miséria descarada, até dá para acompanhar os concertos de “Toni Carreira”.
A ruina do pobre, é quando deixa de ser discreto, e a abundancia o transforma no carrasco do remediado e na desgraça do pobre necessitado.
Finalmente, os Pobres do meu amigo são ainda mais parasitas que os carrapatos dos meus. Se voltasse à catequese, voltaria a correr avisar os Pobres para fecharem a porta, que vem a caminho a sombra escura da mulher a carpir, a chorar no funeral da (defunto) classe-media, para disputar-lhes o lugar no palheiro. “ A casa onde não se come nem bebe, não há cama e a noite é fria”. É a vida: Se na democracia da vegetação as ortigas votassem, seria o funeral dos lírios do meu jardim.                           

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ladrões de caneta em punho

16/11/2012
Mais do que as palavras, as recordações são como as cerejas: atrás de umas vêm as outras, em cadeia infinita de lembranças, que só acabam quando a gente detentora de memória fica submetida ao silêncio do esquecimento. Recordo-me dos tempos vividos na cidade luz de Paris, e do simpático jovem casal de assaltantes do filme «Bonnie & Clyde», um verdadeiro terror para os bancos, que naquele tempo assaltavam de metralhadora em punho.
Os jovens, logo adotaram a célebre frase do filme mais pronunciada no Mundo, quando uma pacata senhora perguntou ao jovem casal desconhecido: “que fazem na vida?” “Somos ladrões de bancos”!
 Enquanto o filme fazia furor no cinema, nós vivíamos na rua, no meio de outros assaltantes de carne-e-osso, não menos mediáticos, como o Albert Spaggiari, que no fim-de-semana prolongado de 17 de julho de 76, com os bancos encerrados, teve necessidade de levantar uns trocos, decidiu entrar no banco pelas galerias dos esgotos, acompanhado de amigos que, desde 7 de Maio tinham perfurado um túnel de 8 metros, com acesso á sala dos cofres, para faturar os serviços da empreitada que, na altura custou à “Société Générale” 50 milhões de francos, e o arrombamento de 371 cofres, sobrando tempo para fazer um piquenique com paté e vinho, e para deixar escrito na parede, a mensagem que mais tarde deu origem ao filme, «sem armas, sem odio nem violência».
O mais mediático de todos, de quem se sentia a presença a qualquer momento, era o Jaques Mesrine, que na sexta-feira 2 de Novembro de 79 às 15h15, (cinco minutos depois de eu ter passado no local), o autorradio noticiava que tinha caído numa emboscada nas portas de Clignancourt, (Paris) denunciado pelo jornalista Tiller, onde foi abatido pela polícia, que o esperava dissimulada detrás do toldo de um camião ali estacionado. Regressei ao local, e vi que no BMW 528i verde metalizado de matrícula 83CSG75 estava o Mesrine e a namorada, ele morto com 18 balas, ela ferida num olho. Mais tarde deu origem aos filmes, «Caça ao homem» e «Inspector la Bavure»
     Terminava assim, a era dos ladrões, “com eles no sítio”, que até pareciam gente honesta comparados com esta escumalha, rebotalho de escroques badalhocos, “sem nada no sítio”, cobardes, nojentos sem, honra e sem metralhadora, mas de caneta em punho a roubar quem lhes confiou a chave da casa.
Agora que a nossa democracia se transformou numa “mafiocracia”,os badalhocos já atuam de cara destapada, sem receio de ser abatidos ou presos, porque sabem que as suas martirizadas vítimas, estão proibidas de matar, prender, julgar, e mesmo de se queixar.
 Para melhor entender a podridão do sistema, imaginemos um país como o nosso, onde não é possível viver com tanta gatunagem, organizada por tríades de “Fantoches, Quadrilhas e Troikas” com tarefas pré-definidas. Nós, os Fantoches, atuamos na fantochada de legitimar Governos visíveis da causa pública, nomeados por Governos invisíveis da coisa privada. A quadrilha, é formada pelos donos do capital, que utilizam os seus legisladores espalhados pelos grandes escritórios de advogados, pelo Parlamento, e pelo Governo, este transformado num pau-mandado para executar o caderno de encargos que lhe foi programado. Porém nada seria possível sem a intervenção da “Troika” partidária, “PSD/CDS/PS” que atuam como verdadeiros atores no teatro eleitoral, para arrebanhar e desviar as atenções da manada e, mante-la distraída a discutir assuntos importantíssimos como o futebol, a Gabriela, o divorcio da Luciana, enquanto eles branqueiam “metais, capitais, jornais e telejornais”, e alisam o caminho do «Freeport, Submarinos, BPN/SLN», para que não tenham percalços na viagem até à prateleira do, “Fax de Macau, Bragaparques, Contentores de Alcântara, Banco Insular, Face Oculta, Apito Dourado, Operação Furacão, Portucale, Monte Branco, Expo, Ponte Vasco da Gama, e (PAF) Por-Aí-Fora. 
A “Troika” estrangeira, que ao contrario do Spaggiari, prefere entrar pela passadeira vermelha diplomática, a tranquilizar-nos que isto não é um assalto, mas sim um pacote, um ajuste, uma ajuda, ou um resgate, e sem armas, sem odio e sem violência, leva subsídios, salários, a EDP, ANA,TAP, Águas de Portugal, RTP, enquanto nós os “fantoches”, continuamos a pendurar nas galerias do sistema, os bailarinos de turno para a dança das cadeiras do vaivém, entre o Estado e as Empresas, que os acolhem com fervoroso reconhecimento. Um jornal, localizou 40 (dançantes) ex-ministros e ex-secretários de estado com notável jogo de anca de verdadeiros reis da pista. Só a Caixa tinha acolhido 23 ex-governantes. É sabido que as grandes empresas como Lusoponte, a Mota-Engil, a Iberdrola, e a EDP têm o faro apurado para descobrir grandes valores que a nós nos tinham passado despercebidos, tal como os ex-ministros das obras públicas, Ferreira do Amaral, Jorge Coelho, e das Finanças, Pina Moura, Catroga, verdadeiros artistas, como tantos outros bailarinos de serviço, agora a exibir o jogo de anca nas pistas da, Melo / Quimigal / Cimpor / Camargo / Endesa / Portgás / Galp / Sonae / Brisa / Eface / Sapec / BCP / BPN / BPP / BES / ANA / TAP / CTT / PT / Ongoing / Santander / Banif / BIC / CGD / BP / CMVM: e fundações (Gulbenkian / CCB / Arpad Szenes-VS / Serralves / Casa da Musica / Oriente / Luso-americana / Champalimaud / MS-JM), “Misericórdias & Santanas”. E, eu a pensar que esta gente até de graça ficava cara.
Os motores de busca de cabeças políticas coroadas com assento no “governo visível” da confiança do “governo invisível”, levar-nos-ia por tortuosos corredores. Ainda á dias, o “governo visível” encomendou à consultora “Ernest & Young”, uma auditoria a “36 Parcerias-Publico-Privadas e 24 conceções”, esquecendo-se que a consultora, também trabalha para os grupos interessados no assunto.
O caso BPN, mostrou claramente, que os grandes assaltos já não se fazem de metralhadora em punho. Só agora começo a perceber o que queria dizer o refugiado Guterres, “isto é um pântano”, o fugitivo Barroso, “isto está de tanga”, o empresário Henrique Neto, ”isto está entregue à mafia”, e o desabafo do Juiz jubilado do Tribunal de Contas Carlos Moreno, “As Parcerias-Publico-Privadas são chocantes”, e ainda o repúdio do professor do IST José Manuel Viegas, “os contratos das Parcerias-Publico-Privadas foram um arranjinho”. Mas nada disto faz demover a Procuradora-adjunta Cândida de Almeida que afirma: “Portugal não é um País corrupto”.
Restam-nos então, duas alternativas: de preferência morrer com “eles” no sítio, não passar fome, não perder a dignidade, e não permitir ser humilhado por meia dúzia de frutas podres, germinadas na pantanosa sementeira dos “Jotinhas” que, em vez de entrar na vida ativa pela porta empresarial, preferem entrar pela porta dos tachos, da farra e do arraial, com objetivo de alcançar o lugar no pódio dos caciques, para passar o resto da vida pendurado no erário público, a cacicar a Distrital, a Concelhia, a Local, e a envergonhar a Pátria, como míseros coveiros que vão a enterrar Portugal.
“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. A roda da vida, voltara a marcar a hora da metralhadora em punho, para resgatar as pessoas e os bens que lhe foram roubados. A pacata senhora voltará a perguntar: “que fazem na vida?” “Somos ladrões de bancos”!                                                    
Américo Pinto.                                   

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

«Tempos Modernos»

17/08/2012
A escola da vida e o pão que o diabo amassou, sempre me sussurram ao ouvido, que um dia seria figurante neste filme da vida real, inspirado em «Tempos Modernos» de Charles Chaplin. O primeiro que vi projetado na pantalha do cinema, do qual guardei religiosamente na memória, uma das mais expressivas criticas que o cinema promoveu contra uma sociedade de consumo, completamente desregulada, tal como a que hoje vivemos.
Nunca outra obra de arte, conseguiu expressar melhor o sentimento de impotência que sentimos, diante de mecanismos como naquela cena em que o protagonista foi literalmente engolido pela máquina. O tempo passou, a memória ficou marcada para sempre, com o homem moderno a ser absorvido por completo de forma paralisante, pelas engrenagens das máquinas do sistema.
O baú das memórias, liga «Tempos Modernos» de outrora, aos tempos que vivemos agora, com semelhanças que não podem ser de pura coincidência.
No início mostra ao fundo na parede, um enorme relógio, a anunciar que “ Tempo é dinheiro”, como principal lema do capitalismo. A seguir vemos em duas imagens simultâneas, de um lado uma manada de ovelhas a correr para o matadouro, e do outro um amontoado de gente desesperada a correr para a fábrica.
O filme descrevia uma sociedade industrial caracterizada na produção, e na perseguição aos operários pelas suas ideias subversivas, que denunciavam as desigualdades e a exploração dos pobres, para alimentar o conforto e o vício dos ricos. Também mostrava a vida urbana nos Estados Unidos dos anos 30, em que a depressão atingiu toda a sociedade, que levou a maior parte ao desemprego e à fome, e que em apenas três anos a produção reduziu para metade, com a falência da maioria dos estabelecimentos e mais de 10 mil bancos. Não havia dinheiro para comprar os alimentos que eram ao mesmo tempo destruídos, enquanto as pessoas passavam fome. O País contava mais de 17 milhões de desempregados. O governo resgatava os bancos, e nada fazia para resgatar os pobres da miséria, que batizaram o governo de “ Governo da Fome”.
O ponto crucial desta obra-prima, tinha os mesmos tiques que agora vivemos. Um consumo desenfreado, e a expectativa de que poderíamos possuir o maior número de géneros, como aconteceu ao protagonista e á sua namorada quando entraram pela primeira vez numa loja de brinquedos da infância feliz que não tiveram, outra de roupas e móveis que como adultos nunca terão condições de possuir. Ao casal pobre resta-lhe tal como hoje, o direito de sonhar.
É claro que há 80 anos, o “Tio-Sam” não usufruía dos privilégios com que a natureza brindou a nossa Lusitana, nem dos políticos de primeiríssima água que nos governam, e ainda da bênção Divina de D. Januário, o Bispo de cabelos pretos, sem medo do pecado da vaidade nem das tintas da “L’Oréal”, que agora liberto das “Socráticas cataratas”, até já viu a corrupção no governo nacional, com fé de um dia ver também a tranca no seu olho e a corrupção no governo do Vaticano, deixando nas mãos do Criador a conversão dos nossos sacrifícios “Troikanos”, em indulgências abonatórias para uma entrada em apoteose no Paraíso.
Nós pobres pecadores, não damos valor aos sacrifícios que esses bem-aventurados fazem por nós. Nem sabemos agradecer o solzinho e o arzinho que respiramos de borla, que nos traz tão contentes com a vida. Somos pobres e mal-agradecidos. É velos a trabalhar arduamente, e nós a protestar. Não nos passa pela cabeça, o horror que um ministro do povo e do santo evangelho, sofre em silêncio sem qualquer recompensa. Os exemplos são por demais evidentes. Vejamos ao desprezo que foram rejeitados o ministro (sombra) Mexias, o Catroga, o Jorge Coelho, o Ferreira do amaral, o Dias Loureiro, o Pina Moura, os Penedos pai e filho, e o (espirito) santo pregoeiro da moralidade Mário Soares, (coitadinho) a viver das miseras reformas, acrescidas de 330 mil euros ano pelos serviços prestados ao País, e pelas homilias que nos derretem o coração, de vê-lo sofrer sentado ao lado dos desgraçados na sopa dos pobres. Coitadinhos, todos estão a bater á porta da miséria, incluindo aquela cambada que gravita á sua volta, generosa que mesmo sem serem secretários de estado ou ministros, dão o litro (como a amarela) pelo país, e só por vergonha não estendem a mão á caridade. Vejamos o exemplo do sacrificado Vale e Azevedo, o Carlos Cruz, o Relvas que em breve receberá o título honorífico de “Honoris causa”, o Cavaco e o (rei) Gaspar, que nos brindam sempre que podem com sacrifícios purificadores a suportar carradas de, “Institutos e Fundações, de vigaristas e ladrões”, para nos aproximar dos banquetes de bem-aventuranças da eternidade.
Se é verdade que temos o futuro garantido na eternidade, que importa que as empresas fechem, que os desempregados aumentem, que os impostos cresçam, que as casas e os carros sejam penhorados, que as reformas, os ordenados e subsídios sejam ridículos. Resta-nos o solzinho, o ar fresquinho e a sorte de tal como os camelos, passar pelo buraco da agulha para alcançar uma a eternidade feliz. E nós ingratas criaturas, ainda temos a lata de protestar por coisas insignificantes, como o desemprego, o preço do pão e do leite, a falta de carcanhol para pagar o médico e os medicamentos. Eu sei que por esse mundo fora ainda há gentinha mais ingrata do que nós, como os sem vergonha dos Islandeses que levam os sacrificados ao tribunal e ao calabouço. “Que ingratidão”.
Já iniciei a purificação da caminhada para o reino dos céus. Parece que já estou a ver da bancada como quem vê a final da taça no Jamor, Deus a chamar os bem-aventurados seguidores do evangelho, de bandeirinha na lapela e a carneirada no coração. “Ó Santana; anda cá, tu que foste um exímio namoradeiro na Terra, peço-te mais uns pozinhos de sacrifício para dar umas dicas ao Gaspar, ao Félix, ao Cavaco, ao Sampaio e ao Guterres, a fim de providenciar uma noitada de amor, à Ferreira Leite, Maria de Belém, Assunção Cristas, Elena Roseta, Paula Teixeira, para recompensa-las de tão descriminadas e desprezadas que foram na Terra”. “E tu Relvas, que és o mais reguila deles todos, trata de varrer com todas as estátuas que proliferam no País, ocupadas com personagens insignificantes, como o Marquês, o Afonso Henriques, Camões, D João I, Vasco da Gama, o Soldado desconhecido, para substitui-las por Armando Vara, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Dias Loureiro, incluindo o Vale e Azevedo no lugar do Pantera Negra na luz”. “Que o dia da liberdade seja o dia de Sócrates. “Não esqueças os Municípios, a começar por Monção, para substituir a estátua da Danaide pelos figurinos lá da terra, mesmo se arriscam de ver gaivotas e pombas (que não arrastam a asa) a voar para lhe cagar em cima”. “Palavra do Senhor”!
Enquanto se mobiliza a cristandade para a cruzada da conversão, demos graças ao Criador de nos possibilitar o pequeno-almoço a ver televisão, e deliciar-se com o leite das mamas (de três litros) das atrizes das telenovelas, e o jantar a saborear as suculentas beiças da Manuela, que parecem bifes do cachaço.
Caiu o pano em “Tempos Modernos”. “Modernos Tempos” seguem dentro de momentos para anunciar o F I M. E vós? Nobre povo, levantai-vos para aplaudi-los de pé.
Eu nunca mais me levantarei, mas continuarei tal como o poeta, a “Perguntar ao vento que passa / notícias do meu País / o vento cala a desgraça / O vento nada me diz”.
“Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não”.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os telhados do Zé.

  18/06/2012.
                Dia de folga doméstica, sexta-feira treze, dez da noite de inverno carrancudo, o Palácio de Cristal estava iluminado. Entrei, decorria um concerto com milhares de fãs a aplaudir o seu ídolo. Não era a minha música. Saí, rua acima, um frio de rachar, o som das guitarras atraiu-me para dentro da taberna onde se cantava o fado. Ao fundo, uma mesa de dimensões apostólicas, iluminada por dois castiçais, sentei-me na esquina do lado da parede de xisto. O estampado na toalha de linho cru, desaconselhava o consumo de copinhos de leite. Mandei vir uma canequinha de quartilho para aquecer o colete, e algo de consistente para lhe fazer companhia.
Estava-se bem. De súbito, abriram-se as portas, e com a aragem gélida da rua entraram mais doze, para completar a mesa dos treze. Enquanto a artista de serviço interpretava, “numa casa portuguesa com certeza”, já não faltava pão e vinho sobre a mesa do Senhor. Aqueles “discípulos” não me eram estranhos. No centro da mesa, “O Senhor” cumprimentou-me pelo nome, acrescentando que um dos seus maiores prazer, é quando o neto lhe entra pela porta dentro, e o jornal “A Terra Minhota” destaca uma cronica minha. Pequei ao desconfiar do elogio, só quando o “Messias“ pagou a conta da primeira “rodada”, percebi que o elogio era sincero, sem terceiras intenções. Pelos vistos, “apanharam o pião à unha” para sair do concerto e “abrir as ideias” com as “metade-caras”, enquanto as “caras-metade” abriam o coração ao seu ídolo. Depois de aviadas algumas canecas, o tema engrenou na política rafeira, cujo veneno da conversa era de muitos furos acima da estricnina.
É de todos conhecido que o Lusitano gosta muito de discutir, principalmente quando o tema é farfalhudo e polémico, como acontece com a política e o futebol, embora tudo na vida seja política, incluindo o futebol. A polémica começou a sério com o tema, de o colonizador ser agora colonizado pelos amigos Angolanos, com a jovem multimilionária “Isabel dos Santos” à cabeça, a fazer de governador Paulo Dias de Navais, a semear os milhões de papá, em bancos, na zon, telecomunicações, petróleo, energia e nos média, para além de os seus conterrâneos ocuparem 30% do mercado nas lojas de luxo da “Colonia Portugal ”, nos produtos do costume, tal como relógios de ouro, da Patek Philips e Rolex, pulseiras da Cristian Dior, roupas da Hermenegildo Zegna e ainda casacos de “pelica”, relegando os colonos para o seu “habitat natural” das lojinhas chinesas e para a feira da ladra.
Quando a noite já ia de barbas, a conversa deu á costa, e encalhou na Praça Deu-La-Deu em Monção, onde as más-línguas afirmam que o chafariz da Danaide foi desativado e transformado num bebedouro de apoio logístico au “novo estábulo”, para não salpicar as orelhas dos burros ao afocinhar na pia.  
“Bartolomeu”, no lado esquerdo da mesa, começou a tabular, que só o lendário Zé dos Telhados seria capaz de por mão nisto. Eu que estava no lugar de “Simão” a espernear como uma mosca caída num prato de caldo Knorr, a tentar fugir das fofoquices como o diabo foge da cruz, fui obrigado a puxar dos galões, e esclarecer que o Zé dos Telhados não foi uma lenda. Nasceu em Penafiel no ano de 1818, com o nome de José Teixeira da Silva, morreu em 1875, foi apanhado quando fugia para o Brasil, e ficou preso na Cadeia da Relação do Porto, com Camilo Castelo Branco, que o tornou famoso nas suas “Memorias do Cárcere”. Assim a talho de foice, o assunto ficou encerrado. Não sendo possível contar com o “Zé dos telhados”, começaram a contar os “telhados do Zé”, que dentro da Vila já ultrapassam as duas dúzias, alguns a funcionar como verdadeiros hibernáculos, com mais hibernantes de que visitantes, sem incluir as “tocas” que ramificam por todo o lado, onde “soi-disant” funcionam os serviços, com trezentos e tal funcionários, dos quais mais de metade são “cunhas” entretidas a cobrar receitas e a gasta-las em “salários-tacho” dos herdeiros do I M I, que nem com cinquenta novas reavaliações, consegue saciar-lhe o apetite.
O servente de mesa da “Primeira Ceia” desabafou, que enquanto o “soberano eleitorado da chupeta for treta, e maioritário a mamar na teta”, e não perceber que bater com a cabeça na parede dói, e que transformar burros de carga em cavalos de corrida é ainda mais doloroso, e que isto é meio caminho andado, para passar a vida a correr sem nunca ganhar uma corrida: tudo continuará assim, com o país a espelhar a nossa imagem, que precisa de urgentes retoques visuais para deixar de meter nojo por esse mundo fora. Concluiu que qualquer iniciado em administração, sabe que ao resolver o “cancro” das cunhas, resolve também o dos contratados, que vem fazer o trabalho dos vinculados que não “mexem palha”, e assim aliviar a carga da despesa em dois terços, e o cabedal do contribuinte em metade dos impostos, para poder beneficiar da qualidade de vida que merece. Depois do mês de Maria, agora o mês do Corpo de Deus e dos Santos Populares, rezemos pela alma do trio “da treta, teta, e da chupeta, para deixarem a (nossa) Terra em paz, “porque deles os Bem-aventurados pobres de Espirito será o Reino dos Céus”.
“Tadeu”, entre “Simão e Mateus”, estranhava o silêncio das oposições, a quem “Tomé” respondeu, que aquilo é tudo amor à primeira vista e farinha do mesmo saco, ao ponto de alguns, já participarem no tiro-ao-prato (de faca e garfo) nos jantares oficiais da Autarquia (e da nossa carteira), na qualidade de futuros representantes Municipais, para se familiarizarem com um tacho bem rapado e mal lavado, que continuarão a rapar depois dos próximos atos eleitorais. “ Fracas oposições, nunca serão fortes governações”.
“André”, argumentava com “Tiago”, que a Vila de Monção terá sido vítima de uma praga, ou de uma estratégia consertada para destruir os pequenos comerciantes. Com o desenrolar do tempo, fica claro que o primeiro assalto ao comércio tradicional, aconteceu com a autorização da implantação das grandes superfícies, num Concelho com população inferior a muitas freguesias do país. O segundo, terá sido ao decretar o estacionamento pago dentro da Vila, para “obrigar” os clientes a estacionar nos parques gratuitos dessas grandes superfícies. Seguindo-se a proibição da exposição dos produtos no exterior das lojas, onde nem o discreto fio dental, pode arejar no estendal, para libertar os passeios aos negócios escuros feitos às claras, enquanto os comerciantes trabalham na escuridão. Foi um terramoto que fustigou os comerciantes, com réplicas sucessivas de campanhas com descontos a 50% e 75% no início de cada mês, para enterrar os mais resistentes, e deixar o freguês à mercê das grandes superfícies, que depois de destruída a concorrência, irá pagar o “santo e a esmola envenenada”. Resta agora ao “Zé-povinho”, aplaudir o “povinho do Zé”, pela “cegueira ou pela rasteira” de terem secado a maior fonte de receitas que jorrava e refrescava a economia do nosso Concelho. Isto leva-nos a pecar, e ter maus pensamentos. Quem beneficiou com toda esta estratégia? “Muitas vezes o que parece é! “Quando as folhas mexem é porque o vento-lhe-dá! F..a-se!Por quem Deus nos manda avisar”! 
Eram indisfarçáveis as saudades do tempo em que, na partida ou no regresso do estrangeiro, não era possível seguir viagem, sem religiosamente fazer uma romaria pela Vila, para matar saudades e para purificar a alma, com a beleza do colorido dos produtos expostos na fachada das lojas, que pareciam de mãos dadas unidas numa só, com a viva atividade dos restaurantes e tabernas, o carismático vendedor de cautelas, as peixeiras de rua transformadas em banqueiras para compor o fraco dia de negócio, a indispensável fonte de informações do barbeiro, o velhinho e falecido cinema privado agora ressuscitado e reencarnado em elefante publico, o comboio, o aroma dos bolinhos de bacalhau, e o engraxador. Todos trabalhavam honestamente, ninguém vivia pendurado na desgraça alheia.
De uma Vila de excelência, resta agora uma Vila desmantelada, feia, em constante degradação, sem identidade, vítima de políticas erradas, e de políticos sem vida nem passado, acomodados no presente, sem estratégia, cuja visão de futuro não vai além da ponta do nariz, e dos serões, dos magustos e das excursões, e talvez, “das nomeações de dirigentes para continuar a falir as mais nobres instituições”, desta martirizada Vila fantasma, transformada num cemitério de “vampiros” sem profissão, que continuam a sugar e vampirizar a desgraçada população.
“Judas Iscariotes” que passou a noite a “engarrafar” e a fazer contas. Com sotaque abrasileirado, falou que os “caras” cá do Burgo, tem orçamentos anuais que rondam os trinta milhões de euros. Em catorze anos de “desfile”, terão despachado mais de “quatrocentos e vinte” (deles), que davam para construir uma Vila de raiz, incluindo umas muralhas novas encima das velhas. Tendo em conta que tudo está a cair de podre, e que no exterior das muralhas, são as “ vacas leiteiras” dos “pobres” construtores que constroem os lugares de estacionamento, vias de comunicação, passeios, abastecimento de água, iluminação pública, saneamento e rotundas; tudo leva a crer que a pipa da massa tem as aduelas rotas, ou esta malta se transformou numa trituradora da “grana” pública. Terminou a declamar “João Verde”, sempre atual: “Os campos! Vêde p´r´ahi / que grande desolação! / Ai de nós, quando é que eu vi / lar sem lume, eira sem pão” ----- “Ninguém de fúnebre estancia / Oh ninguém vos ouvirá / nem os velhos nem a infância / tudo partiu! Vede lá!” ----- “Ficou por´hi meio cento / de braços, ou pouco mais / burocratas sem alento / ou políticos … feudais”.
O telefone toca, é uma cara-metade a informar que o concerto acabou. Aproveitei o silêncio para saborear a “última”, e o último fado do Alfredo Marceneiro, «O Moinho desmantelado», antes de despedir-me dos onze e do “Senhor” que não transformou o precioso líquido em água, mas dispensou o Anjo da Guarda para nos acompanhar na viagem de regresso, cujo percurso fizemos sempre pela estrada do meio. Encantados pelo bom momento passado e pela tertúlia de civismo fiscalizador (oficioso com a língua toda), do poder político e seus aspirantes (oficiais sem língua nenhuma), chegamos a “bom-porto ”ao amanhecer do dia catorze com o sol a brilhar, galos a cantar, cães a ladrar, eu a ir deitar quando a cara-metade se ia levantar, ao som do repertório de sempre (chover no molhado) adormeci… “Silencio, que (ainda) se canta o fado”!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O sorriso das vacas

03/05/2012
Sei que não é fácil atrair a atenção dos leitores para um assunto como este: “o gado”. Mas é certo que desde que me conheci como gente, até á idade de fazer-me á vida, longe da “zona de conforto”, antes que o ditador me ditasse o futuro, sempre me lembra do Pisco ser Pisco. Potente, venta fusca, cornadura imponente, era oBo(y)i de cobrição comunitário”. Um género de D. João das vacas, que fintou o destino para fugir da vida desgraçada a carretear ao lado de vacas magras, tristes, cansadas da lavoura e ainda obrigadas a procriar em nome do orçamento familiar, para garantir a ração na manjedoura do Pisco e do Fisco.
O Ti Gostinho (até salivo de falar nele), era o guia das cobrições. Muito antes de o Mário Zambujal ter escrito a crónica, ele já era um dos “bons malandros”. Quando a Sª Carolina vinha passar férias, elegante com decote a fugir para o generoso, o Ti Gostinho apreciava, agradecia e comentava: “que bem te fica essa gola alta”, e quando ela lhe retribuía o carinho que a idade o tinha esquecido, ele respondia, quando a idade começa por baixo, é assim, só resta mete-la na Casa do Povo”.
 Voltando á “vaca-fria”, o ritual de cobrição era um espetáculo concorrido e apreciado pela população, incluindo o (aficionado) Sr. Abade, homem bom, com virtudes, defeitos e necessidades de outros homens, (embora com claras vantagens de as remediar) perito na poda, com provas dadas, que Deus nos enviou como pastor, (louvado seja, era branco), à imagem e semelhança do rebanho, assim a paisagem mantinha o mesmo tom de cor, e a cristandade vivia na paz do Senhor, e no cumprimento das leis da Santa Madre Igreja, com o pastor a dar de comer às “almas” com fome, de beber às “almas” com sede, a consolar as (almas) tristes, e nas horas  de menos consolos, ainda batizava os nascidos, casava os amigos e enterrava os falecidos.
O ponto alto do espetáculo acontecia quando o trio maravilha entrava em cena. O Ti Gostinho coberto de gorra galega, vara de lodo e bigode farfalhudo, capaz de armazenar a ementa de toda a semana, o Ti Velino de barrete Mirandês, bengala e barba de três-quinze-dias, e o Pisco como vedeta principal, de cachaceira em pele genuína, que lhe dava um ar de pirata das Caraíbas. Quando o Ti Gostinho debitava as palavras mágicas de incentivo, sobe Boy sobe”, e o pisco começava os preliminares a patinar no chão, antes de subir em cima da Vaca, logo o diálogo começava a aquecer: “ que ciúmes tens do Pisco, Velino”, o qual logo retorquia, “com uma vaca diferente, até eu subia todos os dias”, e continuava, “ só queria ver o Pisco a cobrir a mesma Vaca durante cinquenta anos,” rematava a conversa com um saudável car(v)alho, que era como que o ponto final nos diálogos do antigamente.
Tudo mudou, a tradição nunca mais será o que era. Hoje, as vacas já despertam a atenção das mais altas figuras da Nação, tal como aconteceu na visita presidencial aos Açores em 21/09/2011, em que o Sr. Presidente comentava: “ ontem reparava no sorriso das vacas. Estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”.
Tal como nos Açores, como é delicioso ser Boy e Vaca no Continente. Cavaco sempre percebeu que o seu (risonho) futuro passaria pelo mundo rural, e que Portugal sempre dependeu do gado: do bravo e do manso. Ele sabe que as vacas já deram provas do seu patriotismo. Quem não tem na recordação a Batalha de Salga em 1581, onde oitenta destemidas vacas desceram das pradarias, investiram contra os afoitos desembarcados, e desbarataram a invencível armada de Filipe II. Cavaco sabe que onde não há carga de cavalaria, sempre resta a carga da vacaria.
O Timoneiro que suplicava, “deixem-me trabalhar”, declarava, “nunca leio jornais”, e afirmava “nunca me engano e raramente tenho duvidas”,( tantas vezes nos enganou) é ainda conhecido por “pai do Monstro, do Centro Cultural de Belém, do B P N, de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima”, pode ainda reclamar a paternidade do I R S, I R C, e dos chorudos subsídios comunitários, para  manter Boys e Vacas  cada vez mais gordas, a pastar  nas pradarias verdejantes de  famílias  cada vez mais magras, que são o prenuncio do fim da abundancia, e da era do caVaquismo. O fim da fartura anuncia miséria, a que o “Homem do Leme” não conseguiu escapar, nem as mordomias das ajudas de (nosso) custo, cama, mesa, roupa lavada, e a misera reforma de 12.000 € mensais, acrescidos das prendas nas ações do Banco Pai Natal, 147 mil mais 209 mil euros (de recompensa ao pai e à filha), por obra e graça (de Oliveira e Costa) do Espirito Santo, não chegam para pagar despesas e garantir uma vida digna de um cidadão digno, que não é a mesma vida de um velhinho (indigno), que tem a alternativa de morrer à mingua, emigrar, ou desenrascar-se com a “pechincha” de 300 € mensais, para pagar taxas moderadoras, medicamentos, renda da casa, água, luz, alimentação, deslocações, sem cama, mesa, nem roupa lavada, e sem as ajudas (de custo) da própria família.
Voltando ao “gado”, era uma delícia, assistir às tertúlias em que os velhos amigos comentavam as suas aventuras da praia. Descalços de calças arregaçadas, a banhar os pés, com a vista a pastar nas esculturais filhas de Eva, antes de entrar noite dentro, em pastagem de maior proximidade, a deixar-se embalar pelo “savoir faire” das representantes da mais antiga profissão do Mundo, para terminar a noite numa adega a cantar em coro: “Quero morrer numa adega/ com um copo de vinho na mão/ a adega é o meu cemitério/ a pipa o meu caixão”. Deus não gostou das cantorias, e não ouviu as suas preces. Para que as minhas não tenham o mesmo destino, vou meter uma cunha a São Roque protetor do Gado, para interceder perto do Criador, que tenha a caridade de não castigar este pobre pecador, com a maldade de o obrigar a viver para eternidade, no meio de Boys, Vacas, e Vaqueiros transformados em serventes de Vacaria da Troika, que transformaram os “Heróis do mar nobre povo”, numa manada que já iniciou a marcha para o matadouro, aos pinotes de contentes enfeitados com raminhos de rosas nas hastes.
 Renascem os traumas, erguem-se os espantalhos da emigração, sacode-se o pó do velho vinil para recordar a arrepiante melodia: Partir é morrer um pouco”.
“Adeus parceiros das farras / dos copos e das noitadas / adeus sombras da cidade [.] Adeus langor das guitarras / canto de esperanças frustradas / alvorada de saudade.”
“Meu coração como louco /quer desgarrar-me do peito /transforma em soluço a voz [.] Partir é morrer um pouco / a alma de certo jeito / a expirar dentro de nós.”
“Deixo minha alma no cais / de longe quero sinais / feitos de pranto a morrer [.] Quem morre não sofre mais / mas quem parte é dor de mais / é bem pior que morrer.”
É o fado de um povo que anda de cócoras, que perdeu a vergonha, a alma, a dignidade, dependente de esmolas, que vai definhando e morrendo do parasitismo de si próprio, num País sem rumo e sem convicções sem inteligência, governado com políticas de interesses e compadrios, em benefício de “boys e Vacas”.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A vida é bela.

01/03/2012
                Um amigo, que não dava sinais de vida há algum tempo, vestido de preto, parecia um avô no regresso dum funeral. De pé, encostado ao balcão do bar, tentava fintar o estômago fora de horas. Após os cumprimentos da praxe, e o cordial envio de saudações para a família, disse que era empresário. Encolhi os ombros, o amigo achou bizarra a minha reacção. Era uma actividade de onde eu já vinha, (farto de manter gandulos), com a testosterona pelas ruas da amargura!
Era verão, um calor abrasivo, o amigo tremia como se de um rigoroso inverno se tratasse. Tinha saído de casa pelas seis e pico da manhã, depois de descansar algumas horas, para cumprir os compromissos salariais com os empregados, subsídios de férias, Segurança Social, IVA, rendas, empréstimos, e por último dar apoio a família, que já não via há três dias e três noites, apesar de viverem juntos cobertos pelo mesmo telhado. Ingenuamente, sem outras intenções respondi: A vida é bela! Quem tal palavra deu, se o arrependimento mata-se, por esta hora o que seria da minha vida. Como por arte mágica, o amigo parou de tremer, começou a transpirar, acabou-se-lhe a pressa, convidou-me para a mesa, e lá vai disto! É bem verdade, aqui se fazem, aqui se pagam, nunca pensei que a mesa dum bar, serviria de púlpito para um sermão e missa cantada, que até os santinhos atam as mãos à cabeça.
De voz cabeluda, visivelmente irritado, começou a debitar. “A vida é bela para o Catroga (raia graúda), que nos fez a cama com programas eleitorais e privatizações governamentais, que não discute “pentelhos” como os 485€ do salário mínimo nacional, para discutir á luz da E D P Chinesa, farfalhudas “pentelheiras” salariais de 2.500€ diários, 55.000€ mensais e 650.000€ anuais á custa do povo. Um povo que está na miséria e deixa passar estas trafulhices, é um povo moribundo que não presta, não merece nada, nem a dignidade justificativa da sua existência”. “A vida é bela para a (raia miúda) “gentalha”, que serve de sustento e de serapilheira do poder político, que se gaba de usufruir do rendimento mínimo à pala dos que não tem rendimento nenhum, que dormem a sesta na hora do calor, para depois de coçar os “tintins”, ir passear pela rua de proa levantada, armados em cucos e donos da herdade, à custa de burros como eu, que andam o dia todo com cara de cu à paisana, para que eles não passem necessidades”. “A vida é bela, para os que andam por aí, a picar-lhe a cevada na barriga, sem hora marcada para dar a “pelotada”, com a única preocupação de afiar o corta palha, antes de sentar-se à mesa para abrasar a caldeira”. “A vida é bela, para os que tem o tempo do mundo para abrir buracos, enquanto outros burros tapam os buracos cavados pelos governantes, coveiros das nossas sepulturas”. “A vida é bela, para quem não tem preocupações com os salários dos empregados, com a renda da casa, com os empréstimos, com o IMI, com declarações de IRS, IRC e com os transportes dos filhos, refeições, com o material didáctico escolar, e que ainda lhes sobra tempo para ir á feira da ladra, negociar o Magalhães para comprar tabaco”. “A vida é bela, para quem tem as instituições de solidariedade a angariar alimentos doados pelos que pagam impostos, para lhos levar a casa e nem sequer terem a chatice de os ir buscar”. “A vida é bela, para os que fazem biscates quando lhe apetece, ao preço que lhe apetece, enquanto nós, “Lusitanos de Lei”, com cara de vitela agoniada, perdemos o emprego, ficamos a ver os “canigâncias de afecto” a poupar no papel higiénico, porque o olho traseiro dessa malta, até já aprendeu a ler de tanto ver facturas”. “A vida é bela, para quem se preocupa apenas no final do mês, com a vinda do carteiro para receber o rendimento em metal sonante para o qual tanto trabalhou”. “A vida é bela, para os doentes da espinha dorsal, aleijados da coluna vertebral, que os leva à paralisia total, paralíticos, órfãos de referências e de valores, cuja verticalidade vai oscilando segundo a oportunidade, e a necessidade de recorrer à caridade, aniquilando irremediavelmente a competitividade e a rentabilidade. No rol desses empenados, lideram destacados, as espécies rastejantes, de Boys e Girls, à frente da lepra e da tuberculosa, da sida e da febre aftosa, e da praga dos gafanhotos”. “ A Vida é medonha, para a classe média que se vai desagregando na imbecilidade e na inércia, que se deixou entalar entre a “fé e as fezes”, pobres pecadores que arrastam a cruz até ao calvário, onde serão crucificados (no meio dos ladrões), com cravos (já) enferrujados, que os levarão à agonia. Só que desta vez, não haverá pai do céu para perdoar esses (ladrões), que sabem perfeitamente aquilo que fazem.”
Um curto silêncio, senti a mão do meu amigo encima do ombro. Ele viu o meu olhar no vazio e perguntou! Onde estas? Tinha recuado até Maio de 68 nos Campos Elísios em Paris, a ver ruas barricadas, calçadas arrancadas, montras espatifadas, casas queimadas, linhas férreas enferrujadas e prateleiras das lojas depenadas.
Tal como (Dany le rouge) Daniel Cohn-Bendit viu, os nossos jovens terão de ver que o rolo compressor não vai cessar de lhes esmagar o futuro.
Nunca poderá reescrever-se a história. Porém, não andará muito longe a narrativa do próximo capítulo. Quem sabe se o Maio de 68 Francês, terá início no Maio de 2012 Português?
Faço votos que esta peregrinação do mês de Maria, tenha inicio no mês de Março, para pagar a promessa à Sr.ª de Fátima, que nos livre desta maldição,
Reconheço, que da minha geração não saiu grande espingarda: cresceu amordaçada, só abriu a boca quando o velho de Santa Comba decidiu cair da cadeira. Depois do 25 de Abril foi sempre embarretada, de boina na mão, cobarde, inculta, analfabeta, subsidio-dependente, e catalogada de Geração Rasca. Os filhos, herdeiros dos piores tiques, formados em cursos das novas oportunidades, transformadas em oportunidades perdidas, servem apenas para falsear as estatísticas do milhão e meio de desempregados, com os horizontes tapados, catalogados de Geração à Rasca. Com tanta “rasquice”, os nossos netos só poderão ser catalogados de Geração Desenrascada.
Numa das fontes do meu blogue (nortadasdominho), acabei de ler uma ficha de revisões de um aluno do 7º ano, que lhe foi pedido para indicar a diferença entre, Solução e Dissolução, que o “puto” de 12 anos resolveu assim: “Colocar um político português num tanque de ácido sulfúrico é uma dissolução! Colocar todos é uma solução! Se liofilizar, teremos o mais puro extracto de merda do Mundo!”
Com estes nacos de sabedoria, fico animado e sinto que um futuro melhor vem a caminho. Os netos podem contar com (alguns) avós para correr com “governanças” feitas a partir da jaula dos macacos, e para que os políticos que empurram o povo para a miséria, sejam castigados nos tribunais e não só nas urnas eleitorais, premiando os políticos de pá e pica para construir o futuro das próximas gerações, erradicando do horizonte o “lodo dos sanguessugas”, que só pensam nas próximas eleições.
Enquanto eles dançam o tango, nós continuamos de tanga. Pode Bento XVI recomendar para que,”sigamos o caminho da pobreza e da obediência”. O caminho da pobreza já vai longo, o da obediência acabou. Quando quem manda perde a vergonha, quem obedece perde o respeito…Netos ao poder! Já…

domingo, 29 de janeiro de 2012

Campos da bola & Batatais.

(15/01/2012)
Uma lição de vida, para fazer pensar os gestores da carteira familiar, e demais gestores menos familiares da carteira alheia. Um canal de televisão estrangeiro destacava a notícia que o vencedor de um programa televisivo recusou receber o prémio que tinha ganho e lhe pertencia.
De frente para as câmaras, um “cheque de dois metros quadrados” assinalava em numerário e por extenso, a simpática quantia de 80% do valor de um automóvel de luxo, que na totalidade custava “78.000 euros”, com as condicionantes de o galardoado pagar os restantes 20%, e conservar o luxuoso premio na sua posse durante três anos, (esqueçamos o modelo da “bomba” para não salivar). Descontraído, e como se nada fosse, o Homem passou uma vista de olhos pelo cheque, fez um breve compasso de espera, e de um gesto teatral, tirou um papel e um lápis do bolso e começou a fazer contas. Num abrir e fechar de olhos concluiu, que os 20% que faltavam para pagar o carro, valiam 15.600“ euros” das suas poupanças, que já tinham destino traçado para mudar as janelas da casa e para dar um jeitinho no telhado. Recusou o premio, que de imediato foi entregue ao segundo classificado. Este, sem lápis sem contas e sem papel, e com um sorriso rasgado até as orelhas, aceitou o prémio que logo foi hipotecar ao banco, para “afiançar” o resto que lhe faltava para comprar o luxuoso carro.
Passado algum tempo, uma equipe de reportagem do mesmo canal, foi á procura dos antigos galardoados, encontrou o que “fez contas” no aconchego familiar, e na casa com janelas e telhado novo. O outro que aceitou o prémio sem fazer contas, tinha deixado de pagar as prestações ao banco e ficou sem carro, deixou de pagar a renda da casa e foi para a rua, os familiares foram tratar de outra vida menos “luxuosa”, o sorriso rasgado até às orelhas caiu-lhe até aos queixos, e foi encontrado a dormir dentro de um cartão á porta do Metro da Cidade.
                Quando tomamos estas decisões sem pensar, a cabeça as faz, o corpo as pagará. Mas quando são tomadas em nome colectivo, a cabeça as faz e os corpos as pagarão!
Já estamos esclarecidos, que também vamos acabar a dormir na rua, para pagar mais um campo da Bola que está a nascer ao lado do “Elefante branco” das Piscinas Municipais, o qual depressa se transformará em mais um elefante “cor-de-rosa” que vai colorir a matilha, e os lucros de um qualquer banco, e aliviar as despesas de um qualquer clube, interessado em fazer daquilo a sua residência secundária, cuja manutenção será suportada com a “Rapinaria” do subsídio de Ferias, de Natal e mais meia hora de trabalho diária á borla, para que os autores da “Rapante Negociata” sejam “venerados”, á custa de muitos que (sem ofensa para os orelhudos) nada se perdia com a sua extinção!
Quando o País está “careca” de peregrinações descalças para redimir-se das “Elefantinas” edificações “das fintas” do Euro 2004, voltamos a nascer das (penumbras) cinzas, para mostrar ao Mundo, que em tempos de vacas esqueléticas, e de famílias com dificuldade para manter o lar, e a alimentação dos filhos, lá vamos nós triunfalmente de cócoras, com a albarda às costas, arreados de impostos a caminho do Guinness Book dos sem juízo, ao permitir que “miseráveis”, (por falta de dinheiro) fechassem a porta aos empregos, Escolas, jardins de Infância, Secções de Bombeiros, Correios, Centros de Saúde, comércios, e ainda aos passeios de estudo escolar e à climatização nas escolas. E que (por abundância de dinheiro), abrissem a porta à fome, à miséria, à cama na rua, aos mega Magustos, às Excursões (a saldo),  e à construção de mais Campos da bola, que vão juntar-se à outra dúzia “deles”abandonados pelos Concelho, os quais deveriam ser transformados em batatais, para pôr os Boys (pelo menos) a produzir as batatas que comem com o  bacalhau que nós pagamos, e para fornecer os produtos hortícolas às cantinas escolares Municipais.
Este “regabofe”, só vai terminar quando quem passa a vida a trabalhar se chatear, se zangar, e se fartar de pagar e não bufar, para manter lambões “domesticados” a comer e calar, e permitir que seus donos derretam 220.000 contos mais 50.600 contos de I V A, em mais um “elefante” cuja comparticipação nos pode custar 30% acrescidos de despesas de projecto e outros equipamentos, e tendo em conta que em casa que “se governa (m)” sem fazer contas, não há milho no Canastro, e não havendo milho no Canastro, à que ir ao milho do (Canastro alheio) Banco, que para largar o “chouriço” dos juros precisa do “porco bem cevado” para podermos alcançar o “calote” de 140.000 contos, que os nossos netos, e os filhos deles vão pagar, com a língua de fora, depois de nos amaldiçoar mil vezes, pelo  laxismo e incompetência, e por lhe termos destruído e hipotecado o futuro.
Deveriam os fanfarrões “dos Magustos e Excursões”, aprender as lições, com o Sr. Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, que baixou a factura da água, I M I, I R S, taxas de saneamento, e paga aos credores na hora. Deveriam também, por os “óculos” na Câmara de Barcelos, que paga o subsídio de Natal e de Ferias, porque não anda a “cevar” Boys. Também daria jeito o exemplo da Câmara de Gaia, que ordenou aos Vereadoras, para se deslocarem de Autocarro ou Táxi, e para que os veículos regressem á garagem às cinco da tarde, e quem quiser “fanfarronar” o resto do dia e fim-de-semana á custa do “orelhudo”, terá que o fazer a pé ou á boleia dos lambe botas (que não tem outra utilidade). Ponte de Lima abdicou da totalidade do I R S em benefício dos seus Munícipes. Por cá, “eles os ricos” sem eira nem beira, impotentes para “levantar o que seja”, querem levantar tudo, desde a factura da água até á licença dos cães, para festejar (á tripa-forra) os Santos e Santas populares do ano todo.
Convertidos em promotores de excursões (com cama e mesa), espectáculos (comidos e bebidos) e na “recolha” de agentes “desportivos” falidos, que vem a cambalear do privado cair nos braços do “asilo” das Piscinas Municipais, para recuperar forças na “musculação, futebol e natação”, e na “caixa” das receitas das (nossas) instalações públicas, cujas despesas de manutenção ficam a cargo das (nossas) carteiras privadas. Dizem as “aves de rapina”, que com os salários “rapinados”aos funcionários, podem combater a concorrência e manter vícios de rico, a meia dúzia de “apaniguados e escalavrados”.
Tendo em conta que “aquilo” só traz despesas, sem nenhum beneficio para 99,9% da “malta” que não vive de vícios e “chulices”, fica a sugestão de os serviços ali prestados se converterem em esmolas, na condição de os “sem abrigo” nos agradecerem com rezas de, Avé Marias (cheia de graça), Santa Marias (Mãe de Deus) em coro com o Pai-nosso (que esta no Céu), a zelar pelo Pão-nosso (de cada dia), que lhes dê forças para que não apanhem frio ao sair das aguas tépidas dos “tepidários Romanos” enquanto os benfeitores, tem de se fazer á cama, a cantar o hino nacional para espantar o frio, armados com a botija de agua quente e secador de cabelo, para dar calor térmico e ventilado às partes inferiores, enquanto aguardam a entrada em funções, das naturais e fisiológicas ventilações. Para eles é sol na eira, para nós é lume no naval. Se tivéssemos lá em casa e nas escolas, o conforto de climatização que “eles” têm nas piscinas, teríamos que as vender (casas e escolas) para pagar a conta á E D P. Este é o perfil de “gente”, a quem não se pode confiar a “mercearia”! “ Gastam para ganhar eleições, e hipotecam o futuro das próximas gerações”. “Eça de Queiroz” sempre actual; “ Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”!