quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A proliferação dos cucos.

(15/11/2000)
Não conheço cego mais cego, do que aquele que tem olhos para ver e não vê. Os cegos por opção que apenas tem olhos pelos seus interesses, de preferência nas costas da vizinhança, admito que pensem que sou do género de pessoa que cai de pára-quedas no meio do deserto e logo grita, “se há Câmara, sou contra.
Não é verdade, apenas me preocupa que os outros não compreendam logo á primeira, que a situação do nosso concelho não é comparável á do copo meio cheio, mas sim á do copo quase vazio.
De resto até sou um sujeito optimista quanto ao futuro, porque me parece que até estas situações menos agradáveis, não passam de sol de pouca dura e de água de instantânea fervura.
Acho até, que nada de mal poderá acontecer a um país que paga aos “validos” para dormir de dia, à custa de “inválidos” para quem é sempre noite, e que promove concursos em que qualquer analfabeto pode ficar milionário, a decorar títulos de novelas Mexicanas, tudo isto nos intervalos de programas mais “culturais” como o “Big Brotter” de finíssimo vocabulário, onde nem a honra da mãe escapa, para não mencionar a delicadeza da produção do programa, que leva a coisa até ao pormenor de colocar uma câmara na sanita (de olho atento) a vigiar o “olho traseiro” para que a malta não perca pitada da historia, narrada á volta do dito (cu) jo. Não comento as dissimuladas cenas de sexo, que mais parecem a lua-de-mel de enlaces num lar de terceira idade.
Depois ficamos todos chateados quando os Etíopes nos tratam de mendigos da Comunidade Europeia, eles a quem conhecemos como cartaz da miséria Mundial. Só que depois da coisa bem pensada, eles arrecadaram oito medalhas nas últimas Olimpíadas, e nós Europeus dos píncaros do modernismo, regressamos com duas de cortiça, mas pouco importa, o que importa é festa rija e mais pó nos olhos do Zé-dos-anzóis que também tem direito á sua festinha, pelo mérito de manter viva a tradição de que, “ pela boca morre o peixe”.
No que toca á tradição ainda continua a ser o que era, continuamos campeões das vitórias morais, e no que diz respeito `proliferação dos “ Cucos sem penas”, estes mais interessados nos ninhos alheios e nos tachos, capazes de tudo até de sacrificar a avó, não olhando aos meios para atingir os fins, que nos impedem de alcançar o outro lado (onde residem os que tem algo para dar), ficando encurralados “nesta banda” com a lágrima no olho e miseravelmente de mão estendida.
Desnecessário será relembrar que os cucos são aves migratória (tal como os Boys) da família dos cuculídeos, com reportório a frisar o medíocre, que insistentemente lá do alto do poleiro, debitam todo o reportório para espantar o melro, e na sua ausência ir por o ovo no seu ninho, que depois o desgraçado irá encubar para dar vida ao intruso malfeitor, que com as asas vai deitar fora do ninho a filharada do melro, por quem passou a vida a trabalhar. Esta é a lei que a mãe natureza nos ditou relacionada com os cucos (sem penas), medíocres (mas) com tempo para chatear, ao contrário dos melros, músicos por excelência (mas) sem tempo para cantar. Com cucos a mais e melros a menos já não há ninhos para albergar tantos depenados que agora se combatem e destroem mutuamente, para bem do equilíbrio deste desastre ecológico com tantos “depenados” que já metem pena.
É claro que estas pragas só alastram com a ajuda da mãozinha de alguma classe política, que por falta de argumentos para esgrimir e defender seja o que for, só com a ajuda da carteira do freguês que tem ao seu dispor, é que conseguem dissimular a incompetência e a realidade das coisas, oferecendo festa brava e tachos recheados. Quanto a empregos, só no rendimento mínimo para falsear a estatísticas do desemprego, e para que o estrangeiro de fora, veja o empenho dos nossos governantes (coitadinhos) que fazem o sacrifício de Governar com salários que nem ultrapassam os 10 mínimos nacionais, com mais três mínimos para ajudas de custo, viatura com “chauffeur”, alojamento etc., etc. Neste etc. Podemos incluir os descontos para a caixa, que num mês contam dois, seguros, uso e porte de arma “e o diabo a quatro”; se isto não é ter amor pelo freguês, fico com serias dúvidas, o que será o verdadeiro amor.
Tal como o melro necessita da silvaria, eu necessito de relembrar aqui o Tio Chico, amigo do seu amigo que (sobre) vivia da sua pensão, era homem de pouca letra, inteligente e nunca dispensava o burro como meio de transporte de eleição. “Perito” em burricadas, dizia nunca ter visto um burro converter-se em cavalo de corrida. Em todas que participou (com burros), só uma vez conseguiu chegar á meta, mas teve de usar a táctica da cenoura: trata-se de atar uma “guita” na ponta da vara, uma cenoura na ponta da “guita”, por a cenoura dois palmos á frente do burro, e sabendo que esta tralha só avança se sentir que á algo para trincar, lá vai avançando até ao destino pretendido, só que a táctica é de tal maneira dispendiosa que não há cenoural que resista para saciar o apetite de toda esta Burricada. Mais em conta ficaria a táctica da pimenta picante, que o Tio Chico não usa não sei porquê.
Desculpem lá, o prosaico terra-a-terra e trivial em que este assunto se transformou. Mas que querem? A vida é assim mesmo. Desta vez safou-se o Burro, e sairemos nós com o OF-deguines a arder! E para ou cucos acabou-se a Primavera.”Voilá”.

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