sábado, 21 de janeiro de 2012

Vontade lhe seja feita!

(15/09/2010)
Falou, está falado: A “senhora” não permite mais chumbos nas escolas Lusitanas! Quando ouvi a notícia, aplaudi energicamente como se de um golo (de letra) se tratasse marcado pelo avançado do meu clube. Mas quando percebi que a notícia tentava impingir-me a comparação com a Noruega, a Dinamarca, Finlândia e Suécia (fiquei triste) e tive a sensação de ver o golo anulado por fora de jogo.
Tais medidas só serão entendíveis se percebermos que são tomadas por pessoas formadas nos anos em que um Senhor-que-mandava-na-gente (também conhecido pelo picareta falante) ficou apaixonado pela educação ao ponto de decretar (logo de pancada) um brinde de dois pontos para cada aluno, cujos beneficiários agora no activo (e donos do nosso pobre destino) vem mimar-nos com estas medidas que só eles poderão entender. É “sabido” que as paixões têm curta duração e terminam sempre em asneira. Aqui também se cumpriu a regra. A coisa começou a desafinar quando os alunos de nota zero passaram de imediato a “ver-se” dez por cento e dois pontos menos burros do que os orelhudos em vias de extinção.
Os outros (não-burros) de cem por cento e nota vinte, (embora em pequena quantidade), ficaram todos baralhados com a burrice dos números vindos do “apaixonado”  que complicou todos os conceitos ao demonstrarem que o valor máximo de vinte valores poderia ser de vinte e dois e que a percentagem de cem chegava aos cento e dez.
Encarando o caso por outra perspectiva, seria como dizer-se (em linguagem paroquiana) que em cada vinte Lusitanos (dessa fornada) poderiam existir vinte e dois burros.
Quando questionado com esta embrulhada, (o apaixonado) respondeu com a frase de lapidar, que até hoje fica gravada na memória: BOM, É SO FAZER AS CONTAS. Mas como as contas saíram todas furadas, o homem pôs-se na “alheta” deixando a vaga para os sucessores (da tanga) que apenas se serviram do lugar para reservar o bilhete com destino das férias em Bruxelas, enquanto nós (os orelhudos) não podemos afastar-nos da barraca mais de cinquenta metros, (por falta de liquidez) continuamos a batalhar e estrebuchar para conseguir manter a cabeça fora do pântano em que esta gente nos meteu.
Voltando ao assunto, a Senhora, devera ter “alunado”, e portanto ausente da realidade terrestre à uma eternidade! Deveria estar informada que os Países que pretendem imitar estão dotados de dirigentes formados sem brindes nem facilitismos, cujas cabeças absorveram o chumbo todo, deixando as escolas sem possibilidade de chumbar os alunos, os quais depois de formados poderão voar sem chumbo na asa ao contrário dos nossos que voam à deriva sem possibilidade de (nunca) encontrar o seu destino.
À primeira vista, a Senhora não tem nada de “Sueca”! Mas se arriscar a comparação do ensino do seu planeta com o dos Suecos, poderá faze-lo e candidatar-se à maior vergonha da sua vida. Por aquelas bandas não se perde tempo com frases feitas; as reformas na educação não tem o mesmo calendário das eleições, são alérgicas as estatísticas e não tem o mesmo horário das vistosas manchetes nem da abertura dos telejornais. Por lá ensina-se, aprende-se, estuda-se, ponto final paragrafo. Valoriza-se a escola de proximidade, valoriza-se os Professores ao ponto de serem considerados parte da família dos seus alunos que acompanham durante seis anos. As turmas do ensino básico não ultrapassam os doze alunos e no secundário fica-se entre os oito e os dez. Mais de metade das escolas básicas são tão pequenas que para formar uma turma são necessários alunos de várias idades. As escolas de referência funcionam com quatro turmas e sempre com menos de cinquenta alunos no total. Os alunos com dificuldades não precisam de pagar explicações, são ajudados até ao último “til” para seguir em frente nos seus estudos.
As escolas de referência escandinavas, são para a Senhora escolas de fracasso, como a vergonha do encerramento das escolas de Merufe e Riba de Mouro com perto de cem alunos. Ainda hoje são caso único no País. Este ano lectivo, tentaram ditar a mesma sorte a uma escola idêntica no Toural em Bragança, mas tiveram azar, porque ali, o Agrupamento e a Câmara  estavam do lado dos pais a dar força e contestar a uma só voz para conseguir manter a escola aberta e preservar o símbolo do progresso e a garantia da não desertificação daquela Freguesia. Em Merufe e Riba de Mouro, os pais foram abandonados à sua sorte ao ponto de verem os seus filhos partir de camioneta a caminho dos mega-agrupamentos ou “amontoamentos”onde é impossível, Ensinar, Estudar, Aprender, Brincar, Alimentar ou Descansar.
A cinco de Outubro, ao meio dia, serão inauguradas mais cem escolas. A garantia que no próximo ano lectivo outras tantas serão encerradas. Deveria a Senhora converter as escolas (agora) abandonadas em lares de terceira idade e capelas mortuárias para que não haja nenhumas dúvidas do destino que foi traçado para o futuro dessas freguesias. A MORTE. Estas trapalhadas são o resultado dos facilitismos que não fazem dos burros menos burros, mas fazem com que as estatísticas não mostrem através dos números reveladores a dimensão da sua burrice.
Todos sabemos que as estatísticas servem para isso mesmo, para nos enganar a nós próprios e para demonstrar aquilo que a gente quiser. Conhecemos bem os exemplos clássicos: o do fulano que se afogou num rio que tinha em média sete centímetros de fundo….ou o dos dois compadres que vão ao restaurante, pedem um frango, um deles comeu o frango todo, o outro ficou de barriga a dar horas e depois estatisticamente foi provado que cada um deles comeu metade do frango.
                Enquanto esperamos (mumificados) que passem meia dúzia de gerações para chegar aos calcanhares do ensino Escandinavo, deveria a senhora assinar uma aliança com os seus homólogos do ensino Marroquino, pelo menos, sairíamos da escola habilitados a andar com a tenda ás costas para vender tapetes e relógios de “marca”, o que seria menos humilhante de que mandar os licenciados estagiar para as novas oportunidades ou mendigar nas filas dos centros de (des) emprego.
Enfim, desnecessários serão outros exemplos; os Lusitanos os conhecem todos, acham que isto anda muito mal, mas ninguém mexe uma palha para melhorar. Não havendo palha mexida é evidente que os Senhores-que-mandam-na-gente, fazem de nós cada vez mais burros, e continuam (há meio século) a delapidar a Lusitânia, ao ponto de agora não terem capacidade para prestar-nos os serviços mínimos que (pagamos) e temos direito. Para compensar a delapidação, fecham-se as escolas de dez, de vinte, de cinquenta, de duzentos, de quinhentos, soltam-se os pedófilos, fecham-se os centros de saúde, e (quem vier atrás que feche a porta), enquanto nós andamos a discutir, muito alarmados a “desgraça” do stress-pós-ferias cujos felizardos se queixam de terem que voltar ao trabalho, ignorando com desprezo, os seiscentos mil desempregados sem (bronze) e sem férias, que andam stressados o ano todo.
Se tal mudança no ensino viesse a acontecer, ao ponto de nos transformar em Lusitános-Suecos, a nova geração iria provocar tensões e complexos de inferioridade nos actuais Senhores Doutores burros quando os novos Senhores Doutores cultos entrassem na vida activa.
Por isso será recomendável não mexer muito na “coisa”, e deixa-la tal como está. Todos burros, velhos e novos. É muito mais democrático. Viva a democracia Lusitana!

Sem comentários: