Sem tempo para respirar nem para
colar os cacos deixados pela Troika dos ricos que tinha tudo e queria mais, eis
o milagre das rosas com a Troika dos depenados que não tem nada e quer tudo, liderada
por alguém que odeia quem ganha por “poucochinho”, adora quem perde por “muitochinho”, e acha que com “trafulhices
e rasteiras” pode governar um país e um povo, medindo os dois pela bitola dos da
sua laia.
Pobre classe média. Mercadoria e escravatura dos tempos modernos, outra
vez entalada entre pobres e ricos, a rezar pelo Marquês de Pombal, para a libertar
do garrote asfixiante que a levará até ao cadafalso.
Faz lembrar-me um casal com
filhos, uns, ajudam os pais, outros, criticam tudo, dão lições de moral a toda
a família como se deve gastar, sem saber por onde lhe pegar para ganhar e poder
pagar, esbanjando tudo nos copos, até á destruição da família e do património familiar.
Só quem anda distraído poderá
ficar surpreendido com o espetáculo deprimente a que assistimos. Desta geração de
políticos dificilmente se poderia esperar melhor. É só retorica de ataque e
defesa, de resto nada mais.
Sendo católico praticante de vez-enquanto, prometo
ao Pai-do-Céu, neste momento miserável, um sermão e missa cantada com mais de
dez padres, para agradecer o milagre de neste interregno de “Desgovernação”, nos
libertar desta canga, e varrer de uma ponta à outra, com este saco de gatos
assanhados, mandando-os alimentar-se ao caixote, lá onde eles e as agências de
rating colocaram um dos Países mais tranquilos do mundo: LIXO.
Há dias li o comentário de um
leitor, relacionado com o artigo de um jornal Espanhol que dizia: ”Portugal, aquele País maravilhoso arrisca-se de ser governado por um político sem
escrúpulos”. Lembrei-me logo de uma antiga fiada na freguesia vizinha, onde
os anfitriões não acharam graça nenhuma de nos ver a querer contar a história
da carochinha às suas mossas. O Meia Leca que por razões obvias só valia por
metade, viu que a coisa ia descambar para o torto e que o “futuro” estava do
outro lado, foi completar a meia dúzia dos cinco (rivais) e meio, obrigando-nos
aos dois colegas a aguentar a parada, e decidir por unanimidade a prudente
decisão de dar à sola em retirada apressada, iluminados pelo luar, que na fuga
nos dava pelas costas a projetar a nossa sombra lá para a frente, com o meu colega
a gritar: “ foge pá que esses gajos são uns gigantes do c…lho”.
Já em terreno mais acolhedor,
esperamos de escopeta apontada, carregada com cartuchos a cacos de pote. Os
gigantes não vieram saborear os cacos. Porem, não consegui demover o colega,
que fez questão de esperar o (cobarde) Meia Leca, para aquecer-lhe o pelo e
atirá-lo em pelota à corga. Isto traduzido em linguagem-chá, é o mesmo que
mimar o amigo com o mesmo miminho que nos deseja, atirando-o ao riacho tal como
Deus o atirou ao mundo, antes acender uma fogueira com a roupa para espalhar o
frio de uma espera tão longa e gelada.
Será a maldição das Troikas?
Nunca pensei chegar à idade que cheguei para ficar órfão de quase tudo aquilo
que mais admirava. Na política vê-se por aí uns “Gringos” que casam por
conveniência, cujo projeto de vida se limita à divisão do valor das prendas,
sem outro horizonte nem outro futuro para os filhos e para o dia de amanhã.
Outros, com postura mais bondosa e mais “cool”, saltam logo para uma “menage-a-trois”
com quatro, a curtir mais uns momentos “bacanas no ripanço”, deixando o
abastecimento da manjedoura ao critério da parolada, e o mundo nas mãos de Deus
para que tenha mão nele já que é fruto da sua invenção.
O mesmo é dizer, que votar neste
tipo de gente é saltar no desconhecido, e certificar-como-bom aquilo que mais se
deve condenar no comportamento de alguém ao longo da vida. Cobardia e deslealdade.
Isto não vai pelo bom caminho e
não se vislumbram abertas nem melhorias para os próximos tempos. Muita
juventude pensa que a vida é um filme, e que um governo é um jardim-de-infância
mas não é. Só deveria poder governar quem aprendeu algo na vida, e que em final
de carreira colocasse aquilo que aprendeu ao serviço da comunidade. Que mais- valia
traz um “rapazote”, que em casa precisa dos pais para lhe assoar o nariz, que
em vez de pegar no pau do cabo da picareta para trabalhar, pega no pau da
bandeira partidária para sentar-se à mesa do Orçamento do Estado a lambuzar à
custa da miséria do povo? Depois queixamo-nos da desgraçada vida que temos.
A ideia que a vida é um filme é o disparate de um povo que adora olhar
para a lua através da sargeta dos esgotos onde vive. Em vez de limpar a
porcaria que tem à volta, prefere sonhar que pode sair dali com azinhas ou que
o Pai Natal e o governo os virão desenterrar.
Sei que nós Portugueses, quando nascemos, nascemos sempre para ser
grandes. Mas por esta ou por aquela razão, nunca passamos de pequeninos e a
culpa nunca é nossa. A culpa é da crise, dos mercados, da Europa, do azar, do
governo, da oposição, da falta de subsídios, das cunhas, dos políticos, dos capitalistas
e dos chupistas, do sol e do frio ou até dos “c…ões do padre Inácio”. O mundo
parece conjugar contra esta espécie predestinada a ter um lugar ao sol, mas que
a p.ta da vida teima em deixar ao relento sem nunca percebermos pela alma de
quem.
Nunca mais entendemos, que o mais
normal é que existe sempre alguém melhor do que nós, a querer mais do que
aquilo que queremos, o que é para nós uma grande chatice. Quando era pequeno também
queria ser padre, embora hoje reconheça que seria uma desgraça, com a agravante
de agora não poder desabafar com o filtro do costume. Parece porém uma
“lapalissada” dizer, que quem é bom chega sempre lá, e quem não o é fica com o
que há. Resumindo e concluindo, cada um tem aquilo que merece.
Se a vida fosse um filme e cada um fizesse o que lhe apetece, não
existiriam homens do lixo, contínuos nas escolas, manicuras, cangalheiros,
caixas de supermercado, estafetas, padeiros e porteiros, pedreiros nem
carpinteiros. Enfim, tudo profissões com as quais ninguém sonha mas sem as
quais não conseguimos viver. Muitos não terminaram a escola obrigatória. Mas
são muito mais inteligentes, espertos e felizes, que toda essa carrada de amestrados
que mete dó a arrastar penosamente a alma pelas ruas da amargura.
O sonho só se da bem com os
poetas. Quanto ao resto, é o acordar que importa para ver que há sempre alguém
melhor, e não ter medo de fazer outra coisa, mesmo se isso implica fazer algo
contra aquilo que estudamos, e receber um terço daquilo que sonhamos. Cada um é
pago por aquilo que vale, na verdade quando começamos valemos muito pouco. Um canudo
no bolso, só serve para iludir na política, de resto a vida não deixa de ser o
que é.
Diz o povo que sonhar não custa, razão pela qual não vale a pena
sonhar. As empresas borrifam-se para os sonhos dos aspirantes a doutores. O povo
deverá evitar problemas, borrifando-se para os aspirantes à mama da mesa do
orçamento do estado. Há que fazer-lhe baixar a crista, vestir-lhe o fato de
macaco e mandá-los trabalhar.
Os jovens que admiro, são os que
procuram trabalho, e que deixam essa coisa rara do emprego para os apaniguados
e para paus mandados. Os jovens que trabalham são o nosso futuro. Depois de
resolver a vidinha familiar colocarão ao serviço da comunidade o que aprenderam
ao longo da vida. Os mamões são a nossa desgraça.
Para os aspirantes à mama, e para
os mamões no ativo, aconselho a teoria do meu colega. Aquecer-lhes o pelo e
atirá-los à corga em pelota, e acender uma fogueira com a roupa para espalhar o
frio que nos fazem passar.
Acabou a era dos governos Caloteiros e presidentes Politiqueiros. Entrou a dos Sendeiros e dos Trauliteiros.
Assim nunca mais é sábado, nem a Troika nos desampara
a loja.