quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Entre a espada e a parede, há heróis de Calças na mão.

(01/02/2001)
O Orçamento geral do estado, além de confirmar a nossa posição na cauda dos países da Europa, e a eminência de receber o testamento de alguns países do terceiro Mundo, decapitou e levou numa bandeja de plástico, o meu sonho de criança e meus heróis de capa e espada, vencedores de heróicos duelos, dos quais saltou para a luz do dia, a sublime frese: “Entre a espada e a parede”, símbolo de situações de difícil saída que requerem coragem. Os (anti) heróis dos nossos dias, usam a força do verbo em vez da espada, lutam à queijada (Limiana) e muita conversa fiada, e logo ao primeiro susto deixam cair as calças no chão. Transformam-se em poderosas máquinas de lavar cérebros, para legitimar orçamentos monstruosos, muito mais feios do que os divinizados por Cavaco Silva, nestes pântanos de contabilidade pública.
Desta vês o prenuncio veio do norte, pena é que se tenha prenunciado em desfavor dos reformados que nunca mais se vão ver livres do tradicional aumento do conto e quinhentos. Uma pechincha. O reformado vê agora melhorada a sua condição de vida, em três maços de português suave sem filtro, para apressar-lhe o encontro com o criador através dos pulmões. À escolha tem como alternativa a garrafa de bagaço ou meio comprimido de viagra que assegura o caminho da “via-greta” e do paraíso, com ou sem regresso, tudo dependerá do coração do afoito. O prenúncio foi dado: não haverá aumento das exportações, dos salários nem das pensões. A não ser que o Pai Natal venha substituir o “Pai real” para combater a fome em vez de combater os esfomeados, atacar o desemprego em vez dos desempregados, e encaixotar as listas de espera em vês de empilhar os doentes desesperados.
O prenuncio que veio do Norte, teve no Terreiro do Paço, o mesmo eco que teve o relato das investigações do “Didon”, que foi meu colega na segunda classe, ao qual o professor sem os requintes e linguagem das novas pedagogias, que na altura andavam a monte e sem morada certa, chamava-lhe de burro e com letras grandes. Diga-se que o “Didon” tinha o raciocínio bastante lento, associado á dificuldade da fala e dos sons de algumas letras mais manhosas. Quando a mãe lhe confiou a guarda do pai, do qual desconfiava receber favores à margem do leito conjugal, e que nem a poção receitada pela bruxa fez efeito para fazer murchar de uma vez por todas certa parte anatómica. O “Didon” cumpriu o solicitado pela mãe, do qual deu o relato final: “ Ho mãe, o pai tava abratado Cuma gaja num sei onde, era auta, fote, goda e bim boa!..
O relato do “Didon” teve o mesmo efeito que o do “senhor” Limiano na Assembleia da Republica com prenúncio do Norte. Na verdade a mãe do “Didon” não se safou, e nós vai-nos valendo de termos Sede em Lisboa, mas a SAD estar sediada em Bruxelas, longe dos relatos e dos prenúncios do Norte. Ainda bem que assim é, com a abundância de nabos que temos para negociar ainda poderemos transformar o próximo orçamento num cozido á portuguesa.
Escreveu Camilo, em relação aos da sua época, que tão bom é o diabo como a sua mãe. Por cá, os da época na terra de Deu-la-Deu, não são Limianos mas têm a faca e o queijo na mão. Apresentaram um orçamento de 4.000.500 contos, dos quais 500.000 chegarão por via do fiado, outros 500.000 são virtuais que chegam por volta da primavera, 600.000 são para pagar parte dos calotes aos empreiteiros, e 60.000 para juros dos empréstimos que já vão em 2.000.000, terminando o triste fado com mais 50.000 para amortizações.
Reconheço o aborrecido que vai ficar ao ler este escrito: mas que querem, é a realidade da vida Monçanense, por isso não vou cantar os parabéns aos timoneiros deste Titanic já demasiado inclinado a afundar-se perigosamente.
No Mundo dos mortais, não vejo quem para resolver isto sem recorrer a rigorosos sacrifícios, penso até que será mais fácil fotografar o traseiro dum negro no fundo de uma mina em noite de lua nova sem flash de que resolver esta situação. Sem querer melindrar a minha religião, tenho que dar o braço a torcer e reconhecer que só (na concorrência) o Islamismo nos poderá ajudar a tomar medidas, que ponham a malta a trincar menos e trabalhar mais.
É no Corão que encontramos, a mais vigorosa condenação ao consumo de carnes de porco e  vaca, e não precisou o Profeta do conselho de veterinários sobre o risco da BSE, para desviar os trincantes de um variadíssimo leque de pratos como a feijoada e cozido á portuguesa. Quanto ao álcool, há no Corão uma severa crítica ao primeiro milagre da concorrência, quando Cristo transformou água no precioso líquido: “todas as bebidas embriagantes são vinho e todo o vinho é proibido”. É claro que se o Corão corta drasticamente nos comes e bebes, é bem mais permissivo que a Bíblia ao consentir quatro esposas legitimas em casa, e mais meia dúzia cativas no Harém. Por aqui podemos ficar descansados, e desnecessário seria descrever o que viria a seguir, tendo em conta que os nosso “copofonicos trincantes”, estão mais virados para os prazeres da carne de mesa, de que outras carnes, das quais fogem como o diabo foge da cruz.
Poderá esta receita ter a condenação dos santos evangelhos, mas que Monção teria muito a ganhar, disso não restam dúvidas. Fica a minha modesta sugestão ao critério de cada um, porem se nada fizermos, ficaremos entalados “Entre a espada e a parede e os heróis de calças na mão.

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