domingo, 29 de janeiro de 2012

Negócios da China!

(01/01/2011)
A televisão transmitia imagens de um tanque de guerra que parecia atropelar um jovem. Não se tratava da cena de um qualquer filme da especialidade. Eram imagens reais que chegavam da praça de Tiananmem na China na noite de três para quatro de Junho de 1989 numa manifestação a favor da democracia que foi reprimida sangrentamente com cem mortos segundo as autoridades e dois mil segundo os manifestantes.
Esta notícia, provocou a proliferação de comentadores, moralistas e fazedores de opinião a ocupar tudo quanto era palcos, palanques, púlpitos, e mesas redondas a disputar audiências com a novela, “A Tieta do Agreste”, num discurso de “incontinência” verbal, a dizer dos (comunistas) chineses o que o diabo não diz da cruz. Só faltava acusa-los de “comer criancinhas”, e de passarem a vida a pedalar para os salários de miséria.
Só que, enquanto eles pedalavam para subir a rampa do progresso a caminho do desenvolvimento e do futuro, nós descíamos a rampa em roda livre a caminho dos bancos, onde toda a “boa gente” se encontrava à procura da felicidade prometida. Os “grandes” eram recebidos em privado para se endividar em nome do povo, enquanto o povo fazia fila ao balcão, com a página da revista cor-de-rosa na mão, que mais parecia o testamento (do tio americano) a oferecer-nos o carro novo, a nova casa e as ferias à sombra dos coqueiros, e a garantia de tudo isso ser pago no dia de “São Nunca” à tarde. A surpresa foi quando o dia de “São Nunca” resolveu vir mais cedo para nos por a pedalar a caminho da sopa dos pobres, e a desmascarar a nossa velhacaria de católicos “praticantes”, que um dia aprovamos a lei do aborto e do casamento gay, e no dia seguinte estendemos o tapete ao Santo Padre (o todo poderoso) para nos creditar na conta corrente algumas “indulgências” a fim de nos facilitar o caminho do Céu, e com “devoção” mais terrena estendemos o mesmo tapete ao Chinês Hu Jintao (o todo poderosíssimo) para nos creditar na mesma conta alguns (yuan) euros, a fim de dar uma ajudinha a calcorrear os caminhos lamacentos cá na Terra.
As voltas que o Mundo dá!.. Já nem o facto de (Liu Xiaobo) o Premio Nobel da Paz não poder receber o seu galardão em liberdade, incomoda os moralistas. Havendo “pasta” à vista, já ninguém se importa de ser “comido”.
Agora que vendemos os dedos e os anéis, e que a vergonha (ou a falta dela) nos impede de “vender” a avó; passamos a vender a divida publica, (ou lá o que isso quer dizer). Os Franceses venderam e pagaram alguma divida, com cento e vinte aviões Airbus. Nós vamos pagar o “calote” com o azeite Galo e a bolacha Maria, a não ser que o Sr. Chinês desconfie da nossa “religiosidade” e prefira algo de mais palpável, tal como Bancos (sem buracos) a E D P, Aeroportos, Portos Marítimos, a P T, C P, Galpe etc. Enfim: valha-nos (pelo menos) o Santuário de Fátima para rezar pela nossa soberania, cada vez menos soberana!
Quem vem do tempo em que o “disco virava” e o Lucky Luke fumava, sabe que isto já não endireita com remodelações, uniões ou eleições; a melodia é sempre a mesma. Já que o “Dr. Oliveira” não volta para por esta ladroagem toda na cadeia, que venha o F M I avisar esta gente, que não é mais possível viverem descaradamente com salários de milhões, iates, montes no Alentejo e comissões, à custa dos enteados de Abril, (que vivem com tostões) escorraçados da Pátria (do coração) e obrigados a emigrar (outra vez) com a mala de cartão, antes que os Blindados encomendados para a cimeira da NATO comessem a mostrar serviço e o verdadeiro objectivo para que foram comprados. Se alguém tiver duvidas e queira arriscar, que atire a primeira “pedra”!
Só vejo uma solução, para sair deste atoleiro. Deveríamos aproveitar o momento de o governo Chinês andar ás compras, e em vez de vender-lhe a dívida pública, vender-lhe os nossos políticos, em troca de governantes Chineses que ponham “isto” a pedalar, nem que tenhamos que por “algum”do nosso bolso! Estou certo, que passado meio mandato, já estaríamos a ganhar e com as contas niveladas. É claro que ficariam muitos órfãos a chorar, sem teta para mamar, teriam que perder as saudades da chucha, e habituar-se à desmama, a pedalar.
Este seria o negócio da China. Os políticos Chineses que passam a vida a trabalhar e os nossos a festejar, teriam o entretenimento que precisam! Tal como, mais magustos, mais passeios organizados de cama, mesa e cantoria à desgarrada, teriam mais jantares de fim de ano (velho) e inicio de ano (novo), mais festas de aniversário no estrangeiro, mais jantares de estação do ano, de mês, e até “diárias”, ao nível da mais requintada comissão de festas. 
O que está a acontecer, não andará muito longe de uma maldição ou o castigo de andar-mos de cócoras há décadas, a venerar políticos de fraca bitola, (com paninhos quentes, luvas de pelica, e falinhas mansas), que não fazem ideia, o que é governar, esbanjam o mealheiro para reinar e quando batem no fundo do mealheiro, assaltam os salários de quem anda a trabalhar. Isto só pode mudar, quando o eleitor, em vez de aplaudir o político na inauguração, for capaz de avaliar a obra e o seu custo e por o político na prisão, porque é nestas “benfeitorias” que estão (mascaradas) as malfeitorias que fazem de nós eternos candidatos à esmola do cabaz de “Natal”, em troca da sua reeleição. Enfim, tudo não passa de um negócio entre pedintes. Com gestores assim, nenhuma empresa privava sobreviveria mais de uma semana, e quem aceita “isto” à frente do nosso destino, não pode (depois) queixar-se de andar de mão estendida pelas ruas da amargura, como há muito previa Guerra Junqueiro, que nos via assim: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, que nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante (…) Uma burguesia cívica e politicamente corrupta até à medula, que não discrimina o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia”…
O pior, é que passadas tantas décadas, o meu amigo (que voltou de Lisboa sem fortuna, mas com a alcunha de “Alfacinha Cantador”), continua a cantar: “Meninas” do bairro alto / que fazeis ao que ganhais / trazeis vossos pais descalços / nem uns tamancos lhe dais (…) Os gatinhos abre os olhos / dias depois de nascer / nós andamos a vida toda / ceguinhos até morrer…”
Agora que nada escapa aos olhos de Deus (no Céu) e aos olhos do Australiano, Julian Assange, fundador da Wikileaks (na terra): o nosso mundo contínua (alegremente) limitado a um palmo á frente do nariz!

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