quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Cantar das cigarras.

(01/08/2000)
Ao ler-me vai pensar que sou um pessimista e um mal dizente. Não é verdade, fico até optimista quando em época que ainda se festeja o Stº António (Guterres), ouço dizer que dentro de quatro anos vamos todos estar ligados à Internet. Não tenho duvidas da boa impressão que vamos causar no estrangeiro (de fora) só que, resido na Freguesia de Riba de mouro, e tal como os meus compatriotas gostaria de, em primeiro lugar, ver as torneiras da água das nossas casa ligadas à rede pública, e só depois falar em “On Line”.
A falta de experiencia e  excesso de arrogância, fazem com que os principais “animadores” do executivo camarário, tomem medidas que nos fazem recordar os famosos três “fff” de outrora com a mesma finalidade de esquecer a miséria para que somos empurrados no dia-a-dia.
Talvez, influenciados pelo cantar das cigarras (certo é que quem canta, seu mal espanta), estes senhores promovem”dia sim dia sim”, farras, borgas acompanhadas de provas e degustações, de tudo que dê para trincar e molhar a palheta, e certamente para adoçar o paladar de alguns fregueses, que já não conseguem disfarçar as carrancas provocadas pelo fastio de anos de desencanto e escuridão como o do apagão provocado pela cegonha entretanto falecida.
Esperamos das cigarras a mesma benevolência dos larápios que respeitaram a memoria da falecida para cumprir um período de nojo, porque “cantar” ou roubar às apalpadelas é coisa que já não de usa.
Os tempos são exigentes, os presidentes de Junta, homens práticos, decididos não darão descanso para defender os direitos de quem os elegeu. Só que, a as Câmaras que não sabem lidar com maiorias, transformam-se em verdadeiras fortalezas, que só a arma do voto consegue destruir.
A Câmara de Monção, fechou-se dentro das muralhas da Vila, e ao contrário da Deu-la-Deu, abandonou os irmãos à sua sorte por todos os recantos das Freguesias do Concelho.
Dentro das muralhas, alcatroou-se tudo que havia para alcatroar, iluminou-se tudo que havia para iluminar e ladrilhou-se tudo que havia para ladrilhar. Quando comparamos isto com as dificuldades das Freguesias, dá para pensar que as solas dos sapatos de alguns, são mais importantes que a dignidade de tantos outros, que vivem nas Freguesias no limiar da pobreza, sem usufruir dos bens elementares de primeira necessidade, tal como (vejam só) a água.
A Câmara de Monção pode hoje compara-se a um “monstruoso” monstro que devora metade do seu orçamento com os salários; porem o gabinete da Presidência & companhia, vivem uma folgada e aparente riqueza que não passa de aparência porque na realidade, a Câmara está a comer fiado e carregada de dívidas que pagara aos soluços nas próximas décadas.
Os nossos netos, que ainda não imaginamos a que luz vão ser concebidos, (se à luz do sol, da Lua, se à luz toda poderosa da E D P), pagarão as favas, vão nascer falidos, carregados de dívidas sem delas tirar ou usufruir qualquer proveito.
Nos últimos dois anos, a Câmara pediu empréstimos no valor de dois milhões de contos, sei que estes palavrões nos deixam sem fala, mas acho que vale a pena fazer um pequeno exercício; se uma nota de mil, ocupa uma área de 70cm2, dois milhões de notas cobrem três campos de futebol, e se acrescentarmos mais seis milhões dos últimos três orçamentos, cobrimos mais nove campos de futebol com notas de mil, enquanto nos continuamos a jogar nos pelados, a ir com o pote á fonte e a dançar descalços na lama as melodias do cantar das cigarras.
Haverá um ou outro (desprevenido) que se atreve a dizer que a obra feita, justifica os gastos de tanto dinheiro; aconselha essa gente, uma urgente visita ao oftalmologista e que iniciem a vida empresarial a vender chupetas á porta da maternidade e a deixar-se embalar pelo cantar das cigarras, encerrando os olhos, verão que tudo são rosas, e nem se perceberão que estão a murchar, antes de acordar num jardim de terra queimada.
Riba de Mouro tem sido um martírio. No inicio do mandato, a freguesia tinha aprovado 60.000 contos para abastecimento de água e mais 17.000 para arranjo da estrada principal da freguesia. A Câmara toda-poderosa retirou tudo sem dizer (água vai) nem passar confiança aos pobres, e na mesma altura comprou o Cineteatro (João verde) pela mesma quantia que nos retirou o que leva a crer que foi Riba de Mouro quem pagou.
Há quem diga que o Cineteatro será mais um elefante branco desde a aquisição, 70.000 contos e reconstrução que pode custar mais 500.000 contos acrescidos da manutenção do elefante que vai concentrar todo seu peso encima do Concelho que será esmagado com mais uma dúzia de tachos e panelas para Boys e Girlls, sentados a mesa do orçamento, com todo o tempo do mundo para procriar em nome da Pátria.
Mais tarde seus rebentos irão pagar as dívidas dos progenitores, e só compreenderão o que lhes terá acontecido depois de uma leitura atenta á história da “Cigarra e de Formiga”!

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