domingo, 29 de janeiro de 2012

Porque elas casam!

(15/08/2011)
Estou consciente dos sarilhos em que me vou meter, quando este escrito for publicado. Seria preferível, o Sr. director do jornal, desencorajar-me e dar-me a entender que o meu escrito não encaixa com a linha editorial do quinzenário, e assim poupar-me de uma dieta a pão e água, durante o tempo que só Deus pode prever. Só que, “quem não se sente, não é filho de boa gente”, e queria em plena solidariedade com os “compatriotas”, começar a serrar fileiras para não cair na armadilha “delas” e evitar o risco de nem sequer conseguirmos cumprir o prazo de garantia.
Vem isto a propósito, de há dias ter conversado com um casal de meia-idade, ela muito bem conservada, merecedora de nota positiva, e ele (como muitos de nós) por quem a natureza passou sem dar confiança, e teria ganho, de ter accionado uma providência cautelar contra a progenitora, antes de o mandar cá para fora fazer este espectáculo. Enfim, parecia ter fugido das unhas do diabo. Adivinhavam-se-lhe meia dúzia de neurónios, cuja maioria descansava, a ganhar forças para o turno seguinte. Por mais voltas e reviravoltas que dei, a cabeça não conseguia entender o que uma senhora de tão delicado e fino “trato,”fazia com um “tamanco” daqueles. Diz-se que o amor é cego, mas caramba, tudo tem os seus limites!
Andei dias a fio a matutar no assunto, ao ponto de recorrer ao guia dos grandes pensadores no qual encontrei uma teoria do Mozart, que (de todo), não me desagradou. Dizia o pensador, que as ideias surgem sempre depois de um bom jantar, e quando não se consegue dormir. Providenciei (então) para o efeito, uma feijoada à transmontana e uma caneca da pipa “nova”, para afastar o sono, da interferência, na linha de pensamento.
A teoria começava a dar frutos. Mas antes de focar o fio condutor no objectivo final, para entender, “PORQUE ELAS CASAM”, tinha de encontrar a razão da longevidade da vida “delas”, que ultrapassa a nossa em mais de vinte primaveras.
Ainda poderia compreender-se se a principal causa da nossa morte, fosse por exemplo a do cancro da próstata, ou então uma qualquer trombose das veias penianas, porque de outra forma não dá para entender; com mais ou menos “pistão”, o motor é rigorosamente da mesma linha de fabrico.
Depois de várias pesquisas feitas, pelos senhores entendidos no comportamento “delas”, concluiu-se que (as reguilas) nunca curtiram uma boa relação com o mercado do trabalho, e desde sempre entenderam que o trabalho cansa, e que quem o inventou não deve ser grande espingarda. Portanto, sabendo “elas” que uma “roda só não anda”, é indispensável uma companhia que cumpra os requisitos (incluindo os do Rex), para lhes proporcionar uma “vidinha” agradável, e que compreenda logo á primeira, que elas se deitam sempre com dores de cabeça, o que lhe permite chegar a idade da reforma, em estado aceitável de conservação, e com “liquides” suficiente para continuar depois, a “curti-la” a solo, já que o  “compagnon de route” mal cumpriu o prazo de validade.
Na verdade, elas são mesmo umas “santinhas”: é vê-las atenciosas e dedicadas nas suas recomendações, restrições e prevenções. Por exemplo: não fumar, não jogar, não gastar, trabalhar e não beber, dá saúde e faz crescer; pelo menos até cumprir os objectivos de, com a poupança das “nossas”restrições poderem frequentar o cabeleireiro, o ginásio, as lojas de moda e derivados, mas sobretudo não lhes fazer a “desfeita” de batermos a bota antes de cumprir os trinta e cinco anos de desconto para a caixa.
Enquanto temos apetite, para comer em casa e na casa alheia, açaimam-nos com trela curta, que nem a boca podemos abrir para cumprimentar a vizinha do lado, mas quando um “gajo”, já só lê ao longe, mija ao perto, e não consegue arrastar as botas, lá vem elas exigir a exibição da nossa virilidade: Homem que não fuma três maços não é homem (é para antecipar a ida para os anjinhos, através dos pulmões); macho, é o que emborca duas garrafas de bagaço caseiro diárias, (que também encurtam a distancia para o Céu, através do fígado); homem sem amantes não tem cota no mercado, (o viagra também é passaporte certo para o Paraíso, com ou sem regresso); o preservativo é como mascar uma pastilha elástica com o embrulho, (a sida também apressa o reencontro com o criador); usar capacete na obra, é para os “copitos de leite” que parecem as mulheres no cabeleireiro; ir ao médico? Isso passa! Se não fases ultrapassagens nas curvas, és um “fraquinho” descartável. Enfim, elas têm tudo planeado num rosário de soluções, para que não haja grande discrepância de tempo entre o pedido da reforma e a visita do cangalheiro.
Elas gostam de nos ver armados em cucos, e prisioneiros da nossa própria fanfarronice. Está na altura de cerrar fileiras e acordar. Elas, há muito que perceberam a jogada, e nós nem damos por isso. Mesmo quando nos dizem que gostam deles á moda antiga; que mudem de gostos. Se vamos na ladaínha delas, continuamos a cair que nem tordos.
Se alguém lhe afirmar que as mulheres são uns anjos, só pode estar a fazer uso da ironia, porque os anjos estão no Céu, e cá na Terra esse verbo não se conjuga, pelo menos com o feminino; basta olhar para a sogra, e ver ali sem tirar nem por, o que vai ser a nossa cara-metade, que em boa ou má hora levamos ao altar. Já algum dia ouviu dizer, que as senhoras que lá temos em casa, nos aquecem os pés quando embicarem que não haviam de o fazer? E ainda por cima, muitas vezes com a infinita e evangélica compaixão, aceitamos as coisas como elas são, e dedicamos-lhe todo o zelo como se da Barbara Guimarães se tratasse, sabendo que as “desse calibre” são como as imagens da National Geographic: é só para contemplar sem nunca poder tocar.
Ao contrário do que pensávamos, elas nunca compram nada para nos agradar. As compras destinam-se basicamente a fazer ver às amigas, que não são nenhumas tesas, e que o lorpa do marido pode perfeitamente arrotar os cinquenta contos, “com língua de palmo e meio”, que é cumprimento da saia que ela acabou decomprar.
Qualquer cedência (companheiros), é cair na esparrela e a morte do artista. Começamos por arrumar as gavetas das cuecas, e acabamos sem saber ler e escrever, a sacudir tapetes e a passar a roupa a ferro. Ao tentar levantar as orelhas, já é tarde demais.
Só agora percebi a origem do provérbio popular: “Elas não matam mas moem”, mas não vou cair na bacoquice de dizer que são elas que nos moem antes de cumprir o prazo de validade.
Enfim, valham-nos as abençoadas férias; com tantas restrições, adivinha-se uma “rentreé” muito complicada!

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