(01/08/2010)
Sempre desconfiei dos políticos com “inteligência” acima da média, capazes de formar-se sem por os pés na universidade, com tiques de roer a corda logo que chegam ao poder e que à primeira oportunidade se enrolam com “farinha do mesmo saco”, (que a rói mesmo antes de lá chegar) numa união de facto digna de um Romeu e Julieta com separação de bens, mas que nos obriga a separar-nos dos nossos.
Agora que o Benfica dobrou as bandeiras, o Papa terminou a visita á Lusitânia, e a Selecção de futebol regressou (do Safari em África), ainda a tempo de assistir á abertura da garrafa de ketchup, e ver transformar-se os golos prometidos em prémios de cento e cinquenta mil contos para o seleccionador e de vinte mil contos para cada jogador incluindo um tal de Zé Castro que nem chegou a desfazer as malas, enquanto nós, o Lusitano de gema, pobrete mas alegrete vai ter de substituir as vuvuzelas pelas goelas para contestar contra o aumento do I V A, com percentagem igual, para o pão e leite, caviar e champanhe francesa, (cujos preços já andavam pela hora da morte) e contra as portagens das SCUT, e ainda contra o corte (para alem das pernas) no rendimento mínimo, subsidio de desemprego, complemento solidário para idosos, apoio a deficientes, nas pensões, nos salários, e na dedução com a saúde e educação e ainda no aumento do IRS e IRC.
Agora, já tenho sérias dúvidas se a mensagem de esperança de Bento XVI vai conseguir superar a desesperança em que esta parelha nos colocou, agarrados á nossa fé a rezar para que percebam que a Lusitânia é fértil em terra, mar, e sol a brilhar, mas que precisa de trabalhar, e que a resolução da crise não está na espoliação de valores materiais a quem já foi (descaradamente) espoliado, mas sim na sementeira de valores morais, que dificilmente dará seus frutos, invadida por más companhias e ervas daninhas que alastram, contaminam e destroem tudo em seu redor.
Tinha razão o velho pescador de “Verão Azul” quando dizia: foge sempre das más companhias! e quando o adolescente lhe perguntou como poderia ele identifica-las, respondeu: são as que querem levar-te para os caminhos ilusórios da vida, cujo destino será sempre o abismo.
Hoje seriam necessários vários Vitores Hugo para reescrever “OS MISERAVEIS”, estes reciclados em caixeiros-viajantes, portadores de ilusões e de Magalhães, como quem leva amendoins ao jardim zoológico para guilhotinar e destruir mentes de crianças em formação, criar nelas vícios que chegam como viajantes, visitam-nas como hospedes e ficam sempre como donos da casa, para de seguida serem largadas as feras, na selva da vida, sem perceber que tudo tem o seu inicio a Somar (as receitas), Subtrair (as despesas), Multiplicar (os lucros) para depois poder Dividir. Se na teoria o Magalhães dividir dez peras por cinco crianças, tocam duas a cada uma: se na realidade a pereira não produzir peras, não toca nenhuma e a conta está errada. Poderão estas regras ser consideradas prosaicas ou primárias, o certo é que são as únicas. Qualquer outra engenharia financeira com as equações resolvidas e janelas abertas a indicar-nos os nossos direitos, são como a pereira sem peras que de nada valem ao omitir uma visita cuidadosa à janela dos nossos deveres.
Já convivi, paredes meias com varias crises: algumas delas a preto e branco. Quando se falava de fome era mesmo fome de estômago aflito e não se confundia a falta de trabalho com a falta de vontade de trabalhar. Seis pessoas em seis horas semeavam terra suficiente para dar pão durante seis meses a seis famílias. Hoje, para estagiar o nada que se aprendeu nas (estafadas) novas oportunidades, põe-se vinte pessoas, (iludidas e enganadas) a raspar canteiros de vinte metros quadrados durante um mês, como que, para lhes indicar o fim da remuneração e o caminho para o inferno do desemprego. Deveriam os oportunistas e culpados saber transformar a crise em verdadeiras oportunidades, os problemas em possibilidades, as situações em soluções e acções, em vez de ilusões e lamentações: o sonho só será um sonho, se lutarmos para alcança-lo, senão tornar-se há um pesadelo.
Esta crise Lusitana é mais da falta de juízo, vergonha e de gente capaz de por isto a funcionar, com coragem para ajudar quem precisa, que luta e quer levantar-se e empurrar de uma vez por todas os parasitas que querem cair. Nunca o provérbio chinês esteve tão actual. Não ofereças o peixe, oferece a cana e ensina a pescar! Pelas crises que passei não adiantava contemplar a mesa do orçamento familiar ou do estado, não havia mesmo nada para comer, e nem as fronteiras fechadas a sete chaves impediram de procurar noutras paragens um melhor aconchego para o estômago e para a dignidade. Hoje com esta crise mais colorida de “rosa” ninguém arreda pé mesmo com as fronteiras escancaradas, enquanto a mesa do orçamento do estado e familiar estiverem recheadas de sacrifícios de muitos progenitores e contribuintes resistentes, que continuam a ser esfolhados vivos pelas vítimas do sistema que já não vêem outro futuro senão o que as más companhias lhe oferecem em troca da permanência no controlo do poder.
Esta é uma crise económica, mas ninguém tem dúvidas que o epicentro deste terramoto teve início numa enorme crise de valores. No meu tempo de criança o Pai Natal andava sempre falido, raramente passava e quando o fazia deixava uma prendazinha com a recomendação de a estimar até à próxima visita. Agora, em cada Natal há um Banco falido antes de o “Pai”visitar a “filharada” para lhes deixar meia dúzia de prendas às quais não dão nenhum valor enquanto existir mais um Banco para falir. No meu tempo de aluno “relâmpago”, no parque de estacionamento da Escola, estacionava o carro do Professor: agora o Professor vai de bicicleta (a pedalar) para “descolesterolisar” e os alunos vão de popó, ocupam o estacionamento e os passeios, não há por onde passar. No meu tempo de “namoradeiro”, nós os pobres íamos à romaria a pé, os remediados de autocarro e os ricos iam todos enlatados na mesma viatura: agora a mãe leva um popó enquanto o pai fica a “lamber” e a lavar os pratos (isto agora é assim) depois o pai leva outro e os filhos, levam cada um o seu acompanhados das respectivas “metades caras”. No caminho da vida há que acelerar ou travar segundo as dificuldades do percurso. É claro que com estas crises de “vacas “ gordas temos sempre a tentação a ganhar hábitos e vícios que mais tarde ou mais cedo teremos que abandonar para não por em risco a saúde da nossa carteira. É que, QUEM COME CABRITOS E CABRAS NÂO TEM, DE ONDE É QUE LHE VEM? Tenho muita pena, mas isto já lá não vai com as orações e as tácticas do Jesus de Nazaré: a dar a outra face; Vamos ser obrigados a optar pelas tácticas do Jesus do Benfica e pô-los a correr a dobrar. É que, para viver basta um pouco de vida, para fazer algo de útil na vida é preciso muito mais.
Continuemos a dizer às Agencias de RATING que vão mandar recados lá para a terra deles. Cá na Lusitânia mandam os santos populares e as “NOIVAS de SANTO ANTONIO”. Siga a rusga!
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