quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

As noivas de Stº António

(01/08/2010)
Sempre desconfiei dos políticos com “inteligência” acima da média, capazes de formar-se sem por os pés na universidade, com tiques de roer a corda logo que chegam ao poder e que à primeira oportunidade se enrolam com “farinha do mesmo saco”, (que a rói mesmo antes de lá chegar) numa união de facto digna de um Romeu e Julieta com separação de bens, mas que nos obriga a separar-nos dos nossos.
Agora que o Benfica dobrou as bandeiras, o Papa terminou a visita á Lusitânia, e a Selecção de futebol regressou (do Safari em África), ainda a tempo de assistir á abertura da garrafa de ketchup, e ver transformar-se os golos prometidos em prémios de cento e cinquenta mil contos para o seleccionador e de vinte mil contos para cada jogador incluindo um tal de Zé Castro que nem chegou a desfazer as malas, enquanto nós, o Lusitano de gema, pobrete mas alegrete vai ter de substituir as vuvuzelas pelas goelas para contestar contra o aumento do I V A, com percentagem igual, para o pão e leite, caviar e champanhe francesa, (cujos preços já andavam pela hora da morte) e contra as portagens das SCUT, e ainda contra o corte (para alem das pernas) no rendimento mínimo, subsidio de desemprego, complemento solidário para idosos, apoio a deficientes, nas pensões, nos salários, e na dedução com a saúde e educação e ainda no aumento do IRS e IRC.
                Agora, já tenho sérias dúvidas se a mensagem de esperança de Bento XVI vai conseguir superar a desesperança em que esta parelha nos colocou, agarrados á nossa fé a rezar para que percebam que a Lusitânia é fértil em terra, mar, e sol a brilhar, mas que precisa de trabalhar, e que a resolução da crise não está na espoliação de valores materiais a quem já foi (descaradamente) espoliado, mas sim na sementeira de valores morais, que dificilmente dará seus frutos, invadida por más companhias e ervas daninhas que alastram, contaminam e destroem tudo em seu redor.
Tinha razão o velho pescador de “Verão Azul” quando dizia: foge sempre das más companhias! e quando o adolescente lhe perguntou como poderia ele identifica-las, respondeu: são as que querem levar-te para os caminhos ilusórios da vida, cujo destino será sempre o abismo.
                Hoje seriam necessários vários Vitores Hugo para reescrever “OS MISERAVEIS”, estes reciclados em caixeiros-viajantes, portadores de ilusões e de Magalhães, como quem leva amendoins ao jardim zoológico para guilhotinar e destruir mentes de crianças em formação, criar nelas vícios que chegam como viajantes, visitam-nas como hospedes e ficam sempre como donos da casa, para de seguida serem largadas as feras, na selva da vida, sem perceber que tudo tem o seu inicio a Somar (as receitas), Subtrair (as despesas), Multiplicar (os lucros) para depois poder Dividir. Se na teoria o Magalhães dividir dez peras por cinco crianças, tocam duas a cada uma: se na realidade a pereira não produzir peras, não toca nenhuma e a conta está errada. Poderão estas regras ser consideradas prosaicas ou primárias, o certo é que são as únicas. Qualquer outra engenharia financeira com as equações resolvidas e janelas abertas a indicar-nos os nossos direitos, são como a pereira sem peras que de nada valem ao omitir uma visita cuidadosa à janela dos nossos deveres.
                Já convivi, paredes meias com varias crises: algumas delas a preto e branco. Quando se falava de fome era mesmo fome de estômago aflito e não se confundia a falta de trabalho com a falta de vontade de trabalhar. Seis pessoas em seis horas semeavam terra suficiente para dar pão durante seis meses a seis famílias. Hoje, para estagiar o nada que se aprendeu nas (estafadas) novas oportunidades, põe-se vinte pessoas, (iludidas e enganadas) a raspar canteiros de vinte metros quadrados durante um mês, como que, para lhes indicar o fim da remuneração e o caminho para o inferno do desemprego. Deveriam os oportunistas e culpados saber transformar a crise em verdadeiras oportunidades, os problemas em possibilidades, as situações em soluções e acções, em vez de ilusões e lamentações: o sonho só será um sonho, se lutarmos para alcança-lo, senão tornar-se há um pesadelo.
Esta crise Lusitana é mais da falta de juízo, vergonha e de gente capaz de por isto a funcionar, com coragem para ajudar quem precisa, que luta e quer levantar-se e empurrar de uma vez por todas os parasitas que querem cair. Nunca o provérbio chinês esteve tão actual. Não ofereças o peixe, oferece a cana e ensina a pescar! Pelas crises que passei não adiantava contemplar a mesa do orçamento familiar ou do estado, não havia mesmo nada para comer, e nem as fronteiras fechadas a sete chaves impediram de procurar noutras paragens um melhor aconchego para o estômago e para a dignidade. Hoje com esta crise mais colorida de “rosa” ninguém arreda pé mesmo com as fronteiras escancaradas, enquanto a mesa do orçamento do estado e familiar estiverem recheadas de sacrifícios de muitos progenitores e contribuintes resistentes, que continuam a ser esfolhados vivos pelas vítimas do sistema que já não vêem outro futuro senão o que as más companhias lhe oferecem em troca da permanência no controlo do poder.
                Esta é uma crise económica, mas ninguém tem dúvidas que o epicentro deste terramoto teve início numa enorme crise de valores. No meu tempo de criança o Pai Natal andava sempre falido, raramente passava e quando o fazia deixava uma prendazinha com a recomendação de a estimar até à próxima visita. Agora, em cada Natal há um Banco falido antes de o “Pai”visitar a “filharada” para lhes deixar meia dúzia de prendas às quais não dão nenhum valor enquanto existir mais um Banco para falir. No meu tempo de aluno “relâmpago”, no parque de estacionamento da Escola, estacionava o carro do Professor: agora o Professor vai de bicicleta (a pedalar) para “descolesterolisar” e os alunos vão de popó, ocupam o estacionamento e os passeios, não há por onde passar. No meu tempo de “namoradeiro”, nós os pobres íamos à romaria a pé, os remediados de autocarro e os ricos iam todos enlatados na mesma viatura: agora a mãe leva um popó enquanto o pai fica a “lamber” e a lavar os pratos (isto agora é assim) depois o pai leva outro e os filhos, levam cada um o seu acompanhados das respectivas “metades caras”. No caminho da vida há que acelerar ou travar segundo as dificuldades do percurso. É claro que com estas crises de “vacas “ gordas temos sempre a tentação a ganhar hábitos e vícios que mais tarde ou mais cedo teremos que abandonar para não por em risco a saúde da nossa carteira. É que, QUEM COME CABRITOS E CABRAS NÂO TEM, DE ONDE É QUE LHE VEM? Tenho muita pena, mas isto já lá não vai com as orações e as tácticas do Jesus de Nazaré: a dar a outra face; Vamos ser obrigados a optar pelas tácticas do Jesus do Benfica e pô-los a correr a dobrar. É que, para viver basta um pouco de vida, para fazer algo de útil na vida é preciso muito mais.   
          Continuemos a dizer às Agencias de RATING que vão mandar recados lá para a terra deles. Cá na Lusitânia mandam os santos populares e as “NOIVAS de SANTO ANTONIO”. Siga a rusga!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Patriotas, Sempre!

(15/06/2010)
Não adianta chorar sobre leite derramado: o que esta feito, esta feito e pronto! Sabemos que vamos ganhar menos e que eles vão gastar mais; sabemos que eles vivem com a crise à soleira da porta e nós com ela dentro de casa há uma eternidade. O pessimismo nunca foi bom conselheiro e não será porque os nossos governantes passam a vida a aprovar orçamentos rectificativos que vamos baixar os braços. Isso apenas quer dizer (em linguagem chã) que previmos por alto as “entradas”e por baixo as “saídas”, e o que aconteceu foi precisamente o contrário. Quem deitar as culpas às nossas leis que não castigam os incompetentes e que permitem este jogo da “vermelhinha” é porque não conhecem as leis dos Estangeiros-de- Fora; por exemplo, na Florida é obrigatório tomar banho vestido.
Em Detroit é proibido dormir na banheira. Em Oxford, Ohio as mulheres podem fazer o que lhes apetece, menos despir-se diante de retratos de homens e no Missouri a cerveja é proibida aos elefantes, portanto não me venham cá com a desculpa das leis para passar a vida a puxar os nossos governantes para “baixo” ; não vamos também agora imitar a história do Senhor Prior que estava muito doente, já em modos de se perder a esperança, mas um grupo das suas ovelhas mais chegadas não largava o altar do Santíssimo a pedir pela sua saúde. Foi quando a tia Miquelina entrou muito agoniada e reprovou o acto: está o Senhor prior, coitadinho, quase a entrar no Céu e vocês não param de o puxar para baixo com essas rezas todas.
Portanto deixemos ir (em paz) quem vai e que tenha boa viagem que já não vai sem tempo. Foi uma pena, termos desperdiçado as regras do velho ditado Chinês: se queres ser feliz umas horas, compra uma boa garrafa de vinho; se desejas a felicidade por uns anos, arranja uma bela mulher; se ambicionares a felicidade para a vida, compra um jardim! É claro que perante tal escolha, o Lusitano não tem duvidas, a garrafinha é sempre a nossa preferida, todo o resto é secundário, mesmo o de escolher uma comissão de festas para governar um País ou um Concelho em vez de uma equipe de verdadeiros governantes: é indiferente! Deus que deu o Mundo, há-de ter mão nele. Agora que já nem para vinho temos e sabemos de fonte limpa, (limpinha) que o décimo terceiro mês e o subsidio de ferias vão à vida e um terço do salário vai fazer-lhe companhia dentro de em breve, não vamos agora abandonar os nossos governantes que são exactamente a replica dos seus governados!  estranho seria que eles fossem diferentes tendo em conta a qualidade dos jurados e os critérios de selecção. Portanto missão cumprida e nada a acrescentar.
Apurada a divida da Lusitânia, que dava para oferecer um Porche a cada Lusitano, em vez de nos oferecerem a sopa dos pobres, chegou a hora de sermos solidários e mostrar o nosso patriotismo, e por imperativos nacionais, não podemos ficar impávidos e serenos face aqueles sujeitos de Bruxelas que vem com ameaças só por a gente se ter distraído e alargado um pouco em arraiais, magustos, subidas e descidas do Douro e na inauguração de uns fontenários de utilidade indiscutível que são o seguro de “vida”na política para quem pretender fazer carreira digna de se ver nesta “santa terra”. Neste sentido, procurando também ajudar os candidatos à, “rapa do tacho e aos que estão rapa-lo”, os quais já não encontram maneira suave de nos anunciar a boa nova da “rapadela” que vamos sofrer, aqui vai o humilde contributo de quem dá a mão à palmatória e reconhece as proporcionais culpas no cartório.
Uma das medidas com resultados imediatos, seria a de eliminar os polícias das auto-estradas. Vai uma “pessoa” atrasado para assistir ao concerto do Tony Carreira e vê-se à rasca para os detectar enquanto conduz o carro entre os 180 e 200 quilómetros hora, podendo ao distrair-se provocar inúmeros acidentes na estrada. Por outro lado, com o medo de ser apanhados e soprar ao balão desistimos de comer um leitãozinho (bem regado à moda da Mealhada), com prejuízos irreparáveis para os comerciantes e a consequente redução do IRC.
        Outra das medidas que me parece bem, seria a de reduzir o número de professores. A rapaziada só vai à escola porque é obrigada e gasta a maior parte do tempo a namorar e a dar umas lambidelas. Agora, o que interessa é ter calma, entre os brindes e os saltos do sétimo para o nono, do oitavo para o décimo e as novas oportunidades não há um “Cristo” que fique sem o décimo segundo ano. Portanto nada de analfabetos. Por isso ter turmas de vinte e cinco ou de noventa e seis é rigorosamente a mesma coisa, porque a maioria nunca lá põe os pés!
 Outra das medidas que daria jeito, seria a de acabar com os transportes públicos: Na prática só servem para deslocar os tesos e reformados porque o resto da malta não prescinde do popó privado; Alem do mais, as camionetas impedem o trânsito, são difíceis de ultrapassar e põe em perigo a segurança rodoviária.
Deveríamos ter em conta, a medida de decretar a semana de quatro dias de trabalho, que seria (apenas) oficializar o que já se verifica. Poupava-se energia porque deixava de ser necessário recorrer aos esquemas cansativos de meter baixa, inventar a morte dos tios, ou ter de decretar tolerância de ponto e outras ratices já bem identificadas.
Os centros de Saúde servem apenas para passar receitas aos velhinhos que sabem exactamente o que querem. O funcionário poderia fotocopiar e autenticar a receita que já bem prontinha (apenas interessam os descontos) e assim reduzir o tempo para a marcação da consulta e o tempo de espera para ser consultado, a malta aplaude e agradece.
Uma das medidas de mais relevo e que seria de muita utilidade para a redução do défice é de saber tirar o máximo de rentabilidade nas transacções comerciais entre exportações e importações. Saber negociar aquilo que temos de melhor em troca do que eles de melhor tem: como por exemplo, os Mourinhos e os Ronaldos em troca de F-16, Helicópteros (Puma) Submarinos, Mercedes, BMWs, Audis (de entrega imediata) para continuar a dar nas vistas, e deixar já apalavrado para breve a importação de batata, vinho, pêra roxa, carapau, leite magro e meio gordo e outros alimentos de primeira necessidade que acrescentaremos à lista de compras segundo as necessidades que serão eminentes. É que se as nossas mais valiosas exportações só servem para bater palminhas, mais vale faze-lo no Jardim Zoológico, sempre teremos a sorte de apanhar algumas moedas e amendoim para debulhar.
Todas estas medidas são urgentes. Porem será muito mais importante desfrutar dos jogos da nossa selecção de futebol, da “conquista” dos troféus (de duas pernas) do Ronaldo e do final de “perfeito coração” e só depois, tentar averiguar porque razão os nomeados políticos (com salário muito duvidoso) se baldaram com a ajuda para a redução do défice.
É claro que também tenho umas “dicas” para agravar o défice de nove para catorze ou quinze % mas só as revelarei em troca de um tachito com as mordomias constitucionais em vigor. Patriota sempre!

Seus Invejosos!

(01/05/2010)
A inveja nunca deu bons resultados. Disso reza a historia desde que Caim fez aquela “patifaria” ao seu irmão. O tempo passou, e vemos ainda tantos Países deste Mundo de Cristo, que não podem olhar para a nossa Lusitânia, sem começarem logo a invejar-nos, e a ficar com uma dolorosa dor de cotovelo, e tentar imitar-nos desavergonhadamente.
Nunca vão conseguir, porque há uma data de séculos que o Mundo sabe que somos uma terra de brandos costumes, de gente acomodada à espera que S/Pedro resolva os nossos problemas, e que a resolução dos mesmos nos caia do Céu aos trambolhões, sem perceber que só a (vergar a mola) trabalhar é que conseguimos; onde não existem descriminações, preconceitos, racismos nem falta de vergonha, nem nada dessas tretas que fazem os países atrasados em relação ao que se costuma chamar pomposamente a CIVILIZAÇÃO. E também não é verdade que os nossos Marinheiros (valentes) descobridores, depois de meses seguidos no mar, ficavam (meios) malucos, capazes de tudo, e até de fazer amor com orangotangos (sem tanga) que se lhes atravessassem pela frente. É tudo inveja, e pouco mais.
Os estrangeiros, lá do “Estrangeiro-de-fora”, que ponham os olhos nos nossos pedófilos! Dinâmicos empresários, que põem os putos nas suas empresas, para fazer deles trabalhadores “especializados”sem precisar dos cursos financiados pelo fundo social Europeu, e conseguem deslizar entre os dedos da justiça, como areia de praia para manter-se no activo até que a releva se instala. Só lhes falta serem recebidos na assembleia da república, com aplausos e aclamação! Onde é que os estrangeiros, conseguem arranjar automobilistas como os nossos, capazes de ser apanhados quarenta vezes a conduzir as suas viaturas sem carta, e ainda terem a “lata” de se apresentarem no posto da guarda, de Popó e tudo. E os que conduzem com mais de sete gramas de bagaço no sangue? Isto só na Lusitânia, pois claro. Eles que se arrumem: com meio grama de caipirinha, já nem conseguem levantar as calças da mesa da Taberna. São uns copitos de leite, mais nada. Onde é que eles conseguem (enquanto o diabo esfrega um olho) diminuir a “analfabetaria” em 90%,mesmo se na semana a seguir vão comer um piquenique onde na anterior deitaram o lixo, por não saber ler um letreiro com letras grandes (AQUI LIXO NÃO POR FAVOR). E morrem todos de inveja por não terem como nós, “uns amigos do alheio” que em três sessões põe-nos: a “pelintrada” contribuidora a contribuir pelas duas vertentes: a voluntaria aforradora e a involuntária com língua de palmo e meio. Já que estão a salivar, aqui vai um cheirinho, depois façam pela vida: Isto resume-se a dois “colmeais” de abelhas, um abastecido pelo enxameal com língua de palmo e meio, (o contribuinte) e o outro pelo voluntario aforrador. De vez enquanto o enxameador faz a “colheita” do mel no “voluntario” (B.P.N) - Banco Pai Natal, o qual é de imediato reposto pelo produzido, pelo da língua de palmo e meio, e já esta. A seguir, tudo combinado (para que a “pelintrada” não desanime: chama-se o Alberto João ao CONT-NENTE para lhe dizer que não vai mais uma “cheta”para a terra dele porque já lá estão as “chetas” todos nas Offshore: o “amigo”parece que não conhece os “Cubanos” do CONT-NENTE. Mamar sim, abusar isso é que não. Isto poderia dar mais episódios do que a série DALLAS. Adiante. Onde é que os invejosos (lá de fora) deixam de avaliar os alunos, para que estes não sofram interrupções na “carreira”, e passam a avaliar os professores, para que estes nunca mais cheguem ao topo da mesma? E encontrar (des) governantes que deixam cair as carruagens do comboio, e seus utentes pelas rabinas, por falta de uma saca de parafusos para fixar os carris da linha do Tua, e de repente, (Abracadabra), já esta, o T G V novinho em folha para mostrar aos Estrangeiros-de-fora, que a Lusitânia anda nos píncaros da modernidade. Esta, faz me lembrar um sujeito apelidado (por razões obvias) de Fio Dental. Tinha uma estatura de um metro oitenta e três, e pesava cinquenta e sete quilos: afiançavam as línguas “viperinas” que de tão delgadinho que era, quando tinha uma erecção, caía de bruços. Queira Deus que a Lusitânia com estas erecções de grande velocidade, não caia em cima de nós. Embora até poderá dar algum jeito, para aqueles que pretendam iniciar-se em astronomia. Já que o objectivo é de ver estrelas, o resultado está garantido.
 Se estes exemplos não chegam, para que a estrangeirada morra de inveja, podemos ainda gabar-nos de não ter Barquetas para a pesca da sardinha, mas temos submarinos “negociados a grande profundidade”, que quando emergem à superfície trazem o congelamento dos salários e levam os 3 euros (seiscentos escudos) do aumento das reformas, para compor o salário de 3.100.000 euros (SEIS CENTOS E VINTE MIL CONTOS) ao” extra terrestre” MEXIA, e outro tanto para pagar a “renda” ao RENDEIRO. O primeiro (talvez) pelo seu “exemplar” esforço de cortar a luz aos velhinhos que morrem de frio por não poderem pagar a factura, e o segundo (talvez) por ter acelerado a falência do Banco que administrava. E assim se trata abaixo de cão quem trabalha: Trolhas, Agricultores, Comerciantes e Doutores -- Enfermeiros, Professores, taxistas e Pescadores, e ainda outros tantos trabalhadores, que, para “ agradecimento” de carregar a Lusitânia às costas, levam com estas chapadas de “m - - - a” na cara, dos “Extraterrestres”, culpados pela fome e miséria, doença, analfabetismo, tribalismo e esclavagismo de pá e pica ou de computador. Mas há eleições! Mas há estabilizações a propugnar e estábulos a acautelar! A verdade nunca se disse nem se diz toda. Na ditadura imperava a Censura; na democracia, impera o espectáculo. O circo tornou-se mais decisivo do que o pão. É rendoso divertir. É perigoso advertir. É pela cartilha da solidariedade que se faz campanha. As vozes muitas, as nozes nem vê-las. Este é o Portugal do “tal”gostinho especial, dos sem emprego e dos sem terra, dos sem casa e dos sem carro, dos sem férias e dos sem reforma, dos sem assistência e dos sem cultura, dos sem presente e dos sem futuro. Mas para a manutenção de tantos “sem” é natural que existam bastantes sem vergonha: Alguns com “cem” empregos para compensar e contrabalançar os que não tem nenhum. Outros com estulto e astuto verbo democrático. Mas que tem sorte: as vítimas do sistema (como sempre) preferem ir para a fila mendigar, do que ir para a rua refilar. Bem dizia o Gondoleiro de “ A Morte em Veneza”, havemos de paga-las!
                E agora? Damos graças a Deus, pelos dentes fortes que nos deu. O pão que estes Diabos amassaram, vai ser muito duro de roer. Vamos ver-nos GREGOS! (…)

Copiar é feio.

(01/03/2010)
Quem anda na escola, sabe perfeitamente que os senhores Professores não gostam nada de copiadas. Deveriam as meninas e os meninos seguir o exemplo dos senhores Que-Mandam-Na-Gente.Os quais copiam só em caso de extrema necessidade, e não por vício, ou por uma causa de somenos importância. Imaginem, a vergonha se eles fossem copiar lá no Estrangeiro- de-Fora, o salário mínimo, (que anda á volta de mil e quinhentos euros), e o trouxessem cá para a Lusitânia? Ou então dar uma espreitada para ver qual os métodos de funcionamento das empresas públicas. Que seria feito das nossas, (coitadinhas). Que seria feito dos nossos gestores públicos. Estes (talvez) formados no conforto das cadeiras da Assembleia da Republica, com a bandeira do partido às costas. E diplomados (ao domingo) com o brinde oferecido na compra do garrafão de lixívia, para de seguida, serem catapultados aos mais altos cargos da Nação (sem nunca terem administrado um condomínio). E com salários (mensais) que rondam os, “setenta e cinco mínimos” (para manter uma boca) os quais deveriam manter mais de trezentas. A não contar com o que entra pelo outro lado da face à vista. Mesmo se para tal for necessário sujar a mãozinha no lixo das sucatas.
Depois quem continuaria a “vampirizar” os I.R “Yesses” e outros espoliados que andam por aí, sem saber o que fazer? Onde gastaríamos tais maquias? Na saúde? No ensino? Na justiça, ou nas Freguesias cá do Burgo, onde (ainda) vamos fazer as necessidades fisiológicas atrás da figueira? Por falar no ensino. E se copiasse-mos o ensino lá-de-fora, e nos preparasse-mos para combater as agruras da vida. Que faríamos das (nossas) novas oportunidades? Quando iríamos nós, tapeçar as paredes do quarto com os “canudos” oferecidos? Quanto à saúde, (aqui) já levamos vantagem sob a estrangeirada. Depois de seis meses apeados na lista de espera somos hospitalizados com os olhos bem “arregalados”, e saímos com uma cana branca, a apalpar as guias dos passeios. A justiça, (em linguagem de futebolêz) deixemos os comentários a cargo dos “Mourinhos” e de outros entendidos no assunto. Nós, treinadores de bancada, não entendemos a ponta de um corno. Nunca vamos entender, onde está a defesa, o ataque, o árbitro ou o juiz de linha. Sofremos constantes “alucinações”, e parece-nos que o (abastado) infractor marca com a mão, e é sagrado campeão. Vemos o pilha galinhas do clube da esquina (a ser pilhado) a marcar com o pé e deixar as galinhas e as penas. No final do “jogo”, ainda terá o bónus de ser “apalpado” pela “populaça”, sem o direito que alguns gozam: da escolta até ao local do estágio (domiciliário) com piscina e consumo de “carnes” variadas, ao bel-prazer do freguês. Que seria feito também, daqueles que escutam à “direita”, e não tem a mesma interpretação dos que escutam à esquerda? E dos que deveriam escutar dos dois lados, e não escutam nada com o ruído de fundo que fazem os donos do tachinho?
Copiar é feio, mas justifica-se. Com a escassez de queijo para tantos ratos. Os senhores Que-Mandam-Na-Gente, foram obrigados a copiar o casamento de Gays e Lésbicas para manter a Lusitânia no pelotão da frente da modernidade, a qual corria um serio risco, por todos reconhecido. Havia necessidade de o fazer para aumentar a produção e reduzir as despesas. Com esta (invertida) decisão vamos duplicar a confecção de véus e vestidos de noiva, chapéus de coco, casacas de pinguim e alianças com gravuras trianguladas, para além de reduzir a despesa, em depilações, abortos, em baixas por gravidez e partos, em pessoal docente e não docente, (porque as turmas passarão de trinta para três) em transportes escolares, abonos de família etc. Etc. Neste etc. Vamos ser obrigados a inventar um novo modelo de produção em massa, para Procriação em nome da Pátria.
Os felizardos (enlaçados) poderão requisitar um filho da Pátria, (como quem encomenda uma pizza) que lhe será entregue ao domicílio (sem despesas de porte) equipado de um quite, com o ensino básico, primário, secundário e licenciatura: e ainda carta de condução, barrete com pala de burro identificativo das suas habilitações. Já que a tendência é de formar doutores analfabetos: e o conceito, família, é para deitar aos “bobys”: Poderia saltar-se esta intransponível barreira para entrar de imediato no mercado do trabalho. Com clara vantagem para a estabilidade das reformas e para o equilíbrio da S/Social. O pior que nos poderia acontecer com tal medida, seria uma alteração “ecológica”, e ter a sensação de viver no Pólo Norte, com tanto pinguim à solta.
Ai, tio Amaro: Juro-te por estes “dois” que a terra há-de comer, que nunca pensei em vida, sentir-me feliz, por já não te encontrares entre nós. Tu, com lugar cativo no Céu, pelas doações que fizeste e pela água benta que consumiste, Imagina teres de ver um puto na escola, a dizer aos colegas, que o papá é aquela loira (mamuda) de salto alto, e a mamã, aquele careca (barbudo) com o feixe de pelos a sair -lhes do nariz. Não, não é ficção tio Amaro. É realidade!
O melro foge sempre para a silvaria. Os senhores Que-Mandam-Na-Gente, seguem as suas tendências: concretizam os seus sonhos, e aquilo que lhe vai na alma.
Uma Agencia de informação, insuspeita (um género de I. N. E) agora com mais tempo livre: por ter suspendido os inquéritos aos desempregados (aos quais já perdeu a conta) e o trabalho de campo para encurtar as diferenças entre “virgos e vergalhos”, (católicos, não católicos, ateus e agnósticos) agora, desnecessário por caminharem em parelhas. Diz-nos, que a virgindade de outrora era um preceito, depois um preconceito e agora um simples conceito, e que todos defendem a teoria da aceleração da historia. Deixando para traz, o nosso direito milenar, assente nos princípios constituintes do ajuntamento, entre duas pessoas de sexo diferente, e em plena comunhão de vida e de bens. Mas (agora) como os bens valem mais do que a vida. Quem paga as favas são sempre os “alinhados”. Os heterossexuais! Desprezados, encurralados e encostados às cordas pelos novos candidatos ao Nó, (na gravata e na garganta) e aos filhos de quem entretanto vai fabricando, refugiam-se como podem. Dá-nos conta ainda, de um crescimento das uniões de facto, (sem fato) de divórcios, e de filhos (por fora) da cerimónia, e da tendência para procriar à margem das leis do Senhor e da Conservatória, ganhando terreno e cada vez mais adeptos. Refere-se também, que na Lusitânia os casais com carácter exterior do mesmo sexo, estão cada vez mais a vir à superfície, vencendo sucessivas barreiras, dominando sucessivas trincheiras, dando razão a quem diz: que o poder local esta dominado pelos empreiteiros, o central pelos banqueiros e o comunicacional pelos (tais) amigos parceiros.
Não tarda nada, vamos também copiar o exemplo do país, que por razões económicas, o seu Governo, resolveu promover mil casamentos em simultâneo, com mais de cem mil convidados, enchendo o maior estádio do país. Se a moda pega, que Deus guarde as nossas fronteiras e as tendências do Bettencourt, do Pinto da Costa e do Filipe Vieira; É que nos (por cá) na Lusitânia, já destacados lideres, em cortejos e procissões, guitarradas fados e bola, e ainda, lideres dos povos que pedem esmola; quando tiramos o casaco, somos bem capazes de encher as três “catedrais”. Nós somos mesmo assim: é por grosso e atacado.
Em desfile carnavalesco, lá vai a Lusitânia, apressada a Passos (de) Coelho, iluminada pelo “santinho” Francisco (de) Assis, Alegre (mente) a caminho da Bancarrota. Boa viagem!
 Pai do Céu. Porque nos abandonaste.

Boys e felicidade.

(01/07/2001)
No meio da mais alta pompa e circunstância, opulência, hossanas, propaganda e brilhantina, protagonizada por anões gigantes, nunca me cansarei de dizer que os últimos anos de vida Monçanense, foram subordinados a um modernismo feito a martelo, onde se privilegiou a obra de fachada, em detrimento da qualidade de vida da população e da personalidade profunda deste Concelho.
Hoje quase tutelado como quinta senhorial hipotecada e entalada numa clara estratégia de destruição, como testemunha a futura famigerada construção da barragem de “Cobalhão”, e a inevitável morte do Rio Mouro. O futuro risonho que tanto merecemos, já só está ao alcance dos que ainda acreditam no Pai Natal, e em palácios que se constroem em nome de pedintes, que mais tarde irão pagar com juros e língua de palmo e meio, por terem acreditado em slogans rasteiros, que as ferias e o telemóvel são sinais exteriores da nossa (pobre) riqueza, num País carregado de miséria e pobreza, a anunciar que o calculo falhou, e a corda que aperta o pescoço já nos acompanha a caminho da cadafalso. A modernidade apregoada, nem sempre significa desenvolvimento e progresso, mas tão só, fogo-de-vista.
O fachadismo, nunca fará de nós um Concelho melhor e mais justo, é uma ofensa para os Monçanenses que continuam a viver em péssimas condições, e com necessidades básicas, elementares não supridas. Sem empregos, sem saúde, água e saneamento, dificilmente seremos catapultados para o topo de gama, como os propagandistas nos querem fazer acreditar.
Já andava com esta fisgada há muito tempo, só que falar desta desoladora realidade, estraga as férias, dá calafrios e pode espantar possíveis leitores. Reconheço que a abordagem deste tema requer algum tempo de preparação, adaptação e não é coisa que se resolve assim à pressão de um abrir e fechar de olhos. Porém, não me sai da ideia que qualquer coisa de estranho anda por aí: quero dizer, algo que sem querer nos transforma nesta gentinha capaz de suportar tudo, com um encolher de ombros e sorriso envergonhado, a aplaudir governantes contentes de atingir o abismo, a esgravatar com as unhas no chão, para descer mais baixo e conseguir ainda pior, sem nunca perceber que a competência individual e colectiva, conquista-se com naturalidade. Continuamos a calcorrear os caminhos do facilitismo, com ventos favoráveis a soprar de feição das governações pimba, com incentivos por demais evidentes, com um Big-Marco disco de platina, um Big-Mario, Best Seller literário, um Zé Cabra a berrar em vez de cantar, e a múmia Lili, agora recauchutada e transformada em heroína nacional.
Assim continuamos a ser escaldados pelos vapores concentrados em nós, para nos incutir uma realidade que é uma ilusão, criada á custa da publicidade enganosa paga pelo contribuinte, para confortar as almas penadas, que ainda não perceberam estar algemadas a uma praga de Boys, hoje mais conhecidos pelos sem-abrigo de profissão, que são a marca evidente de um tipo de governação rasca, com governantes rascas, incompetentes para governar o que seja, rodeados de ignorantes, no meio dos quais não é difícil brilhar, e asfixiar o desenvolvimento de uma terra que vê deslizar para os bolsos dos Boys, os valores tão necessários ao melhoramento da condição de vida, de quem tanto luta para conseguir. Não interessa aqui desvendar e identidade dos protagonistas, de revelação em revelação há-de lá chegar, como S. Tomé vai perceber depois dos outros, mas estou certo que vera a luz no fim do túnel depois de esmagado, humilhado na escuridão.
Falta saber se o (e) leitor vai conseguir encravar-se a servir de muleta aos cravas, e assim contribuir para o aumento da verba no comes-e-bebes, que em 2000 subiu para os 8.000 contos, com metade por pagar e ainda trancada na garganta dos taberneiros cá do burgo, que em linguagem chã representa 135 salários mínimos triturados a dente.
Se a minha colaboração servir para ajudar a valorizar a classe, permita-me e aceite algumas sugestões que me parecem indispensáveis no dia-a-dia do candidato à manjedoura da palha, sem precisar de mexer palheira. Sugiro que o Boy faça uma formação acelerada, e não perca tempo nas escolas, nem com os livros que não o levam a lado nenhum, e não é por acaso que os Boys tenham ultrapassado todas as preferências na escolha da profissão, ultrapassando mesmo os polícias e os bombeiros, mesmo sabendo que as alternativas são variadíssimas, como a de esticadores de carteiras para “eles”, e meninas de passeio para “elas”, nada tem a ganhar com teorias, interessa a experiencia acumulada. Para “eles” as disciplinas baseiam-se em deixar de lavar a cara durante um mês, e deixar crescer a unha do dedo mindinho para abrir o maço de tabaco, e para “elas” basta-lhe usar blusa preta apertadinha, com decote largo e bota de cano alto, para que o curso tenha sucesso garantido. Não deverão ignorar as fontes de informação, por exemplo, é indispensável descobrir onde trabalha a bisneta da avó do Zé, para saber se a avó deles cantou no grupo coral da bisavó dela, e convêm saber se algum familiar já participou nas borracheiras do (Cesar) Augusto, e só falta passar a mão a(u) Lima para limar as arestas e já esta! Por último, nunca assuma que é um tropeço ignorante e que ignora o tema da discussão, lembre-se que eles tiveram a mesma carreira de línguas rapadas e lambe botas até à reforma. É claro que se esta tralha se infiltrar na política, corremos o risco de elevar a abstenção para mais de 90%, e os candidatos a candidatarem-se a apenas eles votarem maciçamente.
Para evitar tal derrapagem propunha que as mesas de voto fossem povoadas com as recentes aquisições de Guirls, e que os primeiros votantes sejam premiados com um rosário benzido, para rezar na abertura das urnas, antes que tudo vá parar ao meio do inferno.
Se tudo falhar, fique descansado que ainda podemos ser felizes, com a técnica do “Fogueteiro” de que sou testemunha ao vivo por, olfacção áudio e visual.
Ao regressar do trabalho eu e o Fogueteiro, (que assim apelidávamos por razões obvias, parecia que andava com um barril de pólvora na barriga), depois de uma breve visita à cerejeira do “Esteves”, e ainda com mais brevidade, o Fogueteiro atira-se da cerejeira abaixo, desata a correr à procura de alívio, nas traseiras da Sacristia da Capela com Santa do mesmo nome, aflito numa dança de Índio Apache a saltitar de um pé para o outro, não havia meios de conseguir desapertar o cinto das calças, que na altura era “moda” segura-las com uma corda atada com nó cego. Perante tamanha aflição, mal lhe cortei a corda com a foucinha, já o Fogueteiro estava de cócoras, a disparar uma girândola das que deixa um “gajo” atordoado. No seu rosto era visível uma felicidade contagiante, quando proferia as palavras: Meu Deus! Ai que bom! Que maravilha! Hoje é o dia mais feliz da minha vida! … Nunca desista da sua felicidade, faça como o Fogueteiro: Vá!..Vá lá; uma corda atada á cinta com nó cego, e uma barrigada de cerejas, a felicidade vem já a caminho.
Ah, não se esqueça da foucinha para não contagiar a felicidade por toda a vizinhança.
Vá, e seja feliz.

O povo que morre sem rio.

            (15/04/2001)
O Rio Mouro, que ainda alimenta o pão da boca de muita gente, com margens idílicas que reflectem nas águas paradas como um espelho, as imagens dos arbustos que dão a impressão exacta de que o rio é um jardim de verdura.
Uma ponte de tábuas com meio metro de largura, suspensa por duas cordas de arame cravadas nas rochas das margens do rio, era passagem obrigatória da Moleira, que diariamente ao meio dia, partia com o burro carregado com foles de farinha. Voltava a meio da tarde, agora com os foles cheio de milho para a moagem do dia seguinte, em troca de uma pequena maquia para o sustento da família, burro incluído. Entre o meio-dia e o meio da tarde, nem vivalma passava por ali.
Nós, a catraiáda, despidos de roupa e de preconceitos, aproveitávamos as aulas do Faneca, mergulhador nato em salto de parafuso com botas, enquanto os menos mergulhadores, se refrescavam com os salpicos da água projectados pelo rodízio do Moinho.
Tal como viemos ao mundo, assim fomos apanhados pelas avós, que lá de cima da ponte, ralhavam e ordenavam o imediato regresso dos netos, pois aos seis anos, era duvidoso o juízo e a maturidade para lidar com os caprichos do rio. De pouco serviu a repreensão, continuei a visitar o rio, com o qual aprendi a lidar, a respeitar seus caprichos e a sua fragilidade.
Anos mais tarde, enquanto atava o fio na cana-da-índia, contemplava o corpo da Eva, deitada de bruços em cima de uma ampla pedra lisa, banhada por dois dedos da água, que lhe ia acariciando o rosto ao ritmo da suave corrente do rio.
Enquanto a truta (pinta) me ensinava a pescar, ia observando o bambalear da ponte (provocado pela suave brisa do vento), o cantar da mó do moinho, e a harmonia do corpo da Eva, com o encanto da água do rio, que aparecia ali na curva em pequena cascata, aproximando-se de mim em lentas ondulações, e pequenas correntes a levar-me a bóia, que logo devolvia como quem queria cumprimentar se incomodar.
Ainda hoje continuo religiosamente a visitar o rio, e a sentar-me no mesmo local: a mó do moinho parou, a ponte agora sem tábuas teima em manter-se suspensa pelas cordas de arame, como testemunho dos tempos que marcaram uma vida para sempre.
O rio, contínua cheio de encanto, o seu feitiço e magia traz á memoria as imagens das avós em cima da ponte. Na outra margem contínua imperturbável a pedra lisa, a recordar a Eva, como uma flor que se abria à luz do dia banhada na água do jarro, rio mouro.
Na pujança da sua juventude, uma doença maligna ceifou a Eva para sempre, o coração, cansado da vida batia pela derradeira vez, a doença, pouco a pouco foi definhando e consumindo o seu (escultural) corpo, que agora ninguém suportava ver, aquela pele a embrulhar o esqueleto, de quem há bem pouco tempo era um hino à beleza das mulheres.
Dizem que foi Deus que a levou, se assim é, pois que seja feita a sua vontade.
O Rio Mouro, sem rugas, belo e asseado como sempre, desde há milhões de anos, continua a guardar os segredos e a ligar gerações da gente do Vale do Mouro, que encontram nele a sua identidade e o motivo do maior orgulho. Mas um mal nunca vem só: agora, na ausência da mão de Deus, a mão criminosa do homem, vai atacar de morte o nosso rio. Uma epidemia chamada Barragem de Cubalhão, com 51 metros de altura, será um monumento erigido à ignorância e à barbaridade, que caracteriza os oportunistas devastadores da natureza, com o objectivo de engordar ainda mais a conta bancária, á custa de vidas e do bem-estar de pessoas completamente abandonadas, por governantes verdadeiros energúmenos e tropeços da sociedade, incapazes de proteger os bens que lhe foram confiados.
O Rio Mouro está a ser atacado de morte, e a gente do Vale do Moro também. É desonroso e ofensivo à nossa dignidade de povo, que tem direito de ser respeitado. É forçoso que o povo do Vale do Mouro, acorde desta doença insidiosa de conformismo, para limpar do seu horizonte as teias de uma governação que cheira a mofo, e se traveste de desenvolvimentista. Fica desde já o dedo apontado à vergonha de quem ainda a tiver, e à consciência de quem ainda a mantém intacta.
Tal como a Eva, o Rio Mouro vai definhar e ficar consumido, em breve a flora em agonia, vai transformar-se na pele que embrulha os esqueletos da fauna e do rio, que durante milhões de anos foi o hino aos rios mais puros, encantadores e mais belos do Mundo.
Em nome das Avós e das “Evas”, nós netos e namorados, não vamos permitir, nem assistir ao funeral do rio, que é o padrinho do Vale do Mouro e não o queremos perder.
“O povo que morre sem rio”, não aceitará que lhe talhem com o machado, as tábuas do seu caixão.

Câmaras de lábios pintados.

           (15/03/2001)
Hoje gostaria de começar com elogios rasgados, infelizmente não encontro motivo que valha a pena, nem ponta por onde lhe pegar, digo até que começa a ficar cansativo, a não ser de por encima da mesa o quinto e ultimo boletim municipal para conseguir ver se este é informativo, propagador, ou se os profissionais do progresso perseguem um outro desígnio, de encher o olho e alindar as bocas, ou adaptar-lhe a treta com a cara e a careta.
O interior poderia facilmente servir de leitura cor-de-rosa para cor-de-rosa ler, mesmo os que não sabem ler não faz mal, na banda desenhada o mais importante são os bonecos. A capa muito bem ilustrada poderá servir para a promoção dos herdeiros, que na ausência de património novo, vão promovendo o património existente.
A promoção começa com a Ponte do Mouro, uma jóia com mais de 2000 anos de intensa vida. Mais jovem e também encantador, Balneário Termal agora pintado pelas traseiras, dá-lhe outra perspectiva à obra que poderíamos chamar de aquário termal, porque nos seis anos de vida, parece que os peixes terão sido os mais assíduos termalistas. O Rio Minho, tal como um sargento de visita à caserna, sem aviso prévio já inspeccionou as instalações varias vises, e terá mesmo surpreendido o sentinela a curtir uma soneca, e quando decidiu dar á sola, só a dar ao remo se livrou da morte por afogamento. Consta-se porem ter sido o ultimo a abandonar a embarcação. Parabéns! É que estas coisas de parabéns não podem só ser cantadas em festas de aniversário. Falta agora pintar o “aquário pelas laterais, e teremos no nosso Balneário Termal, a Lili Caneças das borgas Monçanenses.
Por esta e outras tantas rações, acredito cada vez mais no conceito filosófico através da fórmula de que o trabalho não pode ser coisa boa, a prova disso é que a gente quando trabalha cansa-se. Outro conceito da mesma escola de pensamento, diz que só trabalha quem não sabe fazer mais nada. A autoria destes importantíssimos nacos de sabedoria, perde-se na bruma dos tempos, e quem sabe se foi o autor desses pensamentos um Platão, um Epicuro, ou talvez um destes filósofos mais recentes. Finalmente pouco importa, todos aceitamos a ideia que o trabalho é uma chatice, e basta apostar forte e feio no marketing e nos ruídos de superfície para abafar os verdadeiros problemas de fundo e mandar o trabalho às malvas.
Sobre este assunto, temos o exemplo do novo internamento com doze camas, já de lençol esticadinho á espera dos doze apóstolos do governo, escalados para pregar nestas paragens a doutrina de sempre. Mesmo assim não ficamos dispensados de rezar à virgem de Fátima, que interceda junto do criador para que mobilize a cristandade para a cruzada da conversão, antes que tudo isto caia no atraso, no ridículo e na humilhação. A coisa não esta para trindades, é mais aliciante optar pelo batôn em vez do betão, e dar-se uns retoques de brilho em vez de por o Concelho a brilhar.
Sinto-me entalado no fim deste segundo milénio, ao cair do pano de uma monumental comedia teatral camarária, e um segundo acto já em fim de tournée no inicio do terceiro milénio, nascido sob o signo dos Big-Acorrentados, ignorantes, e de políticos da onça e do faz de conta, e de Câmaras de lábios pintados.
Vulgar cidadão que sou, não abdico de perguntar onde é que tudo isto vai parar, com a revolução cultural que o nosso “primeiro” lançou, no auge da sua paixão pela educação, cujos resultados mostram que os rebentos  aprenderam que quem escreveu,”Fracos governantes fazem fraca a forte gente” foi o Marco Paulo, e o Camões terá cantado a balada, “Eu tenho dois amores”.É claro que envolvidos nestas rajadas de ventos culturais, depressa nos apercebemos que nunca chegamos aos calcanhares do Zé Maria, sex-simbol da sociedade, eu que pensava ter um arzinho de puro-sangue latino.
Ao Tio-Sam, xerife do planeta, restam-lhe 10 segundos de tempo de antena para esclarecer assuntos de somenos importância, como as bombas que enviou para os Balcãs, matando amigos e inimigos, uns no acto do castigo, e outros com a ajuda do urânio empobrecido. Os tempos de antena são para os Big-Acorrentados, para políticos de lábios pintados, enquanto as platónicas leucemias Balcãs, destroçam famílias e matam os nossos soldados.
Com estas distracções “foleiras”, ia esquecendo o Pena-Joia, que além de não ganhar para pagar apostas, tem sofrido outros percalços ao longo da vida. Já nos anos 70, tinha físico que parecia ter sido desenvolvido a andar de eléctrico e pulmões desenvolvidos fechado dentro de uma sala de bilhar, além de outras maleitas nos dias de mais frio. No baile da Associação dos 17 amigos, sempre com musica á escolha do cliente, que dava para dançar em simultâneo umas valsas assinguadas de rumbas, enquanto a malta formava par para coçar o umbigo, o Pena-Joia deu de caras com um naco de Xixa, daquelas que fazem subir as pulsações a um gajo, á beira de um ataque cardíaco. De saia um “furco” acima do joelho, e lábios cor-de-rosa pintados. “El matador”, que exibia o requinte da sua arte em qualquer arena, raramente falhava a estucada final. No intervalo que a gente aproveitava para escoar as batatas, o Pena-Joia regressava com cara de quem ressuscitava do outro mundo, parece que quando apontava a arma para a estucada final, finalmente o naco de Xixa transformou-se num latagão de Xixo. Saiu-lhe um travesti. Sem fala, deu do acontecimento uma descrição gestual que fez corar a malta até ás unhas dos pés. Nessa altura não se falava dessas “panasquices”, era como que um Sº João Batista a anunciar a vinda do senhor. Já em fase de recuperação, com voz trémula de quem termina um sprint no alto da torre, comentou: Nem tudo que brilha é ouro, e quando forem chamados a escolher, apalpem primeiro, poderá haver surpresa por detrás de lábios pintados.
São coisas da vida, quando passarem á historia nem a alma se lhe aproveita!

Entre a espada e a parede, há heróis de Calças na mão.

(01/02/2001)
O Orçamento geral do estado, além de confirmar a nossa posição na cauda dos países da Europa, e a eminência de receber o testamento de alguns países do terceiro Mundo, decapitou e levou numa bandeja de plástico, o meu sonho de criança e meus heróis de capa e espada, vencedores de heróicos duelos, dos quais saltou para a luz do dia, a sublime frese: “Entre a espada e a parede”, símbolo de situações de difícil saída que requerem coragem. Os (anti) heróis dos nossos dias, usam a força do verbo em vez da espada, lutam à queijada (Limiana) e muita conversa fiada, e logo ao primeiro susto deixam cair as calças no chão. Transformam-se em poderosas máquinas de lavar cérebros, para legitimar orçamentos monstruosos, muito mais feios do que os divinizados por Cavaco Silva, nestes pântanos de contabilidade pública.
Desta vês o prenuncio veio do norte, pena é que se tenha prenunciado em desfavor dos reformados que nunca mais se vão ver livres do tradicional aumento do conto e quinhentos. Uma pechincha. O reformado vê agora melhorada a sua condição de vida, em três maços de português suave sem filtro, para apressar-lhe o encontro com o criador através dos pulmões. À escolha tem como alternativa a garrafa de bagaço ou meio comprimido de viagra que assegura o caminho da “via-greta” e do paraíso, com ou sem regresso, tudo dependerá do coração do afoito. O prenúncio foi dado: não haverá aumento das exportações, dos salários nem das pensões. A não ser que o Pai Natal venha substituir o “Pai real” para combater a fome em vez de combater os esfomeados, atacar o desemprego em vez dos desempregados, e encaixotar as listas de espera em vês de empilhar os doentes desesperados.
O prenuncio que veio do Norte, teve no Terreiro do Paço, o mesmo eco que teve o relato das investigações do “Didon”, que foi meu colega na segunda classe, ao qual o professor sem os requintes e linguagem das novas pedagogias, que na altura andavam a monte e sem morada certa, chamava-lhe de burro e com letras grandes. Diga-se que o “Didon” tinha o raciocínio bastante lento, associado á dificuldade da fala e dos sons de algumas letras mais manhosas. Quando a mãe lhe confiou a guarda do pai, do qual desconfiava receber favores à margem do leito conjugal, e que nem a poção receitada pela bruxa fez efeito para fazer murchar de uma vez por todas certa parte anatómica. O “Didon” cumpriu o solicitado pela mãe, do qual deu o relato final: “ Ho mãe, o pai tava abratado Cuma gaja num sei onde, era auta, fote, goda e bim boa!..
O relato do “Didon” teve o mesmo efeito que o do “senhor” Limiano na Assembleia da Republica com prenúncio do Norte. Na verdade a mãe do “Didon” não se safou, e nós vai-nos valendo de termos Sede em Lisboa, mas a SAD estar sediada em Bruxelas, longe dos relatos e dos prenúncios do Norte. Ainda bem que assim é, com a abundância de nabos que temos para negociar ainda poderemos transformar o próximo orçamento num cozido á portuguesa.
Escreveu Camilo, em relação aos da sua época, que tão bom é o diabo como a sua mãe. Por cá, os da época na terra de Deu-la-Deu, não são Limianos mas têm a faca e o queijo na mão. Apresentaram um orçamento de 4.000.500 contos, dos quais 500.000 chegarão por via do fiado, outros 500.000 são virtuais que chegam por volta da primavera, 600.000 são para pagar parte dos calotes aos empreiteiros, e 60.000 para juros dos empréstimos que já vão em 2.000.000, terminando o triste fado com mais 50.000 para amortizações.
Reconheço o aborrecido que vai ficar ao ler este escrito: mas que querem, é a realidade da vida Monçanense, por isso não vou cantar os parabéns aos timoneiros deste Titanic já demasiado inclinado a afundar-se perigosamente.
No Mundo dos mortais, não vejo quem para resolver isto sem recorrer a rigorosos sacrifícios, penso até que será mais fácil fotografar o traseiro dum negro no fundo de uma mina em noite de lua nova sem flash de que resolver esta situação. Sem querer melindrar a minha religião, tenho que dar o braço a torcer e reconhecer que só (na concorrência) o Islamismo nos poderá ajudar a tomar medidas, que ponham a malta a trincar menos e trabalhar mais.
É no Corão que encontramos, a mais vigorosa condenação ao consumo de carnes de porco e  vaca, e não precisou o Profeta do conselho de veterinários sobre o risco da BSE, para desviar os trincantes de um variadíssimo leque de pratos como a feijoada e cozido á portuguesa. Quanto ao álcool, há no Corão uma severa crítica ao primeiro milagre da concorrência, quando Cristo transformou água no precioso líquido: “todas as bebidas embriagantes são vinho e todo o vinho é proibido”. É claro que se o Corão corta drasticamente nos comes e bebes, é bem mais permissivo que a Bíblia ao consentir quatro esposas legitimas em casa, e mais meia dúzia cativas no Harém. Por aqui podemos ficar descansados, e desnecessário seria descrever o que viria a seguir, tendo em conta que os nosso “copofonicos trincantes”, estão mais virados para os prazeres da carne de mesa, de que outras carnes, das quais fogem como o diabo foge da cruz.
Poderá esta receita ter a condenação dos santos evangelhos, mas que Monção teria muito a ganhar, disso não restam dúvidas. Fica a minha modesta sugestão ao critério de cada um, porem se nada fizermos, ficaremos entalados “Entre a espada e a parede e os heróis de calças na mão.

A proliferação dos cucos.

(15/11/2000)
Não conheço cego mais cego, do que aquele que tem olhos para ver e não vê. Os cegos por opção que apenas tem olhos pelos seus interesses, de preferência nas costas da vizinhança, admito que pensem que sou do género de pessoa que cai de pára-quedas no meio do deserto e logo grita, “se há Câmara, sou contra.
Não é verdade, apenas me preocupa que os outros não compreendam logo á primeira, que a situação do nosso concelho não é comparável á do copo meio cheio, mas sim á do copo quase vazio.
De resto até sou um sujeito optimista quanto ao futuro, porque me parece que até estas situações menos agradáveis, não passam de sol de pouca dura e de água de instantânea fervura.
Acho até, que nada de mal poderá acontecer a um país que paga aos “validos” para dormir de dia, à custa de “inválidos” para quem é sempre noite, e que promove concursos em que qualquer analfabeto pode ficar milionário, a decorar títulos de novelas Mexicanas, tudo isto nos intervalos de programas mais “culturais” como o “Big Brotter” de finíssimo vocabulário, onde nem a honra da mãe escapa, para não mencionar a delicadeza da produção do programa, que leva a coisa até ao pormenor de colocar uma câmara na sanita (de olho atento) a vigiar o “olho traseiro” para que a malta não perca pitada da historia, narrada á volta do dito (cu) jo. Não comento as dissimuladas cenas de sexo, que mais parecem a lua-de-mel de enlaces num lar de terceira idade.
Depois ficamos todos chateados quando os Etíopes nos tratam de mendigos da Comunidade Europeia, eles a quem conhecemos como cartaz da miséria Mundial. Só que depois da coisa bem pensada, eles arrecadaram oito medalhas nas últimas Olimpíadas, e nós Europeus dos píncaros do modernismo, regressamos com duas de cortiça, mas pouco importa, o que importa é festa rija e mais pó nos olhos do Zé-dos-anzóis que também tem direito á sua festinha, pelo mérito de manter viva a tradição de que, “ pela boca morre o peixe”.
No que toca á tradição ainda continua a ser o que era, continuamos campeões das vitórias morais, e no que diz respeito `proliferação dos “ Cucos sem penas”, estes mais interessados nos ninhos alheios e nos tachos, capazes de tudo até de sacrificar a avó, não olhando aos meios para atingir os fins, que nos impedem de alcançar o outro lado (onde residem os que tem algo para dar), ficando encurralados “nesta banda” com a lágrima no olho e miseravelmente de mão estendida.
Desnecessário será relembrar que os cucos são aves migratória (tal como os Boys) da família dos cuculídeos, com reportório a frisar o medíocre, que insistentemente lá do alto do poleiro, debitam todo o reportório para espantar o melro, e na sua ausência ir por o ovo no seu ninho, que depois o desgraçado irá encubar para dar vida ao intruso malfeitor, que com as asas vai deitar fora do ninho a filharada do melro, por quem passou a vida a trabalhar. Esta é a lei que a mãe natureza nos ditou relacionada com os cucos (sem penas), medíocres (mas) com tempo para chatear, ao contrário dos melros, músicos por excelência (mas) sem tempo para cantar. Com cucos a mais e melros a menos já não há ninhos para albergar tantos depenados que agora se combatem e destroem mutuamente, para bem do equilíbrio deste desastre ecológico com tantos “depenados” que já metem pena.
É claro que estas pragas só alastram com a ajuda da mãozinha de alguma classe política, que por falta de argumentos para esgrimir e defender seja o que for, só com a ajuda da carteira do freguês que tem ao seu dispor, é que conseguem dissimular a incompetência e a realidade das coisas, oferecendo festa brava e tachos recheados. Quanto a empregos, só no rendimento mínimo para falsear a estatísticas do desemprego, e para que o estrangeiro de fora, veja o empenho dos nossos governantes (coitadinhos) que fazem o sacrifício de Governar com salários que nem ultrapassam os 10 mínimos nacionais, com mais três mínimos para ajudas de custo, viatura com “chauffeur”, alojamento etc., etc. Neste etc. Podemos incluir os descontos para a caixa, que num mês contam dois, seguros, uso e porte de arma “e o diabo a quatro”; se isto não é ter amor pelo freguês, fico com serias dúvidas, o que será o verdadeiro amor.
Tal como o melro necessita da silvaria, eu necessito de relembrar aqui o Tio Chico, amigo do seu amigo que (sobre) vivia da sua pensão, era homem de pouca letra, inteligente e nunca dispensava o burro como meio de transporte de eleição. “Perito” em burricadas, dizia nunca ter visto um burro converter-se em cavalo de corrida. Em todas que participou (com burros), só uma vez conseguiu chegar á meta, mas teve de usar a táctica da cenoura: trata-se de atar uma “guita” na ponta da vara, uma cenoura na ponta da “guita”, por a cenoura dois palmos á frente do burro, e sabendo que esta tralha só avança se sentir que á algo para trincar, lá vai avançando até ao destino pretendido, só que a táctica é de tal maneira dispendiosa que não há cenoural que resista para saciar o apetite de toda esta Burricada. Mais em conta ficaria a táctica da pimenta picante, que o Tio Chico não usa não sei porquê.
Desculpem lá, o prosaico terra-a-terra e trivial em que este assunto se transformou. Mas que querem? A vida é assim mesmo. Desta vez safou-se o Burro, e sairemos nós com o OF-deguines a arder! E para ou cucos acabou-se a Primavera.”Voilá”.

Alto, parem o baile!

          (01/09/2000)
Sinto cada vez mais saudades dos teus monólogos, “Neca Rafael. Saudosista sem dúvida, mas com força suficiente para fazer ressuscitar um morto.
Ainda estou a ver-te na Eira dos Canastros, quando deixaste cair a vara no tocador e ordenaste:”Alto, parem o baile que apalparam os peitos á minha filha.
Hoje é tudo mais liberal, vira-se de casaca com mais facilidade, e no que toca a apalpansos, já nem as jóias de família estão a salvo. Cá na terra, machos e fêmeas seguem com frenética pedalada os critérios de convergência, estamos integrados na vanguarda no que toca a partos de menores e abortos clandestinos. Se a nossa economia fossa equiparável á nossa sexologia, ninguém nos arredaria do Plutão da frente. Uma pouca-vergonha Neca.
Até os casamentos de altar se fazem mais por decoração que por devoção: é um “private show” e um pretexto dos ricos para comparar o poder terral com o celestial. Os remediados para reafirmar a sua existência nas longas filas do paraíso, e os pobres para um pequeno buzinão, entre a introdução das alianças e demais introdutórias usanças.
Por cá a coisa anda bastante baralhada. O Jorge Sampaio vai ser reeleito, cumpriu displicentemente o mandato sem uma nesga de iniciativa, talvez hipnotizado pelo cheiro da rosa, dizem as más-línguas que anda em pré campanha á mais de um ano, sem ter anunciado a recandidatura. É com esta elegância toda que somos tratados cá na Terra, Neca.
O boletim Municipal, já vai na quarta edição, com meia dúzia de obras em meia dúzia de meses, com varias delas em várias Freguesias, e outras sem variedades nenhumas. Nos textos do Boletim só falta prometerem de levar os ceguinhos ao cinema, de resto não passa de um álbum de família “numerosa” no qual só falta fotografar os mandantes dentro da “casinha”- “naquele local solitário/ onde a vergonha se acaba/ onde todo o cobarde faz força / e onde todo o valente se caga”!
Inaugurou-se também o centro coordenador de transportes que foi construído no tempo em que se vivia de pão e laranjas, antes de passar a viver do cheiro de rosas artificiais por falta de jardineiros.
O quartel de Bombeiros está a crescer a bom ritmo, só falta pagar o terreno ao dono que o vendia por pouco mais de 20.000 contos, mas os mandantes acharam o negócio caro e vão ter de pagar agora perto de 80.000, o que até nem é caro: quem tiver 160.000 ainda fica com metade!..
As nossas termas continuam fechadas, a única actividade de realce que vi nas Caldas foi a vender febras e sardinhas assadas na festa das Comunidades: sabes Neca, do tipo “Pernetas” o taberneiro que tantas vezes nos matou a fome nas noitadas das romarias.
Há quem afirme a pés juntos que uns reguilas lá de cima querem promover as termas deles á custa das nossas, e por isso vão entretendo o nosso “Zé das passarelas” que mais parece a Cláudia Shifer a desfilar nas fiadas, espadeladas, festas e romarias, baptizados, bodas e funerais, enquanto a nossa economia vai evacuando direitinha para a “ETAR” do rio Minho que um dia (se deus quiser) será  construída.
Da Europa chegam milhões a rodos para distribuir pelos pobres cá da Terra, que continuam a mendigar e a encher a escadaria da Sr.ª da Peneda, que me deixa bastante baralhado.
Tu, que de cima vês isto de outra dimensão, diz-me se isto não te parece uma “Barrela”, daquelas que fazíamos ao Chapa-Lisa, aquele sujeito de maus fígados, sempre teso que só servia para fazer fretes, o sem vergonha que lavava a “ferramenta” com areia na margem do rio, e que em vez de cantar “água fresca da ribeira”, debitava verdadeiras rajadas de insultos, que até punham em causa a dignidade das nossas mães.
Por falar de rio, parece que vão construir uma barragem no rio Mouro. Uns senhores lá do sul, bem relacionados com os mandantes cá da terra, parece que estão a preparar-se para fazer-nos o favor do nos vender a nossa água.
Diz-me se consegues sintonizar a rádio local, para ouvir o programa de propaganda da Câmara, “Monção para os Monçanenses”, com cheiro a mofo do “Orgulhosamente sós”, não sei se os turistas se vão recordar do velho que “ditava” antes de cair da abençoada cadeira.
Acharás estranho de ter pensado em ti, é porque cá na Terra já todo mundo anda de cara à “Nca-Rafael”, só que ainda ninguém teve a tua coragem para deixar cair a vara nos “cantadores” e ordenar que parem o baile, porque apalpadelas ás claras já é coisa que não se usa.
Um abraço também para a Maria, até breve.